domingo, 31 de agosto de 2008
PARA QUE SERVE A RTP?
Pacheco Pereira denuncia no Abrupto:
Para que serve a RTP ao governo? O Telejornal das 13 horas de hoje dá um magnífico exemplo, tão escandaloso como inequívoco. Todo ele foi construído para responder às críticas ao Ministro da Administração Interna e ao governo sobre a incapacidade de lidar com o agravamento da criminalidade. Depois de várias reportagens sobre operações realizadas um pouco por todo o país, um típico caso do uso das forças policiais para disfarçar um problema político de fundo, sem sabermos se os resultados são satisfatórios, se este tipo de acções são as adequadas à situação actual, se têm ou não continuidade, etc., etc., típicas acções destinadas a "encher o olho", os responsáveis pelo Telejornal foram visitar ao seu gabinete o Ministro da tutela da RTP e da propaganda, certamente a seu pedido, para este fazer uma declaração de ataque à oposição. Em contraponto, há apenas imagens antigas de declarações da oposição, entremeadas pelos ataques do Ministro Santos Silva, feitos de encomenda para a peça da RTP. A estrutura da peça é a do discurso governamental, com a agravante de ser feito de encomenda, - o Telejornal não o discurso -, para controlar os danos e dar o pódio ao Ministro.
O problema de entidades como a ERC e os seus métodos é que realidades como a do Telejornal de hoje, - insisto, uma peça escandalosa de manipulação de opinião pública, - diluem-se numa estatística e enganam-nos quanto ao uso propagandístico da RTP. Gostava de ver os homens e mulheres honestos da ERC a falarem ainda hoje sobre este Telejornal que não engana a ninguém e não oferece dúvidas. É que senão beneficiam o infractor e demitem-se do seu papel.
Para quem tenha dúvidas, veja-se o Telejornal quando a RTP o colocar em linha.
Para que serve a RTP ao governo? O Telejornal das 13 horas de hoje dá um magnífico exemplo, tão escandaloso como inequívoco. Todo ele foi construído para responder às críticas ao Ministro da Administração Interna e ao governo sobre a incapacidade de lidar com o agravamento da criminalidade. Depois de várias reportagens sobre operações realizadas um pouco por todo o país, um típico caso do uso das forças policiais para disfarçar um problema político de fundo, sem sabermos se os resultados são satisfatórios, se este tipo de acções são as adequadas à situação actual, se têm ou não continuidade, etc., etc., típicas acções destinadas a "encher o olho", os responsáveis pelo Telejornal foram visitar ao seu gabinete o Ministro da tutela da RTP e da propaganda, certamente a seu pedido, para este fazer uma declaração de ataque à oposição. Em contraponto, há apenas imagens antigas de declarações da oposição, entremeadas pelos ataques do Ministro Santos Silva, feitos de encomenda para a peça da RTP. A estrutura da peça é a do discurso governamental, com a agravante de ser feito de encomenda, - o Telejornal não o discurso -, para controlar os danos e dar o pódio ao Ministro.
O problema de entidades como a ERC e os seus métodos é que realidades como a do Telejornal de hoje, - insisto, uma peça escandalosa de manipulação de opinião pública, - diluem-se numa estatística e enganam-nos quanto ao uso propagandístico da RTP. Gostava de ver os homens e mulheres honestos da ERC a falarem ainda hoje sobre este Telejornal que não engana a ninguém e não oferece dúvidas. É que senão beneficiam o infractor e demitem-se do seu papel.
Para quem tenha dúvidas, veja-se o Telejornal quando a RTP o colocar em linha.
Entrevista de João Carlos Gouveia ao Diário de Notícias: A FRASE
Na entrevista de João Carlos Gouveia - uma boa entrevista - a páginas tantas surge esta pergunta e respectiva resposta:
P: No congresso, a sua liderança foi apresentada como sendo de transição. Mantém essa definição?
R: Daqui a um ano o partido vai estar diferente. Estes dois anos são de transição, é preciso reorganizar, mas há outras metas. Eu tenho que ter a humildade de assumir que ainda há madeirenses que não identificam o presidente do PS. Isso acontece porque houve outras prioridades. O PS-M ainda não gastou um cêntimo com a imagem do presidente.
P: No congresso, a sua liderança foi apresentada como sendo de transição. Mantém essa definição?
R: Daqui a um ano o partido vai estar diferente. Estes dois anos são de transição, é preciso reorganizar, mas há outras metas. Eu tenho que ter a humildade de assumir que ainda há madeirenses que não identificam o presidente do PS. Isso acontece porque houve outras prioridades. O PS-M ainda não gastou um cêntimo com a imagem do presidente.
sábado, 30 de agosto de 2008
Animal Farm Trailer
A propósito disto, foi-me feita esta boa sugestão.
(Dedico a todos os que, em qualquer parte do Mundo, fazem do poder uma pocilga).
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DEMOCRACIA OU DITADURA
O que faz falta: escrutínio, tónus crítico, crítica (I)
Lido no Público
30.08.2008,
José Pacheco Pereira
Admirava-me pouco se o primeiro-ministro não estivesse a preparar uma remodelação, e com ela levasse o MAI
A recente entrevista do ministro da Administração Interna (MAI) à RTP foi mais um exemplo das encruzilhadas deste Governo e do cansaço e impasses em que se meteu. Admirava-me pouco se o primeiro-ministro não estivesse a preparar uma remodelação, e com ela levasse o MAI, cuja adequação à função é, para ser suave, distante.
Vistas bem as coisas, passados três anos, com condições excepcionais de governação (convém sempre lembrar este facto que o Governo nunca refere, uma maioria absoluta sólida, um presidente institucionalmente cooperante e uma oposição muito débil e descredibilizada), os resultados deste Governo são bem medíocres, muitos dos ministros têm mostrado igualmente serem medíocres no exercício das suas funções e o todo só é sustentado pelas habilidades propagandísticas do primeiro-ministro e pela enorme deficiência de escrutínio da governação, quer por parte da oposição (voltaremos aqui), quer pela ausência de uma cultura crítica, de um tónus crítico na vida pública portuguesa.
Até pelo seu carácter estrutural, que vem da nossa história recente, da omnipresença de estado, da escassez de independência face a retaliações, da pequenez do país onde todos são "primos" uns dos outros, da fraca vida intelectual, do débil debate, o problema mais grave que se instalou no espaço público português é um enorme défice de escrutínio da governação. Pode haver um clima depressivo e de "mal dizer", mas não há um clima crítico da governação como é suposto existir numa democracia.
O actual Governo vive nesse e desse clima que fomenta, utilizando dois grandes instrumentos evidentes, e um menos evidente e mais sombrio. Os instrumentos que estão à vista de todos, mas cujo próprio escrutínio é também ferozmente atacado (veja-se como Eduardo Cintra Torres, o crítico de televisão deste jornal, é patrulhado ao milímetro, ameaçado por processos judiciais e por uma campanha de descredibilização, a arma típica para isolar os críticos), são por um lado o seu controlo da comunicação social do estado; e depois a sua própria máquina de informação e comunicação a partir dos assessores de imprensa e das agências de comunicação do primeiro-ministro, dos ministérios e dos gabinetes dependentes do estado, incluindo empresas públicas, etc., etc. A comunicação social do estado para além de doses de "circo" que nenhum serviço público justifica, serve acima de tudo como instrumento de controlo dos danos, limitação da agenda aos temas benignos e do acesso ao pódio apenas aos críticos "construtivos". O aspecto mais sombrio é o da utilização da máquina do estado para intimidar, pressionar e punir todos os que não aceitam a "ordem" governamental.
Poucas vezes na história da democracia portuguesa uma tão vasta máquina de poder está tão "consensualmente" e invisivelmente instalada. Aliás, todos os dias se reforça com muito cuidadas nomeações e escolhas quer para a comunicação social pública quer privada, onde o longo braço do Governo consegue chegar, "aconselhando" os privados contra os custos de fazerem escolhas que podem ser vistas como "hostis" ou "excessivas". Em três anos de governação, só há um caso em que esta máquina não controlou os acontecimentos, embora tenha recuperado na fase final, e em que a opinião pública (blogues, ordens profissionais, técnicos e, no fim, comunicação social) actuou no sentido de evitar um erro clamoroso que o Governo se preparava para fazer: o "caso" do aeroporto da Ota.
Vejamos uma lista dos procedimentos em que este Governo, e em particular o primeiro-ministro, assenta a sua governação e a sistemática ausência de escrutínio que já é mais que visível pelos resultados nestes últimos três anos:
1) Anúncios de medidas inexistentes ou que não passam de processos de intenção
Exemplo recente: o ministro da Administração Interna foi confrontado na sua entrevista televisiva com uma dessas medidas anunciadas pelo primeiro-ministro há mais de um ano e teve que admitir que ela não teve qualquer implementação. Foi o caso do anúncio, no Parlamento, pelo primeiro-ministro, de que "as alterações orgânicas na GNR e PSP vão libertar 4800 efectivos para funções operacionais" (Lusa, 28/2/2007). Como se pode ver pelos anúncios vários feitos nessa sessão parlamentar, nenhuma das medidas foi cumprida nos prazos referidos e muitas nem sequer foram iniciadas mais de um ano depois do seu anúncio. Se um igual escrutínio fosse feito a muitos dos anúncios deste tipo, ver-se-ia que a regra é o incumprimento total, parcial ou muito atrasado e incipiente das medidas anunciadas. É assim que o primeiro-ministro "ganha" os debates parlamentares.
2) Anúncios de medidas assentes ou na omissio veri ou na sugestio falsi; anúncios propagandísticos de medidas sem verdadeiro significado ou impacto; anúncios de medidas, iniciativas, projectos ou realizações que não são de autoria ou responsabilidade governativa, etc.
O mundo virtual dos anúncios do Governo daria toda uma série de artigos, de tal maneira aí está centrado o grosso da propaganda governamental (traduzida nos "momentos-Chávez" da RTP) e também as mais graves ausências de escrutínio da comunicação social. Um exemplo recente: o "computador Magalhães", anunciado como sendo "português", como dando origem a um elevado número de postos de trabalho e como fazendo parte de um investimento participado pela Intel. Nada disto é verdade, mas tudo isto foi dito pelos gabinetes governamentais e divulgado pela Lusa. É interessante notar a simbiose entre as notícias da Lusa e os anúncios governamentais na construção da "imagem" de um evento antes de ele se realizar.
Criada a "imagem" do evento, principalmente na televisão, de pouco valem as informações mais precisas, de nada vale o responsável pela Intel ter dito que o investimento era "zero", vir a saber-se, em grande parte pela acção dos blogues, que o "Magalhães" nada tinha de português e que não era líquido que uma opção típica de um país do Terceiro Mundo (para quem o Classmate da Intel foi pensado, tal como se apresenta na Internet: "focused on people in the world's developing communities") fosse adequada na Europa, onde programas deste tipo não existem, por regra. As armas são desiguais.
3) Ausência de fact cheking
Num país onde se valoriza o debate público, há sempre quem faça em tempo útil a verificação dos factos com origem governamental. Em Portugal, isso quase não existe, em detrimento da repetição acrítica da propaganda. Um exemplo recente encontra-se na última entrevista do MAI, quando este referiu que o verdadeiro aumento da criminalidade se dera nos anos 2003-4, os anos do Governo PSD-CDS.
Por muita asneira que os governos PSD-CDS tivessem feito, não me parece que se tenha assistido a um incremento exponencial da criminalidade, que possa ilibar ou sequer ser comparado com a situação actual. O MAI não resistiu a fazer aquilo que os gabinetes de propaganda normalmente preparam, ou seja, comparações fixadas nos anos 2003-4. Acontece que a maioria dessas comparações não tem qualquer sustentação estatística em comparação com outras, com muito mais significado, como seja com os governos Guterres, que a actual propaganda evita como o Diabo a cruz. Aliás, as tendências estatísticas que permitem uma análise de mais longa duração mostram que o crescimento de todos estes problemas vem dos governos PS.
Fui ver os relatórios de segurança e as suas estatísticas, ou seja, fazer o fact checking do que o MAI disse. O que encontrei foi o oposto do que ele disse:
"Pela análise do gráfico, pode-se verificar que, entre 1998 e 2003, houve uma subida gradual da criminalidade participada, com excepção para o ano 2000, em que não houve grande oscilação de valores. A partir do ano de 2003, a criminalidade desceu nos dois anos consecutivos, voltando a subir um pouco no ano de 2006 e estabilizando no ano de 2007." (Relatório Anual de Segurança Interna - Ano de 2007)
No que diz respeito à "criminalidade grupal" o ano recorde é 2006. Mesmo para a "criminalidade violenta e grave", que era o que se discutia, e para além de dificuldades de comparação estatística suscitadas pelo incremento de crimes como o car jacking , o que se diz é que "este tipo de criminalidade tem vindo a subir, com excepção para o ano 2005 e para o ano de 2007, no qual se assiste à maior descida observada nos últimos dez anos e ao menor valor dos últimos seis anos" sendo que essa descida de deve à "diminuição observada no crime de roubo na via pública (excepto esticão)". Como se vê, o MAI enganou-nos e é pena que muitos governantes não encontrem jornalistas preparados com os números, para não haver benefício do infractor. Historiador
(Continua)
30.08.2008,
José Pacheco Pereira
Admirava-me pouco se o primeiro-ministro não estivesse a preparar uma remodelação, e com ela levasse o MAI
A recente entrevista do ministro da Administração Interna (MAI) à RTP foi mais um exemplo das encruzilhadas deste Governo e do cansaço e impasses em que se meteu. Admirava-me pouco se o primeiro-ministro não estivesse a preparar uma remodelação, e com ela levasse o MAI, cuja adequação à função é, para ser suave, distante.
Vistas bem as coisas, passados três anos, com condições excepcionais de governação (convém sempre lembrar este facto que o Governo nunca refere, uma maioria absoluta sólida, um presidente institucionalmente cooperante e uma oposição muito débil e descredibilizada), os resultados deste Governo são bem medíocres, muitos dos ministros têm mostrado igualmente serem medíocres no exercício das suas funções e o todo só é sustentado pelas habilidades propagandísticas do primeiro-ministro e pela enorme deficiência de escrutínio da governação, quer por parte da oposição (voltaremos aqui), quer pela ausência de uma cultura crítica, de um tónus crítico na vida pública portuguesa.
Até pelo seu carácter estrutural, que vem da nossa história recente, da omnipresença de estado, da escassez de independência face a retaliações, da pequenez do país onde todos são "primos" uns dos outros, da fraca vida intelectual, do débil debate, o problema mais grave que se instalou no espaço público português é um enorme défice de escrutínio da governação. Pode haver um clima depressivo e de "mal dizer", mas não há um clima crítico da governação como é suposto existir numa democracia.
O actual Governo vive nesse e desse clima que fomenta, utilizando dois grandes instrumentos evidentes, e um menos evidente e mais sombrio. Os instrumentos que estão à vista de todos, mas cujo próprio escrutínio é também ferozmente atacado (veja-se como Eduardo Cintra Torres, o crítico de televisão deste jornal, é patrulhado ao milímetro, ameaçado por processos judiciais e por uma campanha de descredibilização, a arma típica para isolar os críticos), são por um lado o seu controlo da comunicação social do estado; e depois a sua própria máquina de informação e comunicação a partir dos assessores de imprensa e das agências de comunicação do primeiro-ministro, dos ministérios e dos gabinetes dependentes do estado, incluindo empresas públicas, etc., etc. A comunicação social do estado para além de doses de "circo" que nenhum serviço público justifica, serve acima de tudo como instrumento de controlo dos danos, limitação da agenda aos temas benignos e do acesso ao pódio apenas aos críticos "construtivos". O aspecto mais sombrio é o da utilização da máquina do estado para intimidar, pressionar e punir todos os que não aceitam a "ordem" governamental.
Poucas vezes na história da democracia portuguesa uma tão vasta máquina de poder está tão "consensualmente" e invisivelmente instalada. Aliás, todos os dias se reforça com muito cuidadas nomeações e escolhas quer para a comunicação social pública quer privada, onde o longo braço do Governo consegue chegar, "aconselhando" os privados contra os custos de fazerem escolhas que podem ser vistas como "hostis" ou "excessivas". Em três anos de governação, só há um caso em que esta máquina não controlou os acontecimentos, embora tenha recuperado na fase final, e em que a opinião pública (blogues, ordens profissionais, técnicos e, no fim, comunicação social) actuou no sentido de evitar um erro clamoroso que o Governo se preparava para fazer: o "caso" do aeroporto da Ota.
Vejamos uma lista dos procedimentos em que este Governo, e em particular o primeiro-ministro, assenta a sua governação e a sistemática ausência de escrutínio que já é mais que visível pelos resultados nestes últimos três anos:
1) Anúncios de medidas inexistentes ou que não passam de processos de intenção
Exemplo recente: o ministro da Administração Interna foi confrontado na sua entrevista televisiva com uma dessas medidas anunciadas pelo primeiro-ministro há mais de um ano e teve que admitir que ela não teve qualquer implementação. Foi o caso do anúncio, no Parlamento, pelo primeiro-ministro, de que "as alterações orgânicas na GNR e PSP vão libertar 4800 efectivos para funções operacionais" (Lusa, 28/2/2007). Como se pode ver pelos anúncios vários feitos nessa sessão parlamentar, nenhuma das medidas foi cumprida nos prazos referidos e muitas nem sequer foram iniciadas mais de um ano depois do seu anúncio. Se um igual escrutínio fosse feito a muitos dos anúncios deste tipo, ver-se-ia que a regra é o incumprimento total, parcial ou muito atrasado e incipiente das medidas anunciadas. É assim que o primeiro-ministro "ganha" os debates parlamentares.
2) Anúncios de medidas assentes ou na omissio veri ou na sugestio falsi; anúncios propagandísticos de medidas sem verdadeiro significado ou impacto; anúncios de medidas, iniciativas, projectos ou realizações que não são de autoria ou responsabilidade governativa, etc.
O mundo virtual dos anúncios do Governo daria toda uma série de artigos, de tal maneira aí está centrado o grosso da propaganda governamental (traduzida nos "momentos-Chávez" da RTP) e também as mais graves ausências de escrutínio da comunicação social. Um exemplo recente: o "computador Magalhães", anunciado como sendo "português", como dando origem a um elevado número de postos de trabalho e como fazendo parte de um investimento participado pela Intel. Nada disto é verdade, mas tudo isto foi dito pelos gabinetes governamentais e divulgado pela Lusa. É interessante notar a simbiose entre as notícias da Lusa e os anúncios governamentais na construção da "imagem" de um evento antes de ele se realizar.
Criada a "imagem" do evento, principalmente na televisão, de pouco valem as informações mais precisas, de nada vale o responsável pela Intel ter dito que o investimento era "zero", vir a saber-se, em grande parte pela acção dos blogues, que o "Magalhães" nada tinha de português e que não era líquido que uma opção típica de um país do Terceiro Mundo (para quem o Classmate da Intel foi pensado, tal como se apresenta na Internet: "focused on people in the world's developing communities") fosse adequada na Europa, onde programas deste tipo não existem, por regra. As armas são desiguais.
3) Ausência de fact cheking
Num país onde se valoriza o debate público, há sempre quem faça em tempo útil a verificação dos factos com origem governamental. Em Portugal, isso quase não existe, em detrimento da repetição acrítica da propaganda. Um exemplo recente encontra-se na última entrevista do MAI, quando este referiu que o verdadeiro aumento da criminalidade se dera nos anos 2003-4, os anos do Governo PSD-CDS.
Por muita asneira que os governos PSD-CDS tivessem feito, não me parece que se tenha assistido a um incremento exponencial da criminalidade, que possa ilibar ou sequer ser comparado com a situação actual. O MAI não resistiu a fazer aquilo que os gabinetes de propaganda normalmente preparam, ou seja, comparações fixadas nos anos 2003-4. Acontece que a maioria dessas comparações não tem qualquer sustentação estatística em comparação com outras, com muito mais significado, como seja com os governos Guterres, que a actual propaganda evita como o Diabo a cruz. Aliás, as tendências estatísticas que permitem uma análise de mais longa duração mostram que o crescimento de todos estes problemas vem dos governos PS.
Fui ver os relatórios de segurança e as suas estatísticas, ou seja, fazer o fact checking do que o MAI disse. O que encontrei foi o oposto do que ele disse:
"Pela análise do gráfico, pode-se verificar que, entre 1998 e 2003, houve uma subida gradual da criminalidade participada, com excepção para o ano 2000, em que não houve grande oscilação de valores. A partir do ano de 2003, a criminalidade desceu nos dois anos consecutivos, voltando a subir um pouco no ano de 2006 e estabilizando no ano de 2007." (Relatório Anual de Segurança Interna - Ano de 2007)
No que diz respeito à "criminalidade grupal" o ano recorde é 2006. Mesmo para a "criminalidade violenta e grave", que era o que se discutia, e para além de dificuldades de comparação estatística suscitadas pelo incremento de crimes como o car jacking , o que se diz é que "este tipo de criminalidade tem vindo a subir, com excepção para o ano 2005 e para o ano de 2007, no qual se assiste à maior descida observada nos últimos dez anos e ao menor valor dos últimos seis anos" sendo que essa descida de deve à "diminuição observada no crime de roubo na via pública (excepto esticão)". Como se vê, o MAI enganou-nos e é pena que muitos governantes não encontrem jornalistas preparados com os números, para não haver benefício do infractor. Historiador
(Continua)
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DEMOCRACIA OU DITADURA
Boa notícia para a educação
Coisas que nunca se irá ler num blogue de comparações com os Açores:
"Há novas regras de acção social educativa (ASE) para o ano lectivo 2008-2009. Foram alargados os limites dos escalões subsidiados e os benefícios abrangem o quarto escalão, anteriormente não apoiado. Para facilitar o acesso à Educação, está também garantido o apoio no transporte escolar mesmo aos alunos que residam a apenas um quilómetro do estabelecimento de ensino, caso para aceder à escola haja um percurso difícil a percorrer.
A novidade, anunciada ontem pelo secretário regional da Educação e Cultura, na conferencia de imprensa de apresentação do ano lectivo, vai permitir aumentar o número de famílias apoiadas. "No 1º ciclo, 50 por cento das crianças estão no chamado escalão quatro", exemplificou Francisco Fernandes, acrescentando que neste escalão, as crianças não têm de pagar pelos manuais escolares, estes são entregues pela escola.
Segundo Francisco Fernandes, o limite dos escalões de ASE aumentou cerca de 20 a 30%, passando a abranger famílias cujos rendimentos não permitiam ter direito à acção social educativa.
Transporte a 1 km da escola
Enquanto que a nível nacional os apoios ao transporte escolar estão apenas assegurados aos alunos que residam a quatro quilómetros do estabelecimento de ensino que frequentam, na Região, foi criado um regime excepcional que reduz este limite para apenas um quilómetro.
De acordo com o secretário regional da Educação e Cultura, para que os alunos possam usufruir de apoios ao transporte escolar, têm de residir a dois quilómetros do local de ensino. No entanto, este patamar dos dois quilómetros anteriormente definidos pode ser quebrado "em função da especial dificuldade de acesso que alguns percursos podem registar".
Ano arranca com 52 mil alunos
Segundo os dados provisórios da Secretaria Regional da Educação, estão matriculados 51 834 alunos na Região. As creches e os jardins-de-infância abrem as portas já na próxima segunda-feira. As crianças em idade do pré-escolar terão que esperar pelo dia 10 de Setembro, e para os restantes, o ano lectivo arranca a 22 de Setembro.
Nesta data entrarão em funcionamento as duas escolas que estão no momento em remodelação, a Escola Básica do 1º ciclo com Pré-Escolar da Seara Velha, no Curral das Freiras, e a Escola Básica do 1º ciclo com Pré-Escolar do Rancho Caldeira, em Câmara de Lobos. A remodelação total do parque escolar regional, iniciada em 1993, estará concluída até 2011, garantiu Francisco Fernandes."
Andreia Nóbrega in Diário de Notícias
Publicada por BaBy_BoY_sWiM em 7:22 AM
(notícia obtida aqui)
Post Scriptum - o título de Orwell, que é alheio à nossa polémica, não é com ninguém em especial mas com todos aqueles que triunfam contra os princípios democráticos, tenham a cor que tiverem: como diz Milan Kundera, "todo o poder tem o seu kitch" de se julgar o melhor, e isso é que me é insuportável (leia o artigo do Pacheco Pereira de hoje no Público e (re)veja este vídeo); quando à graça da nota, é claro que nada a ver com o Acordo, mas feito com o seu acordo; ah, a minha postagem que deu origem ao seu comentário auto-avaliei-me em 13, o que acha? Mande sempre.
Chanter la vie
Chanter la vie
Chanter la vie la nuit le jour
Chanter l'amour chercher l'ami
Même quand le monde pleure à ton réveil
Aux passants de l'ombre parle du soleil.
Le pays des anges
N'est pas forcément le paradis
Le pays des anges
Si ton coeur est grand c'est par ici
Jusqu'à l'oubli chanter la vie.
Chanter la vie toujours plus haut
Dans ses défauts voir un défi
Ouvre ta fenêtre sur un arbre mort
Un enfant va naître c'est lui le plus fort.
Le pays des anges
N'est pas forcément le paradis
Le pays des anges
Si ton coeur est grand c'est par ici
Jusqu'à l'oubli chanter la vie.
Jusqu'à l'oubli chanter la vie.
Chanter la vie la nuit le jour
Chanter l'amour chercher l'ami
Même quand le monde pleure à ton réveil
Aux passants de l'ombre parle du soleil.
Le pays des anges
N'est pas forcément le paradis
Le pays des anges
Si ton coeur est grand c'est par ici
Jusqu'à l'oubli chanter la vie.
Jusqu'à l'oubli chanter la vie.
Musique
Chanter la vie la nuit le jour
Chanter l'amour chercher l'ami
Même quand le monde pleure à ton réveil
Aux passants de l'ombre parle du soleil.
Le pays des anges
N'est pas forcément le paradis
Le pays des anges
Si ton coeur est grand c'est par ici
Jusqu'à l'oubli chanter la vie.
Chanter la vie toujours plus haut
Dans ses défauts voir un défi
Ouvre ta fenêtre sur un arbre mort
Un enfant va naître c'est lui le plus fort.
Le pays des anges
N'est pas forcément le paradis
Le pays des anges
Si ton coeur est grand c'est par ici
Jusqu'à l'oubli chanter la vie.
Jusqu'à l'oubli chanter la vie.
Chanter la vie la nuit le jour
Chanter l'amour chercher l'ami
Même quand le monde pleure à ton réveil
Aux passants de l'ombre parle du soleil.
Le pays des anges
N'est pas forcément le paradis
Le pays des anges
Si ton coeur est grand c'est par ici
Jusqu'à l'oubli chanter la vie.
Jusqu'à l'oubli chanter la vie.
Musique
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Os lares açorianos têm mais máquinas de lavar roupa,loiça e de costura,frigoríficos,mi-croondas,arcas congeladores,aspiradores,telefones...
“Em média, os lares açorianos têm mais máquinas de lavar roupa (…) fogões, frigoríficos, microondas, arcas congeladoras, aspiradores, máquinas de lavar loiça, máquinas de costura e telefones da rede fixa" e telemóveis quase ela por ela.
Toda a verdade, contra as mentiras do sistema!
Toda a verdade, contra as mentiras do sistema!
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Autonomia Social
PPD É RESPONSÁVEL PELO PREÇO DA GASOLINA, RECONHECE QUEM É INSUSPEITO
Finalmente alguém reconhece. Madeira Minha Vida, que haja um jovem lúcido.
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o sistema laranja
O QUE EU QUERIA MESMO ERA TER UMA ALCUNHA... SEI LÁ, CABEÇA GRANDE, SETE PANÇAS, LOUCO, MARADO, QUALQUER COISA, MENOS NÃO TER...
Podes crer!
(Mecê é das poucas pessoas que eu conheço que diz ser do PPD, o que é admirável, numa terra onde o PSD já tem 3.827 vitórias, e só por isso merece consideração, como todos os que votam PSD, mesmo que não assumam.
N.B. - o texto revisto segue por correio. Quanto à nota, bem, veremos, se precisar da nota p'ra passar, se há-de ver!(Há de, segundo o Acordo, eheheh), mas, o que acha do 14?
(Mecê é das poucas pessoas que eu conheço que diz ser do PPD, o que é admirável, numa terra onde o PSD já tem 3.827 vitórias, e só por isso merece consideração, como todos os que votam PSD, mesmo que não assumam.
N.B. - o texto revisto segue por correio. Quanto à nota, bem, veremos, se precisar da nota p'ra passar, se há-de ver!(Há de, segundo o Acordo, eheheh), mas, o que acha do 14?
NOVIDADES SOBRE A CANDIDATURA DO PS-MADEIRA À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Quer conhecer conjecturas variegadas, leia aqui.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
TONTO, CUBANO, DRÁCULA, PENICO, LOUCO: ALCUNHAS A QUEM COMETE O PECADO DE SER LÍDER DA OPOSIÇÃO!
Os apodos do título deste texto foram lançados pelo sistema, inclusivé na imprensa oficiosa, sobre os cidadãos que se alcandoraram a líderes da oposição.
O que pensa disso:
- Confirma a teoria de Rita Levi-Montalcini?
- É normal e por isso não mereceu nunca a condenação dos articulistas?
- A blogosfera do sistema gosta do sistema apesar disso ou também por causa disso?
- É normal e portanto a Oposição deve responder à letra?
- A Oposição não chama porque não tem imaginação?
- A Oposição não chama porque pura e simplesmente os políticos dos sistema são física, morfológica e fisionomicamente perfeitos e não há ponta por onde se lhes pegue?
- A Oposição tem respeitado - até hoje - (...) - (...) - (...) - as regras de civilidade do combate político?
- É pura invenção deste blogue?
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DEMOCRACIA
HITLER E MUSSOLINI: A EMOÇÃO CONTRA A RAZÃO
A Rita Levi-Montalcini, judia italiana nascida em 1909, senadora vitalícia de Itália, fizeram-lhe esta pergunta:
- Como explica a loucura Nazi?
- Hitler e Mussolini souberam como falar ao povo, onde sempre prevalece o cérebro emocional por cima do neocortical, o intelectual. Conduziram emoções não razões.
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DEMOCRACIA OU DITADURA
OS NÚMEROS QUE DÃO A VITÓRIA A OBAMA
Lido no Público
Os colégios eleitorais de Obama
Carlos Ferreira dos Santos
A vitória de Obama nas Presidenciais dos EUA só está em causa se perder em simultâneo a Pensilvânia, Michigan e Ohio
Dissecar as possibilidades de uma vitória de Barack Obama exige relembrar o peso diferenciado dos Estados no colégio que elege o Presidente dos EUA. E notar que o candidato mais votado em certo estado a 4 de Novembro recebe, posteriormente, a totalidade dos votos desse estado no colégio. Assim, é essencial olhar para as sondagens estaduais para se construir uma previsão.
A primeira evidência que estas sugerem é a rigidez de voto da generalidade dos estados, face ao que foi a sua votação recente: pelo menos 42 estados parecem surgir como bastiões de um ou outro partido. Dezanove desses estados estão com Obama (representando 221 votos colegiais). Falamos de todo o Nordeste, Delaware, Maryland, da Costa Oeste, e alguns Estados do Midwest: Wisconsin, Minnesota, Illinois e Iowa. Além do Havai. Dos Estados que votaram em John Kerry em 2004, excluímos o Michigan (apesar da sua inclinação democrata, mas onde a eventual presença de Mitt Romney no ticket republicano poderia dar a vitória a McCain). A perda do Michigan representaria menos 17 votos para Obama face a 2004. Contudo, admitimos um ganho de sete votos em relação a Kerry, respeitantes ao Iowa. Para já, deixamos de lado a Pensilvânia.
McCain faz o quase pleno do Sul tradicional. Como notou recentemente o prof. Thomas Schaller, autor de How Democrats Can Win Without the South, o argumento de que Obama pode ganhar o Sul é utópico. Mesmo na Florida as sondagens favorecem McCain, embora por margens menos representativas. Vamos incluí-la nas putativas vitórias republicanas. De lado fica somente a Virgínia.
Na Appalachia, a vitória dos republicanos é incontestável. Bem como em alguns estados das Montanhas Rochosas, na chamada mormon belt, em particular no Utah, e, por fim, em estados como o Kansas, Nebraska, Oklahoma, Missuri e Alasca. Ainda que o Montana e o Dacota do Norte possam ser as surpresas da temporada, tornando-se blue states. E ainda que o Nevada seja um clássico swing state, com as últimas sondagens a produzir empates técnicos.
Como pode então Obama aumentar os 221 votos que definimos até à necessária maioria dos 270? Nos poucos estados que estão verdadeiramente em disputa: o Colorado, o Novo México, a Virgínia e, sobretudo, a velha cintura industrial: Michigan, Indiana, Ohio, e Pensilvânia.
Destes, as sondagens apontam a Pensilvânia como razoavelmente segura, o que garantiria mais 21 votos (passando a 242). Obama parece em posição de retirar dois estados do Oeste à maioria de Bush: o Colorado e o Novo México, subindo a fasquia até aos 256. É fácil agora antever que, se não perder o Michigan (17 votos), Obama ultrapassa a barreira dos 270. Perdendo o Michigan, mas ganhando os 20 votos do Ohio à maioria de Bush, a vitória estaria também de imediato garantida. Perdendo os dois, uma hipotética vitória combinada na Virgínia (13) e no Indiana (11) daria a presidência a Obama. Se apenas ganhar num destes, bastaria adicionar os cinco votos do Nevada, ou as eventuais surpresas do Montana ou do Dacota do Norte.
Em síntese, há múltiplos cenários em que Obama pode ganhar. A vitória só estaria em causa num quadro de perda simultânea da Pensilvânia, Michigan e Ohio. Contudo, alguns milhares de simulações computacionais, calibradas com médias móveis das sondagens mais recentes, mostram que se Obama pode ganhar facilmente sem o Ohio, não se vislumbra um único cenário em que, vencendo aí, perca as eleições. Nesse exercício, McCain nunca vence sem o Ohio, e só em 1 por cento das iterações vence as eleições. Professor universitário. Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa
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ELEIÇÕES AMERICANAS
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
A droga e o álcool, por Rui Caetano
Artigo oportuno para ler aqui em A Cidade
A Madeira não está bem. Hoje, talvez mais do que nunca,
assistimos a um agravamento dos problemas sociais, onde
se destacam os consumos de drogas e o alcoolismo. É verdade
que estes problemas se encontram em todas as sociedades,
mas também é verdade que, há muitos anos atrás, na
Madeira, este tipo de flagelo, estava controlado, os índices
na Região não atingiam valores tão elevados. Os decisores
políticos da nossa humilde Ilha discursaram muito, até prometeram paraísos, mas os números
de hoje provam que não souberam travar este drama.
E por que razão os governantes, aqueles que estiveram e ainda estão a definir o futuro da
Madeira, não lançaram políticas preventivas eficazes no sentido de evitar a actual realidade
social? Por negligência? Incompetência? Ou falta de sentido estratégico? De tudo um pouco.
Os flagelos da droga e do álcool invadem o seio de numerosas famílias madeirenses, os
nossos governantes sempre disseram que a situação não era grave e que não só estavam atentos,
como as suas políticas iriam trazer resultados positivos. No entanto, passados todos estes
anos de governação PSD, o consumo de drogas aumentou e o alcoolismo intensificou-se. Falharam.
Erraram nas apostas políticas implementadas.
Enquanto o governo PSD, prepotente e arrogante, fazia de conta que vivíamos numa Região
onde só havia progresso e desenvolvimento, alguns partidos da oposição, de uma forma
responsável, lançavam alertas, pediam justificações para as políticas ineficazes do governo,
apresentavam propostas concretas e credíveis, fundamentadas em estudos, com o objectivo
de ajudar a combater e a evitar o aumento deste grave flagelo social. O PSD sempre desprezou
as ajudas e o papel das oposições e agora nem tenta remediar.
O PSD-Madeira foi dizendo, ao longo dos anos, que os milhões de investimentos no futebol
profissional tinha como objectivo desviar os mais jovens do álcool e da droga, mas os
dados de hoje indicam que a estratégia falhou, como aliás seria de esperar. Será que a culpa
é da oposição?
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Autonomia Social
Bancarrota em 2008?, por Ignacio Ramonet
Lido em Le Monde Diplomatique
Conseguirá o anúncio feito pela Reserva Federal americana de uma importante redução das suas taxas de juro evitar uma recessão nos Estados Unidos e afastar o espectro duma bancarrota mundial? Muitos peritos crêem que sim, receando quando muito uma redução do ritmo do crescimento.
Mas outros analistas, embora adeptos do capitalismo, mostram-se muito inquietos. Em França, por exemplo, Jacques Attali profetiza que «em breve […] a Bolsa de Nova Iorque, caução da pirâmide dos empréstimos, irá desmoronar-se» [1]. Michel Rocard acrescenta mesmo: «A minha convicção é que isto irá em breve explodir» [2].
Convém dizer que os sinais de desconfiança se estão a multiplicar. Mostra-o a actual «corrida para o ouro», voltando o metal amarelo – cujas cotações, em 2007, aumentaram 32 por cento! – a desempenhar o seu papel de valor refúgio. Todos os grandes organismos económicos, entre os quais o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), prevêem uma diminuição do crescimento mundial.
Quase tudo começou em 2001 com o rebentamento da bolha Internet. Para proteger os investidores, Alan Greenspan, nessa altura presidente da Reserva Federal americana, decidiu orientar os investimentos para o sector imobiliário [3]. Através de uma política de taxas muito baixas e de redução das despesas financeiras, levou os intermediários financeiros e imobiliários a incitar uma clientela cada vez maior a investir em imóveis. Foi assim estabelecido o sistema dos subprimes, empréstimos hipotecários de risco e de taxa variável concedidos às famílias mais frágeis [4]. Mas quando a Reserva Federal, em 2005, aumentou a taxa de juro de referência (aquelas, precisamente, que acabara de reduzir), com isso desregulou a máquina e desencadeou um efeito dominó, fazendo vacilar o sistema bancário internacional a partir de Agosto de 2007.
A ameaça de insolvência de quase três milhões de famílias, endividadas em cerca de 200 mil milhões de euros, levou à falência importantes instituições de crédito. Para se precaverem contra esse risco, estas tinham vendido uma parte dos seus créditos duvidosos a outros bancos, os quais os cederam a fundos de investimento especulativos, que, por sua vez, os disseminaram em bancos do mundo inteiro. Resultado: qual epidemia fulminante, a crise atingiu o sistema bancário como um todo.
Importantes instituições financeiras – Citigroup e Merrill Lynch, nos Estados Unidos, Northern Rock, no Reino Unido, Swiss Re e UBS, na Suíça, Société Générale, em França, etc. – acabaram por admitir que tiveram perdas colossais. Algumas dessas instituições, para limitar o desastre, tiveram de aceitar capitais provenientes de fundos soberanos controlados por potências do Sul e das petromonarquias.
Ainda ninguém sabe qual é a dimensão exacta dos danos. Desde Agosto de 2007, os bancos centrais norte-americano, europeu, britânico, suíço e japonês injectaram na economia centenas de milhares e milhões de euros sem conseguirem restaurar a confiança.
Da economia financeira, a crise propagou-se para a economia real. E uma conjunção de factores – redução acelerada dos preços do imobiliário nos Estados Unidos (mas também no Reino Unido, na Irlanda e em Espanha), esvaziamento da bolha de liquidez, queda do dólar, restrição do crédito – fazem de facto temer um nítido recuo do crescimento mundial. A isso vêm ainda juntar-se outros fenómenos, tais como o aumento dos preços do petróleo, das matérias-primas e dos produtos alimentares. Ou seja, os ingredientes de uma crise que está para durar [5]. A mais importante desde que a globalização passou a constituir o quadro estrutural da economia mundial.
A saída desta crise reside agora na capacidade que as economias asiáticas tenham para revezar o motor norte-americano. Nesse caso, isso será uma nova manifestação do declínio do Ocidente, pressagiando a próxima deslocação do centro da economia-mundo dos Estados Unidos para a China. E se assim for, a presente crise irá assinalar o fim de um modelo.
Conseguirá o anúncio feito pela Reserva Federal americana de uma importante redução das suas taxas de juro evitar uma recessão nos Estados Unidos e afastar o espectro duma bancarrota mundial? Muitos peritos crêem que sim, receando quando muito uma redução do ritmo do crescimento.
Mas outros analistas, embora adeptos do capitalismo, mostram-se muito inquietos. Em França, por exemplo, Jacques Attali profetiza que «em breve […] a Bolsa de Nova Iorque, caução da pirâmide dos empréstimos, irá desmoronar-se» [1]. Michel Rocard acrescenta mesmo: «A minha convicção é que isto irá em breve explodir» [2].
Convém dizer que os sinais de desconfiança se estão a multiplicar. Mostra-o a actual «corrida para o ouro», voltando o metal amarelo – cujas cotações, em 2007, aumentaram 32 por cento! – a desempenhar o seu papel de valor refúgio. Todos os grandes organismos económicos, entre os quais o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), prevêem uma diminuição do crescimento mundial.
Quase tudo começou em 2001 com o rebentamento da bolha Internet. Para proteger os investidores, Alan Greenspan, nessa altura presidente da Reserva Federal americana, decidiu orientar os investimentos para o sector imobiliário [3]. Através de uma política de taxas muito baixas e de redução das despesas financeiras, levou os intermediários financeiros e imobiliários a incitar uma clientela cada vez maior a investir em imóveis. Foi assim estabelecido o sistema dos subprimes, empréstimos hipotecários de risco e de taxa variável concedidos às famílias mais frágeis [4]. Mas quando a Reserva Federal, em 2005, aumentou a taxa de juro de referência (aquelas, precisamente, que acabara de reduzir), com isso desregulou a máquina e desencadeou um efeito dominó, fazendo vacilar o sistema bancário internacional a partir de Agosto de 2007.
A ameaça de insolvência de quase três milhões de famílias, endividadas em cerca de 200 mil milhões de euros, levou à falência importantes instituições de crédito. Para se precaverem contra esse risco, estas tinham vendido uma parte dos seus créditos duvidosos a outros bancos, os quais os cederam a fundos de investimento especulativos, que, por sua vez, os disseminaram em bancos do mundo inteiro. Resultado: qual epidemia fulminante, a crise atingiu o sistema bancário como um todo.
Importantes instituições financeiras – Citigroup e Merrill Lynch, nos Estados Unidos, Northern Rock, no Reino Unido, Swiss Re e UBS, na Suíça, Société Générale, em França, etc. – acabaram por admitir que tiveram perdas colossais. Algumas dessas instituições, para limitar o desastre, tiveram de aceitar capitais provenientes de fundos soberanos controlados por potências do Sul e das petromonarquias.
Ainda ninguém sabe qual é a dimensão exacta dos danos. Desde Agosto de 2007, os bancos centrais norte-americano, europeu, britânico, suíço e japonês injectaram na economia centenas de milhares e milhões de euros sem conseguirem restaurar a confiança.
Da economia financeira, a crise propagou-se para a economia real. E uma conjunção de factores – redução acelerada dos preços do imobiliário nos Estados Unidos (mas também no Reino Unido, na Irlanda e em Espanha), esvaziamento da bolha de liquidez, queda do dólar, restrição do crédito – fazem de facto temer um nítido recuo do crescimento mundial. A isso vêm ainda juntar-se outros fenómenos, tais como o aumento dos preços do petróleo, das matérias-primas e dos produtos alimentares. Ou seja, os ingredientes de uma crise que está para durar [5]. A mais importante desde que a globalização passou a constituir o quadro estrutural da economia mundial.
A saída desta crise reside agora na capacidade que as economias asiáticas tenham para revezar o motor norte-americano. Nesse caso, isso será uma nova manifestação do declínio do Ocidente, pressagiando a próxima deslocação do centro da economia-mundo dos Estados Unidos para a China. E se assim for, a presente crise irá assinalar o fim de um modelo.
O ROLO COMPRESSOR DA MAIORIA
A maioria fez-se valer do número para impedir a reunião da comissão permanente a pedido de um partido da Oposição. Refiro-me ao pedido do CDS para reunir a comissão permanente da Assembleia da República, para tratar da segurança. (Ah/há, mas são verdes!). Nós, por cá (Madeira), felizmente não temos destes problemas!
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DEMOCRACIA OU DITADURA
O primeiro teste da regionalização, Francisco Jaime Quesado
Lido no Público
O Pólos de Competitividade acaba por ser o primeiro grande teste das virtualidades da Regionalização em Portugal
O Governo vai finalmente lançar o programa Pólos de Competitividade no âmbito de sectores estratégicos como saúde, moda e automóvel, entre outros, e esta importante iniciativa de dinamização da economia nacional coincide com um momento em que a questão da regionalização volta a estar na agenda estratégica nacional. A excessiva concentração de activos empresariais e de talentos nas grandes metrópoles, como é o caso da Grande Lisboa, uma aterradora desertificação das zonas mais interiores, na maioria dos casos divergentes nos indicadores acumulados de capital social básico, relançou a questão da aposta na regionalização. Os pólos de competitividade, como projectos integrados de base regional, acabam por ser o primeiro grande teste das virtualidades da regionalização em Portugal.
Os actores regionais (municípios, universidades, associações empresariais, entre outros) na apresentação de soluções estratégicas para os pólos de competitividade têm sido uma surpresa positiva. Desde o health cluster do Norte ao pólo Smart Energia do Centro, passando pelo automóvel e pelas TIC, entre outros, todos os protagonistas do conhecimento vieram a jogo. Trata-se de um movimento de "aglomeração de base" da sociedade civil, numa lógica de "eficiência colectiva" em que a capacidade regional de afirmar capacidades numa lógica mais global vem ao de cima. Os objectivos estratégicos de potenciar dimensão para o futuro nestes pólos são claramente um exemplo de exame à capacidade efectiva dos territórios de "agarrarem" o desafio da regionalização com convicção.
O sucesso dos pólos de competitividade é fundamental para o futuro do país. É um objectivo que não se concretiza meramente por decreto. É fundamental que a sociedade civil agarre de forma convicta este desígnio e faça da criação destas "novas plataformas de competitividade" a verdadeira aposta estratégica colectiva para os próximos anos. O que está verdadeiramente em causa em tudo isto é a assunção, por parte do país, de um verdadeiro desígnio estratégico de alterar o modelo mais recente de evolução de desenvolvimento e de implementar "pólos de competitividade" ao longo do país, fixando dessa forma riqueza e talentos que de outra forma tenderão a concentrar-se unicamente na grande metrópole.
Regionalizar significa, assim, assumir de forma séria o compromisso de um novo modelo de desenvolvimento. Neste contexto, a questão surge então - como deverão ser operacionalizados os pólos de competitividade ao longo do território? São conhecidas nesta matéria várias experiências internacionais, que vão da Finlândia ao conhecido modelo francês, passando pelo modelo de organização consolidado nos últimos anos em Espanha, através das regiões autónomas. Não há soluções universais e deve ser atenta nesta matéria a particular especificidade do nosso país e as competências centrais de que dispõe, de forma a conseguir apostar numa solução adequada para o futuro.
O papel do Investimento Directo Estrangeiro de Inovação, articulado com universidades e outros centros de competência, vai ser decisivo nesta área e ao Estado caberá a inelutável missão de regular com rigor e sentido estratégico. Mas a chave do segredo estará na capacidade local de fazer a diferença. Os actores regionais (municípios, universidades, associações empresariais) terão que saber desenvolver um verdadeiro "pacto estratégico" para o futuro do seu território. E as opções terão que ser claramente assumidas. Por isso, estamos perante o primeiro teste sério à regionalização. Gestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento
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Regionalização
Factos apenas...
1. A crise no Cáucaso beneficia o candidato do Partido Repúblicano, McCain, além de fazer outra vez a vítima do costume: a Europa;
2. Uma falha do sistema informático nos aeropostos americanos está a deixar em terra os membros da Convenção Democrática que se prepara, num estádio de mais de 70 mil lutar, que convém que esteja cheio, no encerramento, para ouvir o discurso da consagração de Barack Obama.
2. Uma falha do sistema informático nos aeropostos americanos está a deixar em terra os membros da Convenção Democrática que se prepara, num estádio de mais de 70 mil lutar, que convém que esteja cheio, no encerramento, para ouvir o discurso da consagração de Barack Obama.
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ELEIÇÕES AMERICANAS
Celular ou telemóvel?
Lido aqui.
"Há meia dúzia de dias atrás, um diretor de um jornal de referência nas bancas portuguesas perguntava: - com o Acordo Ortográfico iremos dizer "celular", ou "telemóvel"? e pronunciava "cèlular", ostensivamente. o seu interlocutor, talvez surpreendido pela estupidez da pergunta, fez ouvidos de mercador e prosseguiu calmamente o que estava dizendo. eu acho que devia ter respondido.
em primeiro lugar, um acordo ortográfico diz respeito a como se escreve e não a como se fala. e nesse aspeto, nem "celular", nem "telemóvel" vão ter grafia diferente.
em segundo lugar, a pergunta tinha a manha de sugerir que, uma vez que os brasileiros dizem "celular" ("cèlular") e os portugueses dizem "telemóvel" (tèlèmóvel"), talvez uns e outros não falem bem a mesma língua.
acontece que o primeiro nome que a coisa teve em Portugal foi, precisamente, "celular" - palavra que se refere ao modo de transmissão e funcionamento da coisa. só depois foi criada essa aberração linguística que é o "telemóvel". aberração porque é um neologismo híbrido do grego (tele - ao longe, à distância) e do latim (mobilis - movel) cujo senso é nulo: "móvel à distância".
a pretensão de que chamar coisa diferente ao aparelho significa diferença linguística só é possível na mentalidade lisboeta, que não tem mundo à volta.
ainda não vai há muito tempo, ao ir de Bordéus a Lyon por Clermont-Ferrand, encontrei três nomes para a cousa: num lado era "mobile", noutro "celulaire" e noutro, ainda, "portable". todos falavam um francês irrepreensível e todos sabiam a que coisa cada qual se estava a referir".
"Há meia dúzia de dias atrás, um diretor de um jornal de referência nas bancas portuguesas perguntava: - com o Acordo Ortográfico iremos dizer "celular", ou "telemóvel"? e pronunciava "cèlular", ostensivamente. o seu interlocutor, talvez surpreendido pela estupidez da pergunta, fez ouvidos de mercador e prosseguiu calmamente o que estava dizendo. eu acho que devia ter respondido.
em primeiro lugar, um acordo ortográfico diz respeito a como se escreve e não a como se fala. e nesse aspeto, nem "celular", nem "telemóvel" vão ter grafia diferente.
em segundo lugar, a pergunta tinha a manha de sugerir que, uma vez que os brasileiros dizem "celular" ("cèlular") e os portugueses dizem "telemóvel" (tèlèmóvel"), talvez uns e outros não falem bem a mesma língua.
acontece que o primeiro nome que a coisa teve em Portugal foi, precisamente, "celular" - palavra que se refere ao modo de transmissão e funcionamento da coisa. só depois foi criada essa aberração linguística que é o "telemóvel". aberração porque é um neologismo híbrido do grego (tele - ao longe, à distância) e do latim (mobilis - movel) cujo senso é nulo: "móvel à distância".
a pretensão de que chamar coisa diferente ao aparelho significa diferença linguística só é possível na mentalidade lisboeta, que não tem mundo à volta.
ainda não vai há muito tempo, ao ir de Bordéus a Lyon por Clermont-Ferrand, encontrei três nomes para a cousa: num lado era "mobile", noutro "celulaire" e noutro, ainda, "portable". todos falavam um francês irrepreensível e todos sabiam a que coisa cada qual se estava a referir".
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
L'ITALIANO VERO
Laciatemi Cantare Con La Chitarre In Mano
Laciatemi Cantare Sono Un Italiano
1. Strophe
Buongiorno Italia, gli spaghetti al dentee un partigiano come presidente
con lÂ’autoradio sempre nella mano destra, un canarion sopra la finestra
buongiorno italia con i tuoi artisti,con troppÂ’ america sui manifesti,
con le canzoni con amore, con il cuore, con piu donne e sempre menu suore.
Buongiorno Italia, buongiorno Maria con gli occhi pieni di malinconia
Buongiorno Dio, lo sai che ci sono anchÂ’io.
Refrain
Laciatemi cantare con la chitarra in mano
Laciatemi cantare una canzone piano piano
Laciatemi cantare, perché ne sono fiero.
Sono un Italiano, un Italiano vero
2. Strophe
Bongiorno Italia, che no si spaventa
e con la crema da barba alla menta,
con un vestito gessato sul blu e la moviola la domenica in TV.
Buongiorno Italia col caffè ristretto,
le calze nuove nel primo cassetto,
con la bandiera in tintoria e una 600 (sechenta) gui di carrozzeria.
Buongiorno Italia, buongiorno Maria con gli occhi dochi di malinconia
Buongiorno Dio, lo sai che ci sono anchÂ’io.
Refrain
Laciatemi cantare con la chitarra in mano
Laciatemi cantare una canzone piano piano
Laciatemi cantare, perché ne sono fiero.
Sono un Italiano, un Italiano vero
Bridge
Refrain
Laciatemi cantare con la chitarra in mano
Laciatemi cantare una canzone piano piano
Laciatemi cantare, perché ne sono fiero.
Sono un Italiano, un Italiano vero
Deixe-me cantar
com o violão na mão,
Deixe-me cantar
sou um italiano.
Bom-dia Itália, os espaguetes "al dente"
e um partidário como Presidente,
com o autoradio sempre na mão direita
e um canarino na janela.
Bom-dia Itália com teus artistas,
com América demais nos cartazes,
com as musicas com "amor",
com "coração", com mais mulheres,
sempre menos freiras.
Bom-dia Itália,
bom-dia Maria
com os olhos cheios de melancolia,
bom-dia Deus
você sabe que estou aqui também eu.
Deixe-me cantar
com o violão na mão,
Deixe-me cantar
uma canção bem baixinho.
Deixe-me cantar
porque sinto orgulho,
sou um italiano
um italiano verdadeiro.
Bom-dia Itália que não se apavora,
e com o creme de barbear ao sabor de menta,
com um terno com listras azuis
e a "câmara lenta" ao domingo na TV.
Bom-dia Itália com o café forte,
as meias novas na primeira gaveta,
com a bandeira na tinturaria
e una 600 com carroçaria velha.
Bom-dia Itália,
bom-dia Maria
com os olhos cheios de melancolia,
bom-dia Deus
você sabe que estou aqui também eu.
Deixe-me cantar
com o violão na mão,
Deixe-me cantar
uma canção bem baixinho.
Deixe-me cantar
porque sinto orgulho,
sou um italiano
um italiano verdadeiro.
Deixe-me cantar
com o violão na mão,
Deixe-me cantar
uma canção bem baixinho.
Deixe-me cantar
porque sinto orgulho,
sou um italiano
um italiano verdadeiro.
domingo, 24 de agosto de 2008
PERFEITO!
Acabaram os jogos olímpicos. O encerramento foi perfeito. Como a abertura fora perfeita. Estamos no reino da utopia. E a utopia é o sistema perfeito. Abrange a totalidade. A dialéctica marxista-leninista é perfeita. Tudo cabe dentro dela. E o que não cabe é imperfeito. Por isso é justo que vá para os campos de concentração. Na Madeira, o sistema é perfeito. Imperfeita é a oposição. Por isso está a mais no parlamento. O que é imperfeito não se deve mostrar. A não ser como exemplo da imperfeição. Por isso a oposição não aparece na televisão, a não ser como exemplo da imperfeição. O actual líder do PS é imperfeito, como os outros, os anteriores e os que hão-de vir. A oposição não é deste reino perfeito. É doutro reino. O reino da Democracia, que é o reino da imperfeição, das coisas inacabadas e em construção. Perfeito é o sistema, que tudo abrange. Perfeito!
P.S.
Perfeito, perfeito, perfeito mesmo era se a gente vivesse num sistema imperfeito!
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DEMOCRACIA OU DITADURA
DECÁLOGO DA NÃO COOPERAÇÃO
Depois da entrada das tropas ruas na cidade de Praga, pondo fim à chamada Primavera de Praga, a população reagiu a invasão soviética de forma não violenta, desnorteando as tropas. A organização quase espontânea foi em parte liderada pela cadeia de vários pequenos transmissores construídos às pressas por membros do exército tcheco e aficcionados por radiotransmissores: a Rádio Tchecoslováquia Livre. Cada emissora transmitia instruções para a população por não mais que 9 minutos e depois saia do ar, dando o espaço para uma outra, impossibilitando assim a triangulação do sinal. Suas instruções eram para a população manter a calma e sobretudo não colaborar com os invasores. Os russos ainda tentaram trazer uma potente estação de rádio para criar interferências nos sinais, porém, os ferroviários tchecos com uma extrema negligência, atrasaram a entrega e quando a estação chegou ao seu destino estava inutilizável.
Os russos conseguiram uma ocupação total em poucas horas, porém chegaram a um impasse político, as diversas tentativas para criar um governo colaboracionista fracassaram e a população tcheca foi eficiente em minar a moral das tropas. No dia 23 se iniciou uma greve geral e no dia 26 se publicou o decálogo da não cooperação:
26 de Agosto - Publicação do "decálogo da não cooperação":
1. não sei.
2. não conheço.
3. não direi.
4. não tenho.
5. não sei fazer
6. não darei
7. não posso
8. não irei
9. não ensinarei
10.não farei!
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DEMOCRACIA OU DITADURA
INVASÃO DA CHECOSLOVÁQUIA: CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS
22-Ago-2008
1968 foi um ano intenso: a guerra do Vietname mobilizava exércitos de combatentes e uma opinião pública quase planetária; em França, o mês de Maio assinalaria a criação de uma frente ampla de estudantes e operários na contestação da exploração capitalista, Israel e o Líbano envolveram-se num aceso conflito, Marcelo Caetano Caetano substituiu Salazar. E a Humanidade conseguiu colocar uma nave na órbita da lua. Em Agosto, os tanques soviéticos irrompiam em Praga para pôr fim aos ímpetos reformistas do Socialismo de Rosto Humano proposto por Alexander Dubcek. Fica uma breve cronologia dos acontecimentos de Praga.
1968
5 de Janeiro - Alexander Dubcek assume a liderança do Partido Comunista da Checoslováquia
8 de Março - estudantes polacos protestam em Varsóvia, cantando "Abaixo a censura" e "Viva a Checoslováquia"
13 de Março - a censura é revogada na Checoslováquia
5 de Abril - apresentação pública das propostas reformistas dos intelectuais comunistas
15 de Abril - Primavera traz renovação política à Checoslováquia
Junho - O documento "Duas Mil Palavras" foi publicado na Liternární Listy (Gazeta Literária), escrito por Ludvík Vaculík e assinado por personalidades de todos sectores sociais, pedindo a Dubcek que acelerasse o processo de abertura política.
20 de Julho - Os líderes checoslovacos em Praga rejeitam a convocatória soviética para uma conferência em Moscovo.
16 de Agosto - o Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética aprova o envio de tropas do Pacto de Varsóvia para "repor a ordem" na Checoslováquia. Entre Março e Agosto, realizaram-se conversações entre Moscovo e os dirigentes da Checoslováquia e dos países do Tratado de Varsóvia, a fim de definir o rumo a tomar.
21 de Agosto 200 mil soldados e 5 mil tanques do Pacto de Varsóvia invadiram a Checoslováquia. Tanques soviéticos entram em Praga. Dubcek é detido e transportado para Moscovo.
22 de Agosto - Os checoslovacos, revoltados, respondem com armas e pedaços de pau.
23 de Agosto - O presidente checoslovaco Svoboda desloca-se à União Soviética para conversações. Greve geral na Checoslováquia
26 de Agosto - Publicação do "decálogo da não cooperação.
1 de Setembro - Partido Comunista checoslovaco desafia a URSS e admite líderes liberais
10 de Setembro - Governo checoslovaco legisla garantindo a protecção aos direitos individuais
13 de Setembro - Os checoslovacos cedem e Dubcek renuncia.
4 de Outubro - Soviéticos ficam na Checoslováquia
7 de Novembro - Multidão queima a bandeira soviética e enfrenta a polícia em Praga
17 de Novembro - Estudantes ocupam edifícios da universidade de Praga em apoio a reformas progressistas.
1969
16 de Janeiro - Jan Palach ateia fogo ao próprio corpo na Praça Venceslau em Praga
Abril - Dubcek é substituído à frente do partido por Gustav Husak
1974
Carta aberta assinada por Alexander Dubcek e dirigida à Assembleia Federal ratifica os postulados democráticos de 1968, critica as posições políticas do Partido e denuncia os abusos de poder do primeiro secretário Husak.
1977
Janeiro - 243 checos, entre eles Václav Havel, assinaram a Carta 77, que criticava o governo por falhar na implementação dos direitos humanos e não cumprir o Acordo de Helsínquia assinado pela Checoslováquia em 1975. O Governo reagiu com repressão e condenou alguns do subscritores a prisão.
1989
17 de Novembro de 1989 - Revolução de Veludo.
1990
Junho - primeiras eleições democráticas; Václav Havel foi eleito presidente da república.
1993
28 de Outubro e 17 de Novembro - Independência da República Checa e da Eslováquia
2004
1 de Maio - República Checa e Eslováquia aderem à União Europeia e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO)
(Lido aqui)
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DEMOCRACIA OU DITADURA
Anúncio por SMS:Obama escolhe Joseph Biden para a vice-presidência
Anúncio por SMS:
O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, escolheu o seu colega de Senado Joseph Biden, de 65 anos, como o seu candidato à vice-presidência, de acordo com um SMS enviado a mais de dois milhões de pessoas que puseram o seu nome numa lista para saber a novidade de forma oficial.
O nome de Biden, actualmente presidente da comissão dos Negócios Estrangeiros do Senado, era já falado desde ontem como o provável "número dois" de Obama.
Biden é um pilar da vida política americana desde que se tornou senador, em 1972, ano em que Obama completou apenas 11 anos.
As candidaturas de outros três nomes fortes que tinham sido igualmente ventilados - Hillary Clinton (Nova Iorque), Evan Bayh (Indiana) e Tim Kaine (Virginia) - terão sido descartados por Obama, segundo fontes não identificadas.
A campanha de Obama tem previsto anunciar oficialmente o seu candidato à vice-presidência hoje de manhã, estando depois agendada uma aparição pública dos dois candidatos num comício em Springfield, Illinois.
Esta escolha deverá dar novo ímpeto à campanha de Obama, depois de nos últimos dias ter perdido a vantagem nas sondagens sobre o seu adversário republicano, John McCain. Simultaneamente, Biden poderá ser o rosto da experiência que venha a seduzir um eleitorado hesitante em votar num jovem candidato.
A equipa do republicano John McCain, de 71 anos, reagiu de imediato a esta notícia, afirmando que a escolha de Biden é uma espécie de "admissão" por parte de Obama de como não está preparado para dirigir os destinos da União, uma teoria martelada há vários meses pelos republicanos.
O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, escolheu o seu colega de Senado Joseph Biden, de 65 anos, como o seu candidato à vice-presidência, de acordo com um SMS enviado a mais de dois milhões de pessoas que puseram o seu nome numa lista para saber a novidade de forma oficial.
O nome de Biden, actualmente presidente da comissão dos Negócios Estrangeiros do Senado, era já falado desde ontem como o provável "número dois" de Obama.
Biden é um pilar da vida política americana desde que se tornou senador, em 1972, ano em que Obama completou apenas 11 anos.
As candidaturas de outros três nomes fortes que tinham sido igualmente ventilados - Hillary Clinton (Nova Iorque), Evan Bayh (Indiana) e Tim Kaine (Virginia) - terão sido descartados por Obama, segundo fontes não identificadas.
A campanha de Obama tem previsto anunciar oficialmente o seu candidato à vice-presidência hoje de manhã, estando depois agendada uma aparição pública dos dois candidatos num comício em Springfield, Illinois.
Esta escolha deverá dar novo ímpeto à campanha de Obama, depois de nos últimos dias ter perdido a vantagem nas sondagens sobre o seu adversário republicano, John McCain. Simultaneamente, Biden poderá ser o rosto da experiência que venha a seduzir um eleitorado hesitante em votar num jovem candidato.
A equipa do republicano John McCain, de 71 anos, reagiu de imediato a esta notícia, afirmando que a escolha de Biden é uma espécie de "admissão" por parte de Obama de como não está preparado para dirigir os destinos da União, uma teoria martelada há vários meses pelos republicanos.
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ELEIÇÕES AMERICANAS
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
FESTA DA LIBERDADE
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
500 ANOS DO FUNCAL - V - A IMPRENSA
Amanhã, a imprensa trará os discursos da autoridades superiores do distrito, oh, perdão, isso era antes, dos altos dignatários da Autonomia e da Capital da RAM. Virão também, no fundo da página, uma declarações dos representes da oposição, sim, porque isto é uma democracia, caramba!
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o sistema laranja cai à gargalhada
500 ANOS DO FUNCAL - IV - A "ESQUERDA" ALBUQUERQUE
A denominada "esquerda Albuquerque" - também conhecida como os "intelectuais do regime" - que nas regionais não se sabe em quem vota, nas nacionais até é capaz de votar vermelho, que vota Soares e quejandos nas presidenciais, que está à espera que o PS se regenere para votar PS (costuma dizer em segredo (não me compremetas!), que toca guitarra e braguinha, faz teatro e tem programs na TV, oh!, que giro, verseja e declama poesia, e que nas municipais faz figas por Albuquerque, tem dado um tom colorido às comemorações albuquerquinas, tão futuristas como as do Ferro, o António.
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500 ANOS DO FUNCAL - III - A PLURALIDADE
Os representantes da Oposição, como convém a uma democracia avançada como a nossa, foram convidados- num guião de entrevista que se aprende na 4a. classe - a dizer o que de pior e o de melhor - esta parte era desnecessária porque todos os dias a RTP repete - que o Funchal e a edilidade tem. Foi lindo, por parte da nossa diducha televisão, duidui.
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500 ANOS DO FUNCAL - II - A ENTREVISTA
O Prefeito perfeito, Miguel Albuquerque, cuja obra à frente da edilidade nunca é demais realçar, deu uma espectacular e longa entrevista à nossa querídíssima, queriducha, dududu, Televisão, onde foi visível a brilhante estratégia para a nossa capital.
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o sistema laranja
500 ANOS DO FUNCHAL - I - A SESSÃO SOLENE
Sua Excelência o Senhor Presidente do Conselho - de governo - Doutor Alberto João Jardim, fez um brilhante discurso no Salão Nobre da Câmara Municipal do Funchal alusivo à efeméride.
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o sistema laranja
SOCIALISTA E CIGANO E NEGRO E ZULU E CHINÊS E BRANCO E ÍNDIO E TÁRTARO E JUDEU E ÁRABE E QUALQUER ETNIA DO MUNDO
Ninguém poderá ter a veleidade de julgar sequer que pode ofender um socialista, comparando-o a um elemento de qualquer etnia. É também esse o espírito dos jogos olímpicos, cujos anéis multicores são a consagração do cosmopolitismo dos povos. Como Cristão, sou daltónico.
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OS VALORES DA CIVILIZAÇÃO
40 VITÓRIAS DO PSD, 40 DERROTAS DA DEMOCRACIA
Tendo em conta as condições de desigualidade democrática em que o PSD obteve as suas vitórias elas equivaleram, infelizmente, a 40 derrotas da Democracia. Essas vitórias não orgulham ninguém, eu não as queria para mim e, certamente, nenhum democrata as quer!
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DEMOCRACIA OU DITADURA
VITÓRIAS NA MADEIRA: PSD 40, OPOSIÇÃO 8
Portanto, não venha mais o PSD nem a imprensa do regime falar em 40 a zero, são 40 a oito, e em que condições!
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DEMOCRACIA
8 vitórias da Oposição, 8!
É verdade, o diário engana-se mas o bastaqsim também se engana: a Oposição não tem três mas oito vitórias, dado que as cinco vitórias do PSD reivindica nas presidenciais também podem ser reivindicadas pelo CDS! Admira-me que o CDS não o faça, mas, na verdade a propaganda do PSD é de tal ordem que é difícil contrariar a realidade. Recapitulemos,então, caso por caso, em postagens seguintes.
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o sistema laranja
3 VITÓRIAS DA OPOSIÇÃO - O DIÁRIO DE NOTÍCIAS BARALHA AS CONTAS
O Diário de Notícias, num trabalho sobre a "guerra civil" larvar no PSD, diz que o PSD tem 40 vitórias e a Oposição zero. Ora, nas 40 vitórias do PSD estão cinco presidenciais. Das duas uma, ou o Diário inclui as vitórias presidenciais, ou não inclui. Se inclui, são 40 vitórias do PSD, 3 da Oposição; se não inclui, são trinta e cinco vitórias do PSD, 0 da Oposição.
Está tudo aqui, aqui e ainda aqui.
Ora, o que o Diário se limitou a fazer foi a repetir o que diz o PSD: o PSD diz 40 e o Diário diz 40, o que mostra até que ponto a imprensa regional repete a propaganda do sistema laranja, sobre as vitórias da Oposição, como não há propaganda, o Diário ignora as vitórias dos candidatos presidenciais que o PSD e ou o seu líder não apoiaram e que ganharam na Madeira. Vê-se que ali nada mais há que a repetição da verdade oficial. O PSD diz que o Governo da República rouba a Madeira, a imprensa faz eco, e sobre os 500 milhões da UE que a irresponsabilidade do PSD fez a Madeira perder, nada. Mantém-se, quer na imprensa quer na blogosfera oficiosa, um silêncio de chumbo e de conspiração às 7 e a todas as horas. E depois ainda são capazes de suspirar: Madeira Minha Vida! Ou será PPD Minha Paixão?
Quanto à peça do Diário sobre a vida «interna» do PSD é sopa aquecida de uma hora para outra, comida requentada - limita-se a dizer o óbvio. O que o Diário tem é de dizer e pôr nu os interesses que estão por trás de cada facção e a situação que já estão a provocar no presente, tipo Ossétia do Norte, Ossétia do Sul.
P.S.
Mesmo assim, o diário faz uma chamada de primeira página para a reportagem em que o título não remete para a divisão do PSD mas para a criação de um novo partido. Que cuidado... É assim que tratam a Oposição?
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
SILÊNCIO DE MANUELA FERREIRA LEITE DÁ MARGEM DE MANOBRA A CAVACO
O silêncio de Ferreira Leite, que tem levantado um alvoroço no país, dá uma larga margem de manobra a Cavaco para vetar diplomas sensíveis que tem em Belém, nomeadamente a lei de Segurança Interna, votada só com os votos do PS. Se Ferreira Leite criticasse e o Presidente vetasse, já pensaram? Por outro lado, os eventuais vetos de Cavaco abrirão um amplo espaço a Manuela, cujo objectivo, tal como o de Durão em 99 é impedir a maioria absoluta do PS, a qual, a não acontecer, será o princípio da contagem decrescrente para a dissolução do parlamento por Cavaco no segundo mandanto e o regresso do PSD ao poder, obviamente liderado por Ferreira Leite.
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PRESIDENTE DA REPÚBLICA
terça-feira, 19 de agosto de 2008
VIGOROSA DENÚNCIA DO SISTEMA
Um artigo veemente de João Carlos Gouveia, Presidente do PS-M, para ler aqui.
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o sistema laranja
UM PAÍS, DOIS SISTEMAS, propõe Vítor Freitas
Vítor Freitas defende: se os Órgãos de Soberania acham que a Democracia funcional bem na Madeira, então devem consagrar na Constituição da República Portuguesa o modo como ela, a Democracia, funcion na Madeira: o parlamento não fiscaliza o Governo e este não vai ao parlamento; os deputados do PSD não falam e não deixam a oposição falar. Aliás, a prestação de contas do Governo ao parlamento foi substituída vergonhosamente por audiências dos membros do governo regional ao PSD ao grupo parlamentar do PSD. É ditatorial mas coerente - assim funcionam os sistemas de partido único! E a isto, os jornalistas e comentadores de pacotilha do regime não dizem nada?
Veja a entrevista de Vítor Freitas aqui.
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o sistema laranja
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
UNIÃO EUROPEIA: UMA NOVA UNIÃO SOVIÉTICA?
Antes, uma declaração de interesses - eu sou um europeísta convicto e até tenho sérias reservas à ratificação do tratado europeu por referendo porque entendo que os textos constitucionais devem ser aprovados nos parlamentos - imagine-se o que é uma maioria circunstancial em Portugal poder convocar um referendo constitucional. Contudo, a forma como a União Europeia se está a desenvolver, com burocratas desconhecidos a impor directivas europeias, levanta-me muitas apreensões. Disse-o ainda recentemente num debate eurpeu na Universidade de Verão com o deputado europeu Manuel dos Santos e, cerca de 8 anos com o embaixador Seixas da Costa - disse que a União Europeia se está a sovietizar - hoje, um cidadão europeu está como um cidadão soviético: votamos nas eleições europeias, mas sentimos que o nosso voto não será decisivo para alterar a política europeia, tal como os cidadãos soviéticos nada tinham a dizer sobre o que decidida o Soviete Supremo. Admiti então que as minhas declarações pudessem ser consideradas heresias. Este artigo que a seguir transcrevo, do escritor e dissidente soviético, Vladimir Bukovsky, através do blogue Esquerda Revolucionária, de Roberto Almada, que lhe foi enviado pelo seu camarada e meu amigo Rodrigo Trancoso, é um documento sobre o qual podemos ter divergências aqui e ali mas que nos coloca questões pertinentes e urgentes:
"É surpreendente que após ter enterrado um monstro, a URSS, se tenha construído outro semelhante: a União Europeia (UE). O que é, exactamente a União Europeia? Talvez fiquemos a sabê-lo examinando a sua versão soviética.
A URSS era governada por quinze pessoas não eleitas que se cooptavam mutuamente e não tinham que responder perante ninguém. A UE é governada por duas dúzias de pessoas que se reúnem à porta fechada e, também não têm que responder perante ninguém, sendo politicamente impunes.
Poderá dizer-se que a UE tem um Parlamento. A URSS também tinha uma espécie de Parlamento, o Soviete Supremo. Nós, (na URSS) aprovámos, sem discussão, as decisões do Politburo, como na prática acontece no Parlamento Europeu, em que o uso da palavra concedido a cada grupo está limitado, frequentemente, a um minuto por cada interveniente.
Na UE há centenas de milhares de eurocratas com vencimentos muito elevados, com prémios e privilégios enormes e, com imunidade judicial vitalícia, sendo apenas transferidos de um posto para outro, façam bem ou façam mal. Não é a URSS escarrada?
A URSS foi criada sob coacção, muitas vezes pela via da ocupação militar. No caso da Europa está a criar-se uma UE, não sob a força das armas, mas pelo constrangimento e pelo terror económicos.
Para poder continuar a existir, a URSS expandiu-se de forma crescente. Desde que deixou de crescer, começou a desabar. Suspeito que venha a acontecer o mesmo com a UE. Proclamou-se que o objectivo da URSS era criar uma nova entidade histórica: o Povo Soviético. Era necessário esquecer as nacionalidades, as tradições e os costumes. O mesmo acontece com a UE parece. A UE não quer que sejais ingleses ou franceses, pretende dar-vos uma nova identidade: ser «europeus», reprimindo os vosso sentimentos nacionais e, forçar-vos a viver numa comunidade multinacional. Setenta e três anos deste sistema na URSS acabaram em mais conflitos étnicos, como não aconteceu em nenhuma outra parte do mundo.
Um dos objectivos «grandiosos» da URSS era destruir os estados-nação. É exactamente isso que vemos na Europa, hoje. Bruxelas tem a intenção de fagocitar os estados-nação para que deixem de existir.
O sistema soviético era corrupto de alto a baixo. Acontece a mesma coisa na UE. Os procedimentos antidemocráticos que víamos na URSS florescem na UE. Os que se lhe opõem ou os denunciam são amordaçados ou punidos. Nada mudou. Na URSS tínhamos o «goulag». Creio que ele também existe na UE. Um goulag intelectual, designado por «politicamente correcto». Experimentai dizer o que pensais sobre questões como a raça e a sexualidade. Se as vossas opiniões não forem «boas», «politicamente correctas», sereis ostracizados. É o começo do «goulag». É o princípio da perda da vossa liberdade. Na URSS pensava-se que só um estado federal evitaria a guerra. Dizem-nos exactamente a mesma coisa na UE. Em resumo, é a mesma ideologia em ambos os sistemas. A UE é o velho modelo soviético vestido à moda ocidental. Mas, como a URSS, a UE traz consigo os germes da sua própria destruição. Desgraçadamente, quando ela desabar, porque irá desabar, deixará atrás de si um imenso descalabro e enormes problemas económicos e étnicos. O antigo sistema soviético era irreformável. Do mesmo modo, a UE também o é. (…)
Eu já vivi o vosso «futuro»…".
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política internacional
GUIDA VIEIRA COLOCA O DEDO NA FERIDA
Num artigo contundente e corajoso no Diário, Guida Vieira, do Bloco de Esquerda, chama a atenção da responsabilidade da comunicação social e dos jornalistas em particular na qualidade da democracia. Está tudo aqui.
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COMUNICAÇÃO SOCIAL
MADEIRA MODERNA, defende líder da JS-M
O líder da Juventude Socialista, em entrevista ao Diário afirma que: "o futuro da Madeira passa, sem dúvida, pela nossa geração", atirou Orlando Fernandes.
Uma geração de jovens qualificados, com acesso a tecnologias e que "facilmente se adapta aos desafios do futuro", por isso, "defendemos não uma 'Madeira Nova', como aquela que outros defendem, mas uma 'Madeira Moderna', que passa por apostar em políticas ambientais e de energia", resumiu.
Sobre a 'velha geração', Orlando Fernandes referiu que está a preparar um discurso para a festa do PS-Madeira, na Fonte do Bispo, no final do mês, onde deverá falar do "desafio que é colocado à nova geração". E acrescenta: "O futuro da Região não passa por este Governo da década de 70, que vê as coisas e o futuro a preto e branco e que, maioritariamente, tem secretários regionais desde praticamente a sua formação, após o 25 Abril. Não estarão lá muito mais tempo e, portanto, a nossa geração tem um papel fundamental", diz ao Diário.
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
AO DIÁRIO: E SOBRE O PSD NÃO HÁ NADA? É O PSD UM MUNDO PERFEITO?
Em poucos dias, o Diário dedicou largo espaço e várias edições ao Estado da Oposição, como se ela fosse a responsável sobre o que se passa nesta terra - desde a perda de 500 milhões de euros de fundos europeus ao PIB - que é bruto, tão bruto que o povo não liquida nada. E quanto ao PSD, aquilo é um mundo perfeito, fechado, o Diário serve objectivamente de o PSD, ou o jornalismo de investigação pára à porta do PSD? Aquilo é o admirável mundo novo, onde todos cantam hossanas e nada há para fizer, certamente. Ainda há dias eu passava junto à sede do Partido - qual partido? ora qual partido - qual é o Partido de que se fala na União Soviética - e ouvi, vindo de lá, um coro celestial - Glóóóóóóóória in excelsis Albertum! - lindo!
Ainda assim, se pergunta, sobre o Estado do PSD, o Diário não faz nenhuma peça?
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o sistema laranja cai à gargalhada
O QUE É QUE PENSA O DIÁRIO DE NOTÍCIAS SOBRE O FUNCIONAMENTO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA REGIONAL?
O Diário de Notícias, mais uma vez, faz hoje um trabalho sobre a Oposição e, claro, a receita é sempre a mesma: culpa do que se passa da Madeira é do ... PS, sim, do PS, não me enganei - o diário é que nos pretende enganar. E a restante oposição, teve novamente uma recaída - o PS, sim, é culpado de tudo. E o PSD? De nada! Note-se: eu, paradoxalmente, deve dizer que têm razão - as grandes responsabilidades de tudo isto é do PS no seu todo - dos diferentes Presidentes da República oriundos do PS quase alguns, dos Governos do PS - muitas vezes se negociou entre o PS nacional e o PS nas costas do PS/Madeira - por isso eu não aceito que nada se possa fazer, discurso fatalista que ouvi ao longo de muitos anos - não, é possível fazer e muito mais - e há que salientar que a estratégia de Autonomia estratégica do PS/Madeira em relação ao PS nacional - que se não deu ainda mais resultados graças a uma comunicação social amorfa e vergada ao poder - e nela o Diário com graves responsabilidades - que finge que não percebe isto - o PSD está de facto incomodado com o facto de, pela primeira vez, começar a assumir os custos políticos da sua governação. Outra causa de esta estratégia ainda não estar a dar mais resultados são as condições políticas que a Oposição tem na Assembleia Regional - e que, pelos vistos parece não merecerem críticas à própria oposição. Por isso se pergunta: não há nenhum jornalista, nenhum analista, nenhum comentador no Diário que tenha opinião sobre os direito de oposição na ALR. E a questão é muito simples:
1. Concorda o Diário de Notícias com o que se passa na ALR em termos de direitos da Opsição.
2. Ou não concorda.
Diga se sim ou não ou porquê - e diga-o claramente. Note-se, admito que o Diário concorde com a atitude do PSD ou não - aliás, não admito a ideia, que vem de uma certa atitude intelectual de uma certa esquerda que não se pode defender sem complexos o que faz o PSD - aliás, nesta terra é perigoso ser da Oposição e fica mal visto quem se assume do PSD - é a lei do silêncio - o madeirense é um povo muito cauteloso - o que não aceito é que não haja ninguém naquela casa, desde o Director ao mais simples colunista, que nada diga sobre o assunto. Não pode o diário se resguardar no humor leve das caricaturas dos "carros do Monte" ou da arara - onde ganha o espaço dos críticos do sistema - para não emitir uma posição séria sobre o assunto.
1. Concorda o Diário de Notícias com o que se passa na ALR em termos de direitos da Opsição.
2. Ou não concorda.
Diga se sim ou não ou porquê - e diga-o claramente. Note-se, admito que o Diário concorde com a atitude do PSD ou não - aliás, não admito a ideia, que vem de uma certa atitude intelectual de uma certa esquerda que não se pode defender sem complexos o que faz o PSD - aliás, nesta terra é perigoso ser da Oposição e fica mal visto quem se assume do PSD - é a lei do silêncio - o madeirense é um povo muito cauteloso - o que não aceito é que não haja ninguém naquela casa, desde o Director ao mais simples colunista, que nada diga sobre o assunto. Não pode o diário se resguardar no humor leve das caricaturas dos "carros do Monte" ou da arara - onde ganha o espaço dos críticos do sistema - para não emitir uma posição séria sobre o assunto.
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COMUNICAÇÃO SOCIAL
ESVAZIAR O CASAMENTO, por Pedro Vaz
Lido no Público
Volta a estar na ordem do dia a polémica da redefinição do conceito jurídico do casamento e da admissibilidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Parece que a polémica perdurará até à próxima legislatura...
Ao contrário do que, muitas vezes, se pretende fazer crer, não está em causa o reconhecimento público de desejos ou preferências individuais, mas o relevo social da instituição familiar, a sua importância na perspectiva do bem comum e da harmonia social.
Quando a Declaração Universal dos Direitos Humanos se refere à família como "núcleo natural e fundamental da sociedade", é esse relevo social que tem em consideração. Quando Tony Blair afirmou, numa conferência do Labour Party, que "uma nação que pretende ser forte não pode ser neutral em relação à família", também era esse relevo social que tinha em conta. E isso significará que a família deve ser promovida, porque das diferentes formas de convivência só ela estrutura a sociedade como seu alicerce e núcleo fundamental.
É claro que a família não pode ser promovida quando começa por ser descaracterizada, concebida como um conceito vazio onde cabe tudo. A primeira forma de promoção da família é o reconhecimento público da sua identidade própria e, consequentemente, do seu imprescindível papel social.
Este reconhecimento fica comprometido com a equiparação das uniões homossexuais à família. Só a união estável entre homem e mulher pode estruturar a vida social como seu alicerce fundamental, pois só ela garante a renovação das gerações e um ambiente onde a formação destas se dá de um modo completo e harmonioso, com o contributo insubstituível das dimensões masculina e feminina, as quais só em conjunto compõem a riqueza integral do humano.
Já se adivinha a contra-argumentação recorrente: nunca ninguém discutiu a admissibilidade do casamento de casais estéreis.
Há que dizer, por um lado, que estas uniões são acidentalmente estéreis, quando a união entre pessoas do mesmo sexo é estruturalmente estéril (é estéril por definição, precisamente por ser uma união entre pessoas do mesmo sexo, não por outros motivos).
De qualquer modo, mesmo nos casos de casais sem filhos o reconhecimento social do casamento desempenha uma função social que não pode ser desempenhada por uniões entre pessoas do mesmo sexo. Esse reconhecimento não diz respeito, primordialmente, à atribuição de um conjunto de direitos e deveres, mas ao quadro simbólico de referência da sociedade; a ele está associada uma mensagem cultural. Através desse reconhecimento, de algum modo se "presta homenagem" à riqueza da dualidade sexual na perspectiva social do bem comum.
A sociedade estrutura-se a partir dessa dualidade, como salientou o político socialista francês Lionel Jospin quando afirmou a evidência de que a sociedade "se divide entre homens e mulheres, não entre homossexuais e heterossexuais". Muito antes, já o tinha afirmado o Génesis ("Deus os criou Homem e Mulher"), evidenciando não só uma intuição característica da cultura judaico-
-cristã onde nos integramos, mas uma realidade natural que também está presente nos relatos fundadores das culturas mais diversificadas. A diferença estrutural entre homem e mulher corresponde a um desígnio natural que faz dessa diferença uma ocasião de enriquecimento recíproco, que apela à unidade e comunhão a partir da diversidade. É isto mesmo que exprime a instituição do casamento, que as diferenças entre homem e mulher não são uma ocasião de conflito, mas de colaboração e enriquecimento recíprocos. E é assim em todos os domínios da vida social, onde a dualidade sexual deve ser sempre encarada como uma riqueza, uma ocasião não de conflito, mas de colaboração. É esta "unidade na diversidade" que a instituição do casamento, pelo simples facto de existir, "proclama".
E não é assim por opção do Estado. O casamento não é uma criação do Estado. Este limita-se a reconhecer uma instituição que lhe é anterior, que alguém correctamente qualificou como a mais perene das instituições. E não pode deixar de revelar um pendor totalitário a pretensão do Estado de (numa operação ideológica de "engenharia social") redefinir em dois tempos essa instituição. Jurista
Volta a estar na ordem do dia a polémica da redefinição do conceito jurídico do casamento e da admissibilidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Parece que a polémica perdurará até à próxima legislatura...
Ao contrário do que, muitas vezes, se pretende fazer crer, não está em causa o reconhecimento público de desejos ou preferências individuais, mas o relevo social da instituição familiar, a sua importância na perspectiva do bem comum e da harmonia social.
Quando a Declaração Universal dos Direitos Humanos se refere à família como "núcleo natural e fundamental da sociedade", é esse relevo social que tem em consideração. Quando Tony Blair afirmou, numa conferência do Labour Party, que "uma nação que pretende ser forte não pode ser neutral em relação à família", também era esse relevo social que tinha em conta. E isso significará que a família deve ser promovida, porque das diferentes formas de convivência só ela estrutura a sociedade como seu alicerce e núcleo fundamental.
É claro que a família não pode ser promovida quando começa por ser descaracterizada, concebida como um conceito vazio onde cabe tudo. A primeira forma de promoção da família é o reconhecimento público da sua identidade própria e, consequentemente, do seu imprescindível papel social.
Este reconhecimento fica comprometido com a equiparação das uniões homossexuais à família. Só a união estável entre homem e mulher pode estruturar a vida social como seu alicerce fundamental, pois só ela garante a renovação das gerações e um ambiente onde a formação destas se dá de um modo completo e harmonioso, com o contributo insubstituível das dimensões masculina e feminina, as quais só em conjunto compõem a riqueza integral do humano.
Já se adivinha a contra-argumentação recorrente: nunca ninguém discutiu a admissibilidade do casamento de casais estéreis.
Há que dizer, por um lado, que estas uniões são acidentalmente estéreis, quando a união entre pessoas do mesmo sexo é estruturalmente estéril (é estéril por definição, precisamente por ser uma união entre pessoas do mesmo sexo, não por outros motivos).
De qualquer modo, mesmo nos casos de casais sem filhos o reconhecimento social do casamento desempenha uma função social que não pode ser desempenhada por uniões entre pessoas do mesmo sexo. Esse reconhecimento não diz respeito, primordialmente, à atribuição de um conjunto de direitos e deveres, mas ao quadro simbólico de referência da sociedade; a ele está associada uma mensagem cultural. Através desse reconhecimento, de algum modo se "presta homenagem" à riqueza da dualidade sexual na perspectiva social do bem comum.
A sociedade estrutura-se a partir dessa dualidade, como salientou o político socialista francês Lionel Jospin quando afirmou a evidência de que a sociedade "se divide entre homens e mulheres, não entre homossexuais e heterossexuais". Muito antes, já o tinha afirmado o Génesis ("Deus os criou Homem e Mulher"), evidenciando não só uma intuição característica da cultura judaico-
-cristã onde nos integramos, mas uma realidade natural que também está presente nos relatos fundadores das culturas mais diversificadas. A diferença estrutural entre homem e mulher corresponde a um desígnio natural que faz dessa diferença uma ocasião de enriquecimento recíproco, que apela à unidade e comunhão a partir da diversidade. É isto mesmo que exprime a instituição do casamento, que as diferenças entre homem e mulher não são uma ocasião de conflito, mas de colaboração e enriquecimento recíprocos. E é assim em todos os domínios da vida social, onde a dualidade sexual deve ser sempre encarada como uma riqueza, uma ocasião não de conflito, mas de colaboração. É esta "unidade na diversidade" que a instituição do casamento, pelo simples facto de existir, "proclama".
E não é assim por opção do Estado. O casamento não é uma criação do Estado. Este limita-se a reconhecer uma instituição que lhe é anterior, que alguém correctamente qualificou como a mais perene das instituições. E não pode deixar de revelar um pendor totalitário a pretensão do Estado de (numa operação ideológica de "engenharia social") redefinir em dois tempos essa instituição. Jurista
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