terça-feira, 24 de agosto de 2010

Cortar (da) Direita e da Esquerda o que houver que ser cortado


Num texto, muito bem escrito
, aliás, (só não entendo o título, não conheci nenhum movimento que se tivesse formado nem com o mesmo nome nem com o mesmo propósito de convergência das várias forças políticas), o Cortar (d)Direita, pela pena do seu editor, faz uma narrativa histórica com algum rigor, e lembra a última coligação PS/CDS para as autárquicas em que eu próprio e o autor daquele blogue fizemos campanha, até porta-a-porta. Convém lembrar que fui, nos órgãos próprios do PS, contra aquela coligação por entender que as coligações se fazem para ganhar e aquele, manifestamente, não era o momento. Além de que acho que uma candidatura exclusivamente com o CDS me parecia redutora. (Aliás, neste momento, o ninguém falou em acofdos eleitorais, que são muito mais complexos e requerem uma base programática e até consistência sociológica. Mas, uma vez aprovada, trabalhei para ela e até fui candidato num lugar bem cinzento, eu que havia sido o membro da ass. municipal mais activo no mandato anterior, coisas do meu partido e de todos, mas lá acabei por chegar à assembleia.
Agora, Roberto, feita a narrativa histórica, sem que o ignoremos, até para que nos sirva a sageza, não vale a pena ficar refém do passado. As culpas de cada um e as acusações mútuas só têm impedido que todos avancem. Todos, não, o PSD avança sempre enquanto os outros recuam. Ou se constrói ou se não constrói, trata-se agora de construir.
Eu percebo, não só pelo texto que agora escreves como por outros, qual é actualmente o sonho do CDS e o teu desejo pessoal, quando dizes que se calhar o PS, que é quem propõe já não lidera “numa fase em que o PS-M tem a sua mais fraca influência eleitoral, querer assumir um papel de liderança que se calhar já não terá”; ou seja, o CDS parece que tem como objectivo vir a liderar a Oposição e acha que a Plataforma Democrática pode ser um obstáculo a esse desiderato. Quanto a isso cabe dizer três coisas: primeiro, é legítimo que o CDS – ou qualquer outra força política querer liderar a Oposição - seria melhor que quisesse criar as condições para uma alternativa de governo; segundo, se o CDS ou quem quer que seja pensar de uma forma egoísta, acabará por não conseguir nem uma coisa nem outra; em terceiro lugar, se o CDS pensa mesmo em grande e tem ambições, a Plataforma Democrática é uma oportunidade para todos, se todos quiserem servir a Madeira, como é certamente o teu caso.
Depois falas na credibilidade e velhos problema internos. Duas notas: se há coisas que distinguem o Partido Socialista é a sua pluralidade, a ideia da Plataforma Democrática é uma ideia livre, adere quem quer e é bem provável que haja socialistas que não adiram. Problemas internos, ó Roberto, achas que eu te vou lembrar quem apoiou ou deixou de apoiar os lideres internos no teu partido ou no meu? Achas que isso é um problema ou é um sinal de democracia nos nossos partidos, sendo que no partido do poder todos são obrigados a apoiar o líder? Olha, como sabes, eu não subscrevi nem a moção de Sócrates nem de Serrão para lideres mas aceitei a vontade da maioria.
Já quanto à credibilidade também não vou por aí, mas há, de facto, uma corrente em cadeia. Paulo Portas diz que Sócrates não é credível para Primeiro-Ministro e, por via, disso os socialistas escolheram-no mal; José Manuel Rodrigues diz que Alberto João Jardim não é agora o líder indicado para Presidente do Governo e, portanto, isso obrigaria os outros, o PSD, a escolherem outro; agora, Roberto, dizes que não devia ser nem o PS nem Serrão a propor a Plataforma Democrática.
Eu não cometerei a descortesia de dizer que José Manuel Rodrigues não tem credibilidade para liderar o PP por dois motivos: porque não me meto na vida interna dos outros partidos; porque, permita-se-me a interferência, é neste momento o melhor líder para o PP, eu que, helá!, já votei no passado Ricardo Vieira, tal como já votei Paulo Martins, ou Ilda Figueiredo, em diferentes actos e épocas eleitorais, que simpatizo com a franqueza de José Manuel Coelho, embora nem sempre concorde com o PND. Não concordei com a forma como JMR pôs as coisas quanto à liderança de AJJ, num artigo, aliás, muito bem lavrado.
Há um ponto, porém, do (teu) texto, que vale a pena realçar especialmente, que é quando tu dizes, Roberto “esta solução teoricamente poderia servir de facto para derrubar este regime instalado, visto que acima de tudo está a nossa Madeira”. Lúcido e clarividente como és, tocaste no ponto! Não sirva a ambição do CDS, legítima, para impedir a sua participação nesta convergência, porque a Plataforma Democrática respeita as ambições cria as condições de quem, em nome delas, quer servir a Madeira. Não sirva a credibilidade ou a alegada falta do partido proponente para bloquear a participação de ninguém – se a ideia é boa, Roberto, empresta-lhe a tua credibilidade, a ambição de criar uma nova solução política por parte do CDS e convirjam na Plataforma Democrática.

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