segunda-feira, 31 de maio de 2010
Para desagrado de certos sectores do PSm,Medvedev critica totalitarismo da URSS e crimes de Stalin
Num anticomunismo primário fora de época (adoro ouvir música de cassete e papagueá-la, só p'ra chatear alguns complexados de esquerda do PSM, Medvedev critica totalitarismo da URSS e crimes de Stalin
O presidente russo, Dmitri Medvedev, criticou nesta sexta-feira o regime totaliário da União Soviética e os crimes imperdoáveis cometidos pelo ditador soviético Joseph Stalin, em um gesto extremamente simbólico destinado a modernizar a imagem da Rússia.
Em uma longa entrevista publicada pelo jornal Izvestia, a dois dias da comemoração do 65º aniversário da vitória sobre os nazistas na presença de convidados estrangeiros, Medvedev separou explicitamente a façanha do Exército Vermelho que, junto com os aliados, libertou a Europa dos nazistas, dos crimes cometidos depois pela União Soviética.
"A União Soviética era um Estado muito complicado e, para ser honesto, o regime que foi instaurado na União Soviética só pode ser classificado de totalitário, onde os direitos e as liberdades foram suprimidos", declarou.
O presidente russo reconheceu indiretamente que o domínio soviético na Europa do Leste depois da vitória deve ter sido doloroso para os países daquele bloco.
"É absurdo afirmar que o período do pós-guerra só trouxe prosperidade para os países libertados", acrescentou.
"É preciso separar a missão do Exército Vermelho e da União Soviética durante a guerra e o que aconteceu depois", insistiu.
Estas declarações estão de acordo com os sinais de abertura de Moscou sobre a questão da execução de oficiais poloneses em Katyn por ordem de Stalin, que envenenava as relações entre a Rússia e Varsóvia, através da publicação de arquivos na internet.
O chefe do Estado russo também condenou novamente os crimes stalinistas, enquanto há várias semanas acontece uma polêmica na Rússia pela iniciativa de alguns veteranos e da prefeitura de Moscou de glorificar o ditador exibindo seus retratos em 9 de maio.
"Stalin cometeu uma quantidade de crimes contra seu próprio povo. E, apesar de trabalhar muito, apesar de que, sob sua liderança, o país teve muitos êxitos, o que fez contra seu próprio povo não pode ser perdoado", enfatizou.
O reinado do ditador soviético Joseph Stalin foi marcado por um regime de terror e pela execução sumária ou o envio aos gulags de milhões de pessoas.
No entanto, existe uma atitude ambígua em relação a Stalin na Rússia, onde é considerado simultaneamente como um tirano e como o pai da vitória sobre os nazistas, e onde 54% da população continua admirando sua liderança, segundo uma recente pesquisa.
"Todo mundo compreende que o país teria podido se preparar melhor para a guerra se não tivesse havido uma repressão contra os chefes militares", insistiu Medvedev.
Seu antecessor, o atual primeiro-ministro Vladimir Putin, raramente criticou o regime soviético e, inclusive, chegou a classificar, em 2005, a queda da URSS como "a maior catástrofe geopolítica" do século XX.
"Medvedev fez uma declaração muito forte, esperada há muito tempo", assinalou o defensor dos direitos humanos Lev Ponomarev, um dos críticos mais contumazes do Kremlin.
Segundo o analista político Alexander Konovalov, as declarações de Medvedev, difundidas de forma ininterrupta nos principais canais de televisão russos, "contribuirão para restabelecer a verdade histórica".
"Ele se esforça para mudar pouco a pouco a opinião pública", assinalou Konovalov, do Instituto de Avaliações Estratégicas, destacando também a importância da presença pela primeira no desfile na Praça Vermelha de soldados de países da Otan.
"As declarações de Medvedev estão destinadas a melhorar a imagem de Rússia. Estão dirigidas para o Ocidente e os liberais russos mas não têm influência nas elites russas", advertiu Nikolai Petrov, do Centro Carnegie.
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