O socialista Arons de Carvalho acusou Mário Crespo de ter tentado que ele, então secretário de Estado da Comunicação Social, “interferisse na RTP, junto da administração”, para que o jornalista voltasse a ser correspondente em Washington e retirasse o processo disciplinar que lhe movera.
Na audição na comissão parlamentar de Ética, Arons de Carvalho referiu-se ainda a Mário Crespo para dizer que compreendia “muito bem a posição do director do JN”, mas que “talvez tivesse sido melhor ter publicado a crónica e depois logo se veria”. É que, acentuou, tal como o efeito da providência cautelar ao Sol foi o inverso do pretendido, "também neste caso, acho que a crónica só ganhou" visibilidade.
Antes o director do Diário Económico garantiu, na comissão parlamentar de Ética, que não tem notado que com o actual Governo haja mais pressões do que as que sempre houve com todos os outros governos de outros partidos.
António Costa acrescentou que, na sua opinião, não há “pressões legítimas ou ilegítimas, há pressões”. Sublinhou depois que ser director “é um risco” e que é mais pressionado pelos agentes económicos, financeiros e empresariais do que pelos políticos.
“O que é que condiciona mais a liberdade de Imprensa: um telefonema do primeiro-ministro ou cortes salariais aos jornalistas?”, foi uma das perguntas que deixou António Costa.
Quanto à eventual mudança da linha editoral no sentido de aproximação ao Governo, após a compra do Diário Económico pela Ongoing, Costa foi peremptório em afirmar que “nada mudou” e que nunca foi condicionado pela administração.
Ao ser questionado sobre a natureza da Ongoing, António Costa fez questão de acentuar que os gestores “não são pára-quedistas na Comunicação Social”.
Reiterou que a notícia que o DE publicou sobre o interesse da empresa espanhola Telefónica na Prisa “foi apenas jornalístico”.
Os deputados quiserem saber se António Costa teria editado a crónica de Mário Crespo. A resposta foi directa: “Como notícia não publicaria, mas como crónica, sim”.
Criticou ainda o primeiro-ministro por ter eleito a comunicação social como alvo. "Deitou-se na cama que fez e acabou por pagar mais do que outros governantes, pela forma como gere a relação com a Comunicação social", disse.
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