"A economia tem sido destruída pelo euro"
A estagnação da economia é, em parte, consequência da força da moeda única, afirma, em entrevista, João Ferreira do Amaral. A saída temporária do euro ou mecanismos de protecção dentro dele são soluções apontadas para adaptar a economia portuguesa. Cortar salários, diz, não resolve o problema. Nos mercados, o euro continua a cair.
A estagnação da economia é, em parte, consequência da força da moeda única, afirma, em entrevista, João Ferreira do Amaral. A saída temporária do euro ou mecanismos de protecção dentro dele são soluções apontadas para adaptar a economia portuguesa.
Cortar salários, diz, não resolve o problema. Nos mercados, o euro continua a cair.
«Hoje é relativamente consensual que a entrada na zona euro foi a principal razão da perda de competitividade.»
«(…) a baixa da taxa de juro não é necessariamente uma benesse. Tudo depende do que vamos fazer ao crédito. E, com uma taxa de câmbio desajustada, como nós tínhamos, foram criados incentivos para a aposta no sector não transaccionável, o que criou a dívida insustentável que temos agora.»
«Mesmo que [uma queda de 20 a 30% dos salários] fosse socialmente exequível, a medida acabaria por ser ineficaz. Repare que o conteúdo de salários das exportações é de 30%. Se, por absurdo, se cortasse 30% nos salários, a nossa competitividade apenas aumentava 9%. Bastava uma oscilação do dólar para essa vantagens desaparecer.
«É melhor pensar em coisas exequíveis, como negociar com a Europa uma forma de alterar as instituições (…). Não tenhamos ilusões: se não conseguirmos uma alteração do enquadramento da Zona Euro, não estaremos muito mais tempo dentro dela.»
«A Europa não percebe que quantos mais planos de austeridade fizer mais ataques especulativos ela vai sofrer.»
«(…) sou completamente contra a ideia de um orçamento equilibrado. Não há nenhuma justificação política ou económica para que um país não tenha qualquer défice, e por isso também estranho que alguns partidos, mesmo de Esquerda, admitam a hipótese de inscrever na Constituição um limite para o endividamento.»
João Ferreira do Amaral, em entrevista ao Jornal de Negócios. Há quem insista em manter a lucidez, quando quase todos embarcam em discursos ideológicos mascarados de sensatez.
(Já agora, numa linha não distante desta, ver a entrevista de Stiglitz ao Le Monde: «A austeridade leva ao desastre».)
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