Nem quanto ganha o director administrativo da mesma empresa, nem o chefe de redacção, nem o director da RTP/RDP-Madeira, nem o director de programas, nem de outro director de outro órgão de comunicação regional qualquer. Nem vou aqui denunciar o eventual corporativismo de os ordenados escandalosos de algumas figuras da televisão pública serem um atentado às dificuldades que os portugueses vêm passado e haver um silêncio quanto a isso em todos os media.
É claro que, não posso deixar de enunciar princípios, por exemplo, o enorme poder que hoje os meios de comunicação social terem, muito mais do que os poíticos democraticamente eleitos, e, nessa circunstância, poderem ter um poder de influência muito maior do que os democratas eleitos, e, assim, ser passível de discussão que os jornalistas possam ter, tal como os políticos, de declarar os seus vencimentos ao Tribunal Constitucional.
Também não vou aqui falar que, dentro do conceito de propriedade social da empresa que defendo, não poder ser aceite pacificamente que, em empresas, públicas ou privadas, os vencimentos, as reformas, os dividendos de gestores e accionistas serem escandalosamente mais elevados percentualmente do que os vencimentos dos trabalhadores, seja em tempo de crise ou não.
Agora não entendo é que os media, numa cultura que, tenham eles consciência ou não, se insere na cultura salazarista antiparlamentar, se preocupem com os ordenados dos políticos e não denunciem estas discrepâncias de vencimentos. Para mim, é pacífico que quem descontou toda a vida tenha a sua reforma por inteiro, ainda que exerça um cargo político.
Mas já agora deixava ao Diário de Notícias e a todos os outros órgãos de comunicação um repto. Sabe-se que, no nosso país, a chamada economia informal representa 25% do PIB. Se isso fosse taxado, o défice e a dívida despareciam, sobretudo aquele. Porque não fazer uma investigação jornalística sobre o assunto? Dá muito trabalho, eu sei, mas é um jornalismo de serviço à comunidade, dentro do conceito de propriedade social, de utilidade social, de serviço à sociedade que defendo para as intituições, sejam quais forem, incluindo as empresas.
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