sábado, 26 de abril de 2008
OS "COMENTADORES-BEATAS" ESTÃO PREOCUPADOS COM A LIDERANÇA DO PPD
Sobre isto, tenho a dizer, com toda a frontalidade, que, certamente não são "os imensos defeitos" de Jardim que preocupam alguns comentadores. Até porque, se essa preocupação fosse genuína, então era a aproveitar e levá-lo a eleições e derrotá-lo copiosamente. A verdade é que, dos candidatos ou hipotéticos candidatos em presença - Ferreira Leite, os dois Pedros - Passos Coelho e Santana e mais os, no dizer de Jardim, exóticos candidatos, o mais temível eleitoralmente é, sem sombra de dúvida, Alberto João Jardim, o que melhor encarna o PPD subterrâneo e profundo, com tudo o que isto significa, significa aquilo com que eu não me identifico, e, portanto, estou à vontade, porque não vou votar em nenhum. Mas reconheço que fico, como socialista, mais descansado assim. Agora, fazer de Jardim um pacóvio tem sido o erro dos seus adversários. E sem entrar no jogo do PPD, não será que o que mais incomoda certos setores da capital é o grande defeito de ser ilhéu e representar perigo eleitoral? Ou, melhor dizendo, não ser da capital, o que não quer dizer natural, mas lá vivendo. Alguém já se esqueceu do caso de Mota Amaral, já por várias vezes quase líder do PPD, e a liderar as sondagens para Belém entre 1985 e 1986 (com Pintasilgo à frente à esquerda, consulte-se os arquivos do então semanário "O Jornal") e de como foi arredado pelos companheiros do PPD? Alguém já esqueceu o que aconteceu com Fernando Gomes? Alguém já esqueceu o que aconteceu mesmo a forma como a imprensa bem pensante tratou Sá-Carneiro (nos finais dos anos 70 o único dos grandes nomes da política - desde Soares, Freitas, Cunhal - que não foi convidado para umas conferências d'"O Jornal" intituladas precisamente "Portugal, Anos 80, o quê", mas isso não o impediu de vir a ser o primeiro-ministro que fechou a década de 70 e inaugurou a de 80 - Sá Carneiro, por acaso do Porto, foi um cometa que passou breve na política portuguesa e deixou um lastro que ainda perdura, lastro que, aliás, não me demoveu, tal como o seu declarado "delfim das ilhas") e também Cavaco Silva, visto como um provinciano incorrigível, com voz siosa e angustiante? A esses comentadores e colunistas de certas revistas - um deles telefonou-me um dia a falar sobre um texto muito interessante, achou ele, sobre análise à política nacional, que aliás publiquei depois cá na Madeira, dizendo que seria uma pena não publicá-lo na íntegra, mas que não tinha espaço, etc. e tal, que pretendia ele, não sei se me faço entender ... - um tiro à Eça de Queiroz e caíam essas beatas da democracia que enxameiam as colunas e ecrãs, batendo no peito e apresetando-se como os sacerdotes fariseus defensores dos rituais vazios da democracia mediática que querem impor contra a democracia representativa. Lá como cá. Sobre isso, [cá], que dirá ele?
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