Pode parecer inusitado para um adolescente, mas a verdade é que, num trabalho em forma de diário escrito no dia-a-dia das férias de Páscoa, andava eu no que seria o actual oitavo, ano lectivo 1970/1971, anotei o seguinte, mais ou menos ipsis verbis: como é que Marcello Caetano pode saber se são sinceros os elogios que lhe fazem nos diários, se as pessoas não podem escrever o que querem. Estava longe de imaginar em que alhada poderia ter metido a família, e o professor, Clemente Tavares, por seu lado, prudentemente, não comentou na entrega dos trabalhos. A verdade é que então, jovem adolescente num ano lectivo que, por acaso, perdi por excesso de faltas (olha só o rapaz!), já percebia claramente o papel da comunicação social.
Nunca se poderá provar o que aconteceria se um outro partido tivesse governado a Madeira tanto tempo como este que nos governa, o que se sabe é que, como diria o Bispo Emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, - "O poder corrompe e o poder [i]moral corrompe absolutamente". Pode a Comunicação Social querer lavar as mãos, pode argumentar que os condicionamentos são muitos, pode dizer o que disser, mas a verdade é que uma comunicação social atenta, inverventiva e livre contribui para a qualidade da Democracia e esse carácter interventivo pode fazer toda a diferença entre um poder que serve solenemente ou se serve soberbamente. A forma depreciativa como muitas vezes a nossa comunicação social trata as questões que são levantadas pela Oposição só por ser a Oposição e a forma escandalosa para não dizer obscena como se curva perante o poder levanta a questão: será que têm perdão? Será que têm, não direi as mãos, porque o que menos me interessa é condenar seja quem for, mesmo aqueles que porventura o possam ser pela Justiça, mas a consciência tranquila e limpa?
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