quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O debate com base em propostas políticas

1. O candidato Vítor Freitas defende uma nova Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa Regional. Pode-se concordar ou não concordar. Temos é que tomar uma posição política em relação a isso, debatê-la em si mesma e nas aspectos políticos que ela envolve. Os apoiantes das duas candidaturas, apoiantes quer do camarada Vítor Freitas, quer do camarada Jacinto Serrão, devem fazê-lo. As divergências e as convergências só enriquecem o debate e contribuem para a coesão do Partido.

2. Outros blogonautas têm-se envolvido na disputa interna do PS para a liderança. Vamos admitir, e é um facto, que a liderança de um Partido não diz respeito apenas aos militantes desse partido mas a todos os cidadãos. Contudo, a forma como esses blogonautas o têm feito não na base da divergência ideológica ou programática, mas, quase sempre, na base do insulto e, pior ainda, insinuando que o debate entre os socialistas seriam apenas questões pessoais e até difamatórias entre eles denuncia que não querem debater mas desmerecer os seus adversários. Sinceramente, não tendo começado da melhor forma, isto é, não se centrando exclusivamente nos argumentos ad hominem, chegou a passar por lá, mas, logo logo, a trajectória foi colocada nos pontos programáticos, e não vi a tal intenção de ofensa deliberada e difamatória. Ataques pessoais, temos visto, isso sim, nesses blogonautas.
A falta de debate de ideias e centrada na desvalorização pessoal do adversário, própria de regimes totalitárias e não de regimes democráticos tem sido o seu método. Compreende-se, os mestres onde se inspiram não ajudam nada... Portanto, querem participar, participem, mas façam-no segundo as regras do debate democrático. Está na altura de todos contribuirem para a pedagogia democrática. Sei que, para alguns isso é difícil, mas é bom que se habituem, porque, mais tarde ou mais cedo, e tendo em conta que alguns desses blogonautas são sociais-democratas, isto é, simpatizantes ou militantes do PSD, chegará o inevitável momento da substituição do líder histórico do PSD-M. Para não falar na constante pugna eleitoral do PSD nacional.
Eu gosto muito do humor na política, da crítica corrosiva, até da análise sarcástica, mas isso não pode ser um pretexto para o impropério, a invectica o insulto e, no fundo, muitas vezes, para disfarçar a falta de ideias ou de hábito do confronto de pontos de vista. A ofensa pessoal gratuita, revela, aliás, uma visão maniqueísta, herdeira de uma cultura salazarenta, de que os bons, os sábios, os honestos são do nosso partido; os outros são o contrário disto. Alguns, pelo seu nível etário, podem não se aperceber disso, mas é dessa lógica que os seus argumentos estão imbuídos. Com essa cultura, muitos portugueses foram parar ao exílio e à prisão só porque faziam parte dos "maus" portugueses que não pensavam como Salazar. É dessa cultura que vem o epíteto de os "maus" madeirenses" da Oposição, e os "bons" madeirenses que estão com o Governo. Isso é salazarismo encapatado. Vamos lá ver se, para bem da democracia, e passados tantos anos do fim do salazarismo, iniciamos uma nova etapa.
Debate, sim; insulto, não me interessa. Não terão resposta.

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