sexta-feira, 25 de junho de 2010

Saiba por que é que se fala cada vez menos de Estado Social: "“A Responsabilidade Social das Empresas é Aumentar o seu Lucro” , Friedman

Veja o que pensava este guru do (neo)liberalismo económico, suspeito de colaborar com Pinochet.

Em 1970, o economista Milton Friedman publicou um artigo intitulado “A Responsabilidade Social das Empresas é Aumentar o seu Lucro” na revista do New York Times. Hoje esse tema é imprescindível, levando as empresas a investir milhões para a considerar. Inúmeras entidades cresceram à volta do conceito e são poucos os executivos que se atrevem a pronunciar contra ela. Esta posição polémica de Friedman, relembrada pela sua morte em 2006 reacendeu o debate em torno da questão. O VER lança o debate e convida à discussão no seu fórum : será que Friedman tinha razão?

(cuidado com tom do artigo!)


© www.friedmanfoundation.org

“... A doutrina da ‘responsabilidade social’ integra a aceitação da visão socialista que são os mecanismos políticos, não os mecanismos do mercado, a forma apropriada para determinar a alocação de recursos escassos para usos alternativos”

Para Friedman, os defensores das responsabilidade social nas empresas estão somente a colocar o socialismo num “embrulho empresarial” que deteriora uma sociedade livre. Ou seja, aqueles que advogam a prática da responsabilidade social brincam ao Robin dos Bosques com o dinheiro dos outros. As empresas deveriam maximizar os seus lucros e retorno para os accionistas para que depois os indivíduos pudessem fazer donativos (ou não) a alguma causa que desejassem.

“As empresas que fizerem algo que não seja maximizar o lucro estão a cometer, simplesmente, um acto imoral”.

Friedman argumenta que estas acções, na verdade, transformam os executivos em funcionários públicos(...) insistindo que numa sociedade democrática, o governo é o único veículo com legitimidade para actuar em prol das preocupações sociais. Num mundo globalizado, as empresas são livres para explorar ou poluir uma comunidade local e, de seguida, mudarem-se para outro sítio. Os mercados livres e os diferentes esquemas que permitem contornar o pagamento de impostos acabam por recompensar as empresas que agem no seu próprio interesse mas sob a bandeira do crescimento económico e da competitividade.

Em resumo, Friedman admite a filantropia individual dos accionistas, mas rejeita a intervenção social por parte das empresas. Este tipo de acções serviriam apenas para desvirtuar e prejudicar a sua identidade e, fundamentalmente, o seu core business. Poderiam ainda levar a perdas significativas de lucros, lesar trabalhadores e consumidores, perder na guerra da competitividade e, em última instância, levar ao afastamento dos accionistas e à consequente falência da empresa.

Esta posição do Prémio Nobel, naturalmente polémica como o autor, tem indiscutivelmente elementos verdadeiros, embora a sua crítica pareça hoje demasiado simplista. No entanto permanece um bom pretexto para reflexão. Está aberto o debate...

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