Primeiro, deixem-me explicar o que significa Liberalismo, pois é aí que devemos começar. Liberalismo é uma doutrina baseada na defesa da liberdade individual, nos campos económico, político, religioso e intelectual, contra as ingerências e atitudes coercitivas do poder do Estado. O Liberalismo é muito sensível por isso aos direitos civis e às liberdades individuais.
[Nota editorial: em que o autor confunde, deliberadamente (parece que sim) ou não, liberalismo, nas suas várias vertentes, nomeadamente política, com neo-liberalismo, vincadamente económico, com supressão do poder interventivo do Estado, ou melhor, dos organismos de regulação, independentes do Estado, e, sobretudo, dos governos]
Segundo, existem países com grandes níveis de Liberalismo, mas onde os cidadãos, por escolha própria através do voto aceitaram ter uma carga fiscal acrescida, complementando assim o papel do Estado com mecanismos de apoio social. Os exemplos mais evidentes são a Austrália, o Canadá e a Nova Zelândia. Estes três país estão nos topos dos rankings mundiais de Liberdade individual e económica. Não quer dizer que não haja países liberais, como os EUA, que gostem de ter menos mecanismos de apoio social. O que quero dizer é que tais mecanismos não são incompatíveis, desde que sejam escolhidos voluntariamente pelos cidadãos.
Terceiro, perguntar "Para quando o fim do Neo-Liberalismo?" é o mesmo que perguntar "Para quando o fim da defesa da liberdade individual, económica, politica, religiosa e intelectual e perguntar para quando o fim da submissão do Estado aos cidadãos.". O Liberalismo defende que o Estado tem de estar ao serviço dos cidadãos e não o contrário.
Quarto, existe uma grande confusão em muitas pessoas entre os conceitos de Liberalismo e Capitalismo Selvagem. Muitas vezes mistura-se os conceitos, como de sinónimos se tratassem, mas isso é falso. A China tem um Capitalismo muito mais Selvagem do que o Canadá. No entanto, em todos os rankings mundiais de liberdade individual e liberdade económica, o Canadá é de longe muito mais Liberal do que a China (Ver.: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Index_of_Economic_Freedom_2009.png).
Nós em Portugal, nunca tivemos nenhum Estado verdadeiramente Liberal. O mais próximo que já estivemos foi após o 25 de Abril, com o fortalecimento das liberdades individuais (que actualmente com o descalabro da Justiça, estão em causa). Mas em termos de Liberdade Económica, nunca em 500 anos, estivemos perto de nos podermos considerar Liberais.
É por isso que muitos grupos extremistas de esquerda e de direita, são contra o Liberalismo, porque este é um inimigo do Estado omnipotente e omnipresente, que estes grupos gostam de defender, com o argumento de que tal é melhor para o "bem comum".
Por isso eu respondo à pergunta: "Para quando o fim do neo-liberalismo?"
Bem, depende da zona do Globo que estejamos a falar.
O Liberalismo está "morto" e "enterrado" na Venezuela, em Cuba, na Coreia do Norte, na Arábia Saudita, na Somália, no Zimbábue, no Irão, na Birmânia, e em mais alguns países.
O Liberalismo está gravemente ferido, na Rússia, na China, na Argélia, na Índia, no Paquistão e mais alguns países.
O Liberalismo está doente, em Portugal, em Espanha, em França, em Itália, na Grécia, e mais alguns países.
O Liberalismo está relativamente bem nos EUA, na Alemanha, no Reino Unido, na Suécia, na Dinamarca e em mais alguns países.
O Liberalismo está muito saudável e recomenda-se, no Canadá, na Austrália e na Nova Zelândia.
Por isso, essa pergunta tem várias respostas, dependendo da zona do Globo a nos estamos a referir.
Espero ter contribuindo e ajudado a esclarecer o que é o Liberalismo, para que as pessoas que o queiram "combater", saibam pelo menos o que significa e o que defende.
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