segunda-feira, 9 de junho de 2008

AINDA O ACORDO ORTOGRÁFICO


Lido no Público de Hoje:

Uma estratégia simples
Rui Tavares
(...)
Vasco Graça Moura, em novo texto contra o acordo ortográfico de novo aprovado pelo Parlamento português, alerta para o risco de estarmos perante \u201Cuma Ota linguística\u201D. É uma comparação absurda mas curiosa: a referência à localização abortada para um novo aeroporto na região de Lisboa vai direitinha para o Presidente da República, que teve um papel crucial nesse processo, e em quem os opositores do acordo ortográfico depositam agora as últimas esperanças.
Se a ideia é dar a entender que o acordo ortográfico seria um erro estratégico como presumivelmente a má localização de um aeroporto, haveria então algo a ganhar em que o Presidente Aníbal Cavaco Silva vetasse agora um acordo ortográfico (que foi em primeiro lugar assinado por um primeiro-ministro cujo nome era: Aníbal Cavaco Silva).
Ao contrário da inconstância e amadorismo que daria aos opositores do acordo esta alegria de última hora, há uma razão para que a estratégia portuguesa em relação ao Brasil tenha sido sempre a mesma. Porque é a estratégia correcta, e tão simples que se resume numa frase: consiste em envolver o Brasil num esforço colectivo de promoção da língua, em que cada país lusófono conta institucionalmente o mesmo.
E tem ainda isto a seu favor: é realmente uma estratégia. Como tal, não se detém no acordo ortográfico. O exemplo das universidades com que comecei demonstra que há muito a fazer. Desde logo, abrir as nossas universidades (reconhecendo por exemplo os graus secundários brasileiros) e usando o prestígio que algumas lá têm, como Coimbra, e os diplomas europeus que elas podem conferir. Vem aí a presidência portuguesa da CPLP, e é preciso pensar o futuro pós-acordo.

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