domingo, 10 de fevereiro de 2008

"O ABUTRE [SOMOS] NÓS"








Este comentário "o abutre que aguarda pacientemente pela carniça desta criança representa todos nós" publicado conspirativamente às 7 por um bloque aqui perto de si, revela um profundo humanismo de que, se calhar, o autor - com quem nem sempre, e ainda bem, estou de acordo (sobretudo quando fala da qualidade eventual de candidatos que talvez não conheça tão bem quanto isso) - não se terá apercebido.Sim, aquele abutre que se prepara para pairar sobre a criança somos nós, com a nossa indiferença, com a nossa surdez, com o nosso comodismo, com as nossas ambições que não passam pelos outros e a sua sorte: "vemos, ouvimos e lemos, não pode[ríam]mos ignorar" - mas ignoramos, mas passamos ao lado, mas não nos movemos, não nos pomos a caminho porque "não podemos caminhar com fome e sem amor/dai-nos sempre deste pão/teu Corpo e Sangue, Senhor" - beleza cuja estética e ética não compromete [apenas] os crentes de um qualquer credo - mas todos aqueles que entendem o profundo signicado desta foto - quem a tirou, "viu-a" na plenitude do seu signicado e viu-a por nós todos. E se foi capaz de a ver, significa que ainda somos capazes de ver. Logo somos capazes de transformar. Por isso repito: ESTOU PESSIMISTA COM O QUE VEJO. MAS OPTIMISTA COM O QUE ANTEVEJO".

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