sábado, 28 de agosto de 2010

Calma! Raimundo Quintal é um homem que acredita na regeneração do Regime. É o Marcello Caetano do sistema, acredita na evolução na continuidade

Eu li atentamente a entrevista do Dr. Raimundo Quintal ao Diário de Notícias e a sua evolução é do típico cidadão americano que diz, naqueles filmes das matinés da tarde, depois de grandes injustiças da administração americana: o sistema não é perfeito mas tem em si as virtualidades da sua própria transformação. Raimundo diz que o governo já não tem criatividade, mas, em havendo criativos, justo o próprio, quem sabe? Mas, quando interrogado sobre as eventuais virtualidades da Plataforma Democrática, a resposta começa pelo fim, não, porque é preciso um novo paradigma. E ele já sabe o que é a Plataforma Democrática? Não, nem quer saber. É verdade que a Oposição precisa de um novo paradigma, mas o discurso da impossibilidade, do bloqueio, não facilita e serve objectivamente o regime. Todos os que dizem que nada é possível fazer são aliados, conscientes ou inconscientes, da situação. O Dr. Raimundo Quintal tem a seu favor o que fez, nem sempre bem, nem sempre mal, pelo ambiente, mas a verdade é que as afirmações universais e abstractas ou quase, ficam na periferia mas não vão para além das fronteiras do regime, além de alimentarem, como aqueles jornalistas que vêem tantos defeitos nas conferências de imprensa da oposição, mas nunca nas do poder, que têm tantos reparos a fazer à oposição mas nem uma palavra sobre o regime, a teoria de que a maldade do regime tem a génese na Oposição, pronto que seja, mas isso é para absolver o regime, e, portanto, a afirmação do Dr. Raimundo Quintal de que a Plataforma Democrática não é a solução, sem a conhecer mata a entrevista e confirma o seu papel na perpetuação do regime. O Dr Raimundo sabe muito bem, quando é requisitado pela comunicação social nos momentos de crise, que a sua participação exaustiva na comunicação social impede outras figuras críticas, nomeadamente do ambiente, de serem ouvidas. Porque não se ouve, por exemplo, a Quercus? Ou Hélder Spínola, Gil Canha, Idalina Perestrelo, Violante Saramago Matos ou outros? Ah! pois! Portanto, objectivamente o Dr. Raimundo Quintal pode ser a consciência crítica do regime, do regime, note-se, mas não é contra o regime, e acha, eu não acho, que o regime se autorregenera. Queira o Dr. Raimundo Quintal dar o seu contributo para a criação de um novo paradigma e mostrar que tudo isto que aqui está escrito não passa de um equívoco!

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