quarta-feira, 9 de abril de 2008

E DEPOIS DO ADEUS




Eu poderia escrever sobre a vida política de Alberto João Jardim com objectividade porque “o meu reino não é deste mundo”, não tenho ambições nem carreira política, e tanto fazia a crítica como o encómio, e nada se me dava. “É um ditador”, todos repetem e tem uma forma autoritária de fazer política. Mas se todos repetem que “é um ditador” então isto não é uma ditadura formal. Tive uma aluna, há muitos anos, que me disse “o senhor é um ditador”. Chamei-lhe a atenção para o paradoxo: se fosse um ditador, ela não mo diria. E depois objectivamente, o que é isso em política? Objectivas foram as palavras de Almeida Santos sobre a probidade do líder do PSD ou de Jaime Gama sobre a obra feita – bem feita, mal feita – só que, em política, a objectividade não vai de par com a semântica. E a falta de liberdade de expressão no parlamento regional para os partidos da Oposição? E o desprezo do Governo pelo parlamento? E os insultos pessoais aos líderes da oposição parlamentar e partidária?
Agora, o voto do PSD sobre a passagem de 30 de “alberto-joanismo” sofre de dois problemas: o fim do mandato é em 2011 (bem observado por João Isidoro) (não se precipitem a jogar flores sobre o féretro político, que o homem ainda mexe e mexe bem); depois, ao PSD, fica mal celebrar o seu líder e ainda por cima com farpas, no texto, ao PS. Se há um elogio, ele deve ser sincero, merecido, e autêntico, senão é apenas provocatório: afinal, o objectivo é congratular-se ou provocar? E não venham dizer que a oposição não tem poder de encaixe, nomeadamente o PS: então se o PS tem de “encaixar” os elogios de Gama a Alberto João, o PSD nem sequer consegue “encaixar” as referências formais ao antigo líder do PSD, Aníbal Cavaco Silva, enquanto 1º. Ministro. (Admito, contudo, que o líder parlamentar do PS, como diz o Ultraperiferias, seja uma ratazana). Retomando o fio à meada, quem deve fazer o elogio do actual Presidente do Governo é: a História; o seu sucessor, nomeadamente quando não for do PSD. Senão, cheira a falso.
E depois do adeus: uma coisa é certa – olhando para “aquilo” [o PPD], e reconhecendo o carisma de Alberto João, o que é que vemos no PSD? Sinceramente…

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