Caníssimos irmãos
Poderá um homem ser ladrão sem mesmo roubar? Em verdade vos digo, se cobiçais já pecais, e vós, caníssimos irmãos, mesma sem a ocasião que faz o ladrão, mesmo, graças a Deus, sem o poder que tudo corrompe, já pecastes porque passais a vida a pecar querendo ter o que não lograis. Não vedes os habitantes das terras Laranjaria como nada cobiçam, mesmo sempre havendo o poder, que neles é divino? Não vêdes vós, corruptíssimos irmãos, como eles hão aplicado os imensos fundos que vieram do Impérito e da Nova União? Não vedes como permanecem como foram? Na verdade, os que eram pobres, pobres ficaram; os que pouco haviam, pouco hão; os que nada haviam; nada hão. Mas vós, cobiços por natureza, nada haveis mas tudo quereis; sois como o cão de Pavlov que há-de vir, e salivais com o cabiçais e nada alcançais; e cobiçais tanto que entre vós vos odiais, pensando cada um o que o outro haveria de gamar no caso de o mando destas terras alcançar. Que espectáculo dais vós, perante aquilo que é a angeologia dos domínios da orangia. Não vedes como os Miguéis, os Sousas, os Ramos, os Silvas e todos eles se amam? E como nunca hão levantado suspeitas uns dos outros, nem do governo para as circunscrições das cidades, nem destas para aquele, a não ser quando é míster que se prove que o outro é de mãos puras e imaculadas como a de todos os demais companheiros?
Só em vós reside o pecado que eu vejo. E a virtude mora ao lado, na grande Casa da Lanranjia. Por isso haveis de pecar e gemer na geena da Oposição até ao fim dos tempos!
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