segunda-feira, 23 de junho de 2008
A ARROGÂNCIA DOS VENCEDORES
Chama-se a isto não saber ganhar. Sim, é verdade, o PS teve uma derrota que não pode ser escamoteada. Mas o que é que Luís Filipe Malheiro quer dizer com isso: que ficam justificadas todas as trapalhadas que o seu governo tem feita nos últimos tempos? Afinal, tudo dependia de Gaula? Que a vitória de Valentim Loureiro e Isaltino ou de Fátima Felgueiras são fenómenos nacionais? Isso, atenha-se ao significado de Gaula e não aperceba do que se está a passar na Região? O PS foi derrotado em Gaula, mas os votos independentes nem são no PSD nem legitimam o desgoverno do seu Partido na Região. Ou julga que alguém tem dúvidas sobre isso? Devolvo-lhe a mesma ideia irónica: continue com essa visão, continuem a desgovernar assim e hão-de ver... A sua atitude de arrogância confirma a máxima latina: "Vae Victis", ai dos vencidos. Mas também induz, pelo comportamento, a outra máxima latina oposta: "Vae victoribus", ai dos vencedores, que caracteriza o espírito dos que não entendem que certas vitórias são pírricas e escondem aos vencedores o estado calamitoso dos seus exércitos. Vá assim que vai bem. Ou julga que os problemas que afligem os madeirenses e a crise económica que afecta a Região estão ulrapassados com uma vitória pírrica?
Quanto ao PS, não vale pena ignorar o essencial: o velho objectivo do PPD, que tem décadas, de destruir o principal partido da Oposição, paira agora como um abutre cujas garras são alimentadas por candidaturas que hão-de proliferar por toda a Região,apoiadas por meios obscuros, com raízes que todos sabem onde começam... Conheço-o por experiência própria e sei do que falo. E não digo mais nada... A não ser que os que festejam e fomentam a sempre tão desejada e sempre adiada destruição do PS estão a festejar a morte da moribunda Democracia madeirense. Quanto a Luís Filipe Malheiro, se julga que a vitória em Gaula consegue esconder o fumo das labaredas larvares no PSD, pois que se iluda, que se iluda. Repito, prossiga assim, já que, contentes, estão os professores, os funcionários públicos, os agricultores, os pescadores, os trabalhadores da hotelaria, os bancários, os motoristas de táxis, os pequenos comerciantes, os empresários que não comem à mesa do regime, os espoliados [das obras] do regime. Julga que a vitória em Gaula vem resolver os problemas deste exército que vai engrossando como uma torrente imparável? Santa ingenuidade... continue com esse blá, blá, blá, e não entenda que, em democracia, uma vitória ou uma dorrota nunca são definitivas. E que os vendavais, de repente, mudam de rumo... (Bem, eu disse em Democracia, a menos que Luís Filipe Malheiro pense que, na Madeira, não é assim...). Se calhar, vai-se a ver... É isso, com aquela arrogância de mau vencedor, só pode ser.
P. S. - só faltou mesmo a Filipe Malheiro dizer que a vitória em Gaula foi já a consequência da nova liderança de Manuela Ferreira Leite... Ou uma consequência do resultado do referendo na Irlanda, tudo o que lhe lembrasse ele havia de escrever. Ele há cada uma...
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