segunda-feira, 24 de março de 2008

CASAS DO POVO: A VERDADE SEGUNDO O DIÁRIO: NÃO QUEREM, MAIS FICA!


Diz o Diário de Notícias:
Miguel Silva
Duas verdades
Data: 24-03-2008

Primeira verdade: O PSD domina quase tudo o que mexe nesta terra. As Casas do Povo são um exemplo dessa realidade que todos conhecemos mas alguns fingem não ver. Por isso, nada como por preto no branco Não é que seja crime ou tenha algum mal ser do PSD e dirigir uma Casa do Povo. Mas ser o PSD a dominar quase todas as Casas do Povo fragiliza a nossa democracia.

Segunda verdade: a oposição, salva raras excepções, não está para se chatear com cargos menores, com o das Casas do Povo, que dão trabalho não remunerado e criam obstáculos a quem não é do poder.

Há mais verdades, mas estas duas ajudam a perceber parte do domínio 'laranja'.
Miguel Silva"



Isto é, na mesma edição onde se diz que as Casas do Povo estão todas na mão do PPD e dá exemplos de casos em que a adesão não é aceite - porque essa é a forma de o PPD não perder o controlo, Miguel Silva do Diário, resolve tudo numa penada, e fica a culpa "fifty fifty": o PPD domina, sim senhor, mas a oposição também não está para se chatear com cargos menores não remunerados e [que] criam obstáculos a quem não é poder". Está-se a ver a "independência" deste comentário: o PPD, no fundo, precupa-se com cargos menores não remunerados (nisto, a voz do povo, engana-se, que o que corre é que o PPD perde a cabeça quando cheira a dinheiro, o que é um pensamento injusto do povo, porque há muito gente honesta no PSD, mas o colunista contraria a voz do povo e diz que a oposição não (con)corre porque, no fundo, não cheira a dinheiro), é filantrópico, altruísta e dá-se ao trabalho. No fundo, no fundo, não é "fifty fifty", não: a grande culpada de não haver pluralidade na casa do Povo é da oposição, como sempre, aliás. Já os "tachinhos" de deputado e variador na sequência de ser da casa do povo não põem em causa o altruísmo dos senhores do PPD. E de que é que a oposição não é culpada nesta terra, desde o défice à dívida e ao fraco poder de compra dos madeirenses? É claro que o trabalho está bem feito e mostra a lógica de partido único que domina nesta terra. Mas o Diário de Notícias não podia irritar muito os senhores do poder - ai a publicidade - e divide o mal pelas aldeias. É a suposta "independência" do Diário: uma no cravo outra na ferradura. Quanto à oposição não se querer "chatear", o jornalista não explora o que é essa "chateação" mas devia. Ela significa pressão não só sobre quem se candidata às casas do povo, às juntas, às câmaras, a deputado. Mas é claro que isso é também uma marca do regime e o jornalista não se quer "chatear" porque o PPD depois podia "chatear" o diário e sabe-se lá se a direcção do diário vinha "chatear" o jarnalista e isso era uma grande "chatice". Portanto, o melhor é não se "chatear" muito: fica lá o Diário com a sua conhecida e reconhecida - de ginjeira - "independência" e o PPD com as casas do Povo e faça-lhes bom proveito. Para quê se "chatear" com a qualidade da democracia? Não, não é preciso. A qualidade da Democracia não é importante, o que é mesmo importante é a quantidade da Autonomia. Quando é que vem mais de Lisboa? Que é para a gente não eleger vice-presidentes da Assembleia, e, quem sabe até, deputados da oposição? É uma regra de três simples: quanto mais autonomia, menos democracia, mais poder para o PPD.
Finalmente, e dando razão ao jornalista, o que se passa, de facto, na Madeira em termos de democracia tem um culpado: o PS, ao longo dos anos, em particular e a oposição em geral.

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