Miguel Portas:
"Mas hoje não é de Orçamento nacional que vos quero falar, mas do outro, o 28º, o de Bruxelas. É uma coisa na casa dos 130 mil milhões de euros. É, ao mesmo tempo, muito dinheiro e dinheiro quase nenhum, porque representa apenas 1% do PIB europeu. Ao contrario do nosso Orçamento, o europeu obedece a máximos de despesa definidos para períodos de 7 anos e, cereja no bolo, não pode apresentar défice. É o tipo de orçamento que faz as delícias da senhora Merkel e dos Medinas e Duques da nossa praça. Ainda por cima, tem um método de financiamento infalível porque sai dos cofres dos 27 Estados. Embora paguem, os governos adoram a fórmula. Afinal, quem paga manda.
Em contexto de austeridade os governos apresentaram uma proposta ultraforreta. Até aqui, nenhuma novidade, todos os anos repetem o número. Inabitual é, contudo, a falta de memória. Com efeito, os 27 governos assinaram um acordo em que se obrigavam a rever o actual quadro financeiro (2007/2013) a meio do percurso. A crise apenas acrescentou razões para tal necessidade. Ela bem justificaria mais e melhor Europa, em particular para acorrer às situações mais difíceis. Sucede que os governos não querem nem ouvir falar disto.
Eles não entendem o mal que estão a fazer à ideia europeia. Ou talvez entendam e até demais: que belo bode expiatório encontraram para as políticas do inevitável".
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