sábado, 4 de setembro de 2010

No plano dos princípios

Em funções, ao meu lado tenho o Vice-Presidente da ALR, além e acima do plano partidário. Quanto a invenções, não formulo processos de intenções, e sei que está sempre muito bem informado e que sabe bem distinguir o que sabe que se deva saber e o que sabe que não se possa divulgar. O que não é o caso, o da Lei eleitoral. O que é aprovado em Congresso partidário passa a ser do partido.
O que sei, por experiência do processo político, é que os líderes partidários e parlamentares se encontram formal e informalmente, é normal em democracia. E nós, do ponto de visto da natureza constitucional do regime, temos um regime democrático. E sabemos que as grandes revisões constitucionais não se fizeram, na sua fase embrionária, em reuniões formais mas informais. Recordo um célebre jantar em Belém, onde esteve, informalmente, o líder do PSD-M, que mereceu um escandaloso protesto aprovado pela Comissão Política do PS, por proposta minha, contra esse encontro em que a Madeira, dizia o comunicado, tinha sido tratada como uma colónia e o Presidente do Governo como governador colonial, assim mesmo dizia o comunicado, e em que, mais uma vez, foram ignorados os partidos regionais. Era Presidente Jorge Sampaio. Agora, eu percebo claramente o seu objectivo, o de criar atritos no momento da criação da Plataforma, que, como se sabe, não incomoda o PSD, dando a entender que o PS está interessado em planos eleitorais com proveito próprio. Mais além do que isto não vou, porque seria supor várias coisas que eu não posso supor, nomeadamente que encontros formais no parlamento ou fora dele seriam coisas tenebrosas, eu não acho (Soares e Balsemão fartaram-se de o fazer, sendo um primeiro-ministro e líder de oposição e vice-versa, isto só para dar um exemplo, isto um entre tantos exemplos); ou que estaria a dar entender que um encontro informal entre líderes parlamentares e partidários, ou entre partidários e parlamentares, ou entre só parlamentares, ou só partidários seria algo de tenebroso, eu não acho, não tenho assim em tão má conta os líderes parlamentar e partidário do, desculpe-me a ousadia em diálogo, do regime; que diabo, também não exageremos; e também não posso supor mais do que isso, porque seria supor que alguma coisa de ultrassecreta, a ter havido, envolvendo alguém do PSD, a não ser que fosse do PS, seria alvo de inconfidência, o que sendo, para o bem e para o mal, apanágio do meu partido, o não é, para o bem e para o mal, do seu. De resto, nem houve nada do mundo das trevas que pudesse merecer um «oh!» daqueles filmes de terror já de depois da meia-noite. Sabe, eu não tenho, afinal, tão má nota do regime como parece que fica subjacente do seu texto, quero dizer, eu não me parece que o combate ao regime deva estigmatizar as pessoas. E já agora, credo, será que devo dizer isto em pleno processo de gestação da Plataforma Democrática, o futuro ex-presidente do governo deve ser tratado com a condição de ex-chefe do governo regional. A propósito, não poderá Vª. Exª. mover influências para que o antigo e primeiro Presidente do Governo Regional, a quem foi atribuída a medalha de honra da cidade, por iniciativa minha, tenha um motorista e uma secretária particular? Anda muitas vezes sozinho pela cidade, já muito cansado e velhinho. E então a dignidade do cargo e o facto histórico de ter sido o primeiro presidente de um governo autónomo em 600 anos não conta?

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