quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O regime e eu: «'tás do olho»!

Eu já dei de frente com o regime em 1992, com uma pré-candidatura ao parlamento regional que não se concretizou. Sei muito bem o que se passou então. O regime sabe tudo, é omnipresente e omnipotente mas, nessa pleonexia está a sua vulnerabilidade. Agora, Luís Filipe Malheiro, pessoa de total confiança do poder, suspeita que eu sou o ideólogo da Plataforma Democrática. A suspeição deixa-me lisonjeado, e, desse ponto de vista, não me convém esclarecer; também não me sinto obrigado a esclarecer porque, do ponto de vista constitucional, vivemos em democracia. Do ponto de vista da sua interpretação política, significa «'tás do olho»!, expressão popular para "estás na nossa mira". Quanto ao estado de espírito do regime, por mais que queira disfarçar, esta «suspeita» é o desnorte, caça às bruxas. (E não me venha agora insistir: não me respondeu se é o não o ideólogo, não devo nenhuma explicação). Mas, só para esclarecê-lo um pouco, além de poder retirar ilações da sua própria experiência, e não se desmereça, é uma pessoa com grande peso no regime, estas coisas não nascem do nada, no processo dialéctico da criação não é possível, só se for do ponto de vista epistemológico, saber qual o contributo individual de cada um. Se quer que lhe diga ainda mais, até eu podia sofrer um atentado (ena, pá, como eu sou importante!), no sentido denotativo e conotativo, a que reagiria com veemência e em legítima defesa (já lhe disse que a amplitude do regime é a sua força mas igualmente a sua fraqueza, logo numa terra onde todos acabam por ser família - até parece uma mafia, no bom sentido, claro! - e tudo se sabe, é fácil contra-atacar) - mas dizia, eu, se eu fosse o ideólogo do projecto - modéstia à parte, porque me irritam falsas modéstias - eu seria um génio, a ideia - brilhante, reconheça lá - da Plataforma Democrática já ganhou dinâmica própria e sobrevive por si própria. Quanto ao aviso de que me não empenhe tanto, também já não há nada a fazer, vários partidos já convergem, posso lhe anunciar em primeira mão - que diabo, afinal sou o ideólgo (já agora, diga lá o que pensa o seu chefe, ele também suspeita de mim, isto é, suspeita de que eu sou o ideólogo? Julgo que não se importa de me fazer essa confidência, visto que, aqui, parece me estar a querer confidenciar um eventual encontro informal normal em democracia (isto não é intriga, pois não?). Já agora, acha o quê: que, tendo o PSD maioria na Assembleia, ia-se aprovar uma lei com quem? Sim, eu sei, quer colocar em evidência uma alegada, eventual ou real contradição entre querer Plataforma e querer uma nova lei, mas olhe, o "mundo é composto de mudança", como dizia Camões, e a lei, cuja versão completa eu já publiquei no meu blogue, perdeu a sua razão de ser: a minha - é minha, não é? - Plataforma Democrática está satisfeita com esta lei que lhe foi oferecida pelo PSD e o seu líder. Agora quem parece querer uma nova lei é o PPD.
P.S.
Continua a insistir que tem a sua opinião sobre o caso Vítor Freitas, mas não diz, porque, afirma, vale o que vale. Pois eu acho que vale muito. Importa-se de a tornar pública? Que diabo, você, não obstante ser uma pessoa cuja lealdade ao líder do seu partido eu anoto, é, ainda assim, uma das vozes, poucas, mais livres do PSD.
P.S. 2
Olhe, sem querer fazer de si emissário, diga ao seu líder que deve estar estar contente com a minha Plataforma Democrática: ela é a última oportunidade de uma transição tranquila. Lembre-se ele de Salazar, do falhanço de Marcello Caetano, do PREC, de Franco e de Adolfo Suárez. Não se preocupe, com a vitória da Plataforma Democrática, o futuro ex-chefe do governo terá direito a continuar a ser tratado com a deferência inerente à sua condição. E será convidado para a tomada de posse do governo da Plataforma Democrática. (Não gosto da forma protocolar pouco própria como tem sido tratado o antigo e primeiro Presidente do Governo).

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