Na mesma edição em que noticia que a actual câmara de Santa Cruz teve uma execução de 44% da obra prometida, o Diário traz também uma sondagem em que os votos expressos no PSD, partido que governa a câmara, é de 43,9%, podendo atingir valores entre os 49 e os 53 por cento, segundo a projecção. A engrenagem político-partidária, como aqui se diz, e bem, impede, todavia, que essa incumprimento tenha reflexos no resultado eleitoral.
Não vale a pena escamotear as dificuldades próprias atribuindo-as aos outros – refiro-me ao PS – o Concelho, as dissidências, a Região, as eleições antecipadas de 2007, o País, a política de austeridade. A existência de outras candidaturas supostamente na nossa área é óbvio que interfere com os resultados eleitorais.
Posto isto, vejamos os factores exógenos:
1. A engrenagem político-partidária: inaugurações, onde o estado se confunde com o partido. A talho de foice, devo dizer que encaro com estupor as actividades do PND em actos oficiais. E a dificuldade resulta de não saber como me decidir em relação a eles, tendo eu uma concepção institucional e mesmo conservadora do exercício do poder e das suas instituições. Ao estupor das acções do PND, estupor recente, acrescente o enorme estupor, estupor antigo, do PSD e do seu aproveitamento de actos oficiais. Cena lastimável é ver o Presidente da Região Autónoma a aplaudir o uso da palavra de um elemento, chamemos-lhe popular, na balbúrdia daí resultante. É deprimente que o Presidente do Executivo, em cujos mandatos se fez neste território obra física e uma revolução social como nunca se tinha visto até hoje em seis séculos de História, submeter-se àquele vexame, mesmo sabendo que teve meios que mais ninguém teve. E não havia necessidade. E não vou dizer, como tenho visto, que “este não é o meu presidente” – em Democracia não há um presidente para cada um, há um e é de todos, visto que todos participam, directamente ou indirectamente, na sua eleição. E o que é uma eleição em Democracia? É uma assembleia de cidadãos que se reúnem para escolher os seus representantes. Uma vez escolhidos, eles são eleitos por todos, uma vez que todos participaram na sua escolha, mesmo que não tenham votado, o que é diferente, no vencedor. Eu não votei em Cavaco Silva, mas participei na sua escolha, na sua eleição, porque eleição é escolha de um, no caso, entre vários. Logo Cavaco não foi votado por mim, mas eu participei na sua eleição, visto que, ao votar, mesmo em outro candidato, à partida, eu aceitava as regras que era considerar eleito o que tivesse mais de metade dos votos. Evoco aqueles que, tendo votado em Freitas do Amaral, em 1986, andavam nos meses seguintes com uma dístico que dizia: “o meu Presidente é outro” e exibiam-no durante uma visita do Presidente da República, Mário Soares – que os interpelou -, a Trás-os-Montes.
2. A Comunicação Social: a Comunicação Social Pública abre com as inaugurações os serviços noticiosos, dá a campanha, cobertura diária a uma candidatura, e dá destaque a uma candidatura de partido por concelho por dia, resultante que as candidaturas concelhias não chegam a duas durante a campanha eleitoral; o diário de notícias não cobriu, até hoje, terça-feira, nenhuma actividade da candidatura do PS-Santa Cruz, dando cobertura (quase) diária a outra candidatura.
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