sexta-feira, 5 de setembro de 2008

UM VOTO NO BLOCO DE ESQUERDA É UM VOTO CONTRA O REFERENDO DE ALBERTO JOÃO JARDIM

A resposta a esta estratégia está claramente dada por Roberto Almada: os votos no Bloco de Esquerda são votos contra o "referendo" de Alberto João Jardim. Eu não tinha mesmo dúvidas nenhumas sobre esta questão, quanto à natureza desse voto. Mas todo a gente sabe que, nas eleições de 2007 a dinâmica criada transformou o PS (também com responsabilidades próprias, reconheça-se) no alvo de todas as oposições e do PSD - quando o normal são as oposições coincidirem no ataque ao partido do Governo - em qualquer democracia, quanto mais na Madeira. E toda a gente sabe também que houve duas linhas que se confrontaram no interior de alguns partidos da oposição sobre qual deveria ser o alvo e a linha que acabou por prevalecer foi a de fazer do PS esse alvo. E, se alguma insinuação houve é que resposta a dar no caso de a oposição em quaisquer actos eleitorais, contra toda a lógica, fazer do PS-Madeira o bombo da festa, aí o PS terá de reagir energicamente. E isto nada tem a ver com críticas mútuas que os partidos legitimamente possam fazer em actos eleitorais.
Quanto à lei eleitoral, se é certo que, em alguns países, o caso da Alemanha, se impõem mínimos eleitorais para ter representação parlamentar, no nosso caso, a Constituição impõe o método de Hondt e a regra da proporcionalidade, tendo como ponto de partida a representatividade das diferentes forças políticas.
Todavia, outro lado, os dois maiores partidos, PS e PSD, estão controntados, na República e nos Açores e um dia na Madeira (o PS) com a questão da estabilidade governativa. Tem havida crescentemente a ideia de que essa governabilidade se deve resolver com base parlamentar de um só partido - ao contrário da maioria dos países da Europa Continental, onde a regra são governos de coligação -, criando-se dinâmicas eleitorais que, em algumas circunstâncias excepcionais, têm dado maiorias absolutas de um só partido. Mas há um problema (falando no caso da República) que o PSD não tem e o PS tem - tem? - quando não alcança a maioria absoluta: como conseguir a governabilidade e a estabilidade governativa se quer o PCP, quer o Bloco de Esquerda parecem querer eximir-se a assumir responsabilidades de governo? (O caso de Lisboa não será paradigmático?). A resposta fácil pode ser - além de poder dizer-se que o PS é que não o deseja - afirmar que é necessário que o PS tem de mudar de políticas se quer governar com o Bloco e ou com o PCP. Mas não foi isso que fizeram os Verdes na Alemanha - preferiram integrar o governo do SPD e influenciar as políticas do que ficar comodamente na Oposição. Falo para o futuro. Quem sabe se um dia na Madeira.

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