Aquilo que se passou ontem na ALR revela que é necessária uma ruptura estratégica no PS em relação a um passado de submissão à agenda política do PSD. Com remendos ou sem remendos, a actual lei das finanças regionais, a “Lei Maldita”, como doravante passarei a chamá-la, só tem um caminho a seguir: caixote do lixo. E a imagem a que os actuais dirigentes do PS e do GP submeteram ontem os representantes do PS no parlamento é dantesca e deplorável, quais famintos em busca de restos de comida, neste caso de votos, que, nesta circunstância, nem sequer são os votos dos eleitores regionais mas dos eleitores internos. Isso mesmo, esta metáfora assaz violenta, como violento foi o resultado da estratégia seguida na passado, em 2007, e que ameaça prosseguir, exactamente com os mesmos protagonistas, traduz o que se passou. Digamo-lo sem sofismas: a candidatura de Jacinto Serrão precisava daquele haraquiri para demarcar-se do seu passado e nessa manobra táctica de diversão teve um aliado ocasional, ou talvez nem tanto [ocasional] que foi João Carlos Gouveia. É já óbvio que a candidatura de Serrão é a candidatura de Serrão barra Gouveia (Serrão/Gouveia) e é o regresso ao passado de ausência de estratégica, que caracterizou a liderança de Serrão na sua parte final, mais o desnorte político da actual direcção, sobretudo desde as Europeias. É bom que se esclareça que João Carlos Gouveia, por mais que faça constar o contrário, não será candidato e apoia Jacinto Serrão. E não é candidato porque não tem condições políticas para o ser. A não ser que, verificando-se a inconsistência política da candidatura de Serrão, Gouveia se apresentasse, num derradeiro esforço para manter um último reduto de oposição. Em qualquer caso, um será apoiante do outro.
Fica, portanto, claro o seguinte: o voto de ontem na LFR é o voto do desespero; ele busca o apoio dos eleitores, não para o PS mas para uma candidatura; ele visa não o interesse da Região ou sequer do PS mas de uma candidatura (Serrão/Gouveia); ele é um voto de mais do mesmo, de regresso ao passado e de continuação do presente, de submissão à agenda política do PSD; ele é um voto tacticista; ele não é um voto com visão estratégica; ele é um voto de tergiversação perante o adversário, não um voto que impõe um caminho autónomo.
Em síntese: é necessário cortar com estes tacticismos e impor uma ruptura estratégica em nome da Autonomia do PS. É essa, aliás, a proposta de uma das candidaturas.
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