Depois da revelação dos planos de Franco para atacar Portugal, fica comprovado que Salazar mandou estudar a defesa de Lisboa face a uma invasão espanhola
Missões militares luso-britânicas constituídas por oficiais do Exército elaboraram durante a Segunda Guerra Mundial vários planos de defesa de Portugal, a pedido de Salazar, que nos primeiros anos do conflito temia uma invasão espanhola. No início da guerra, em 1939, é traçado o Plano Barron (a missão militar foi chefiada pelo general Barron), que previa a defesa da capital de ataques aéreos ou vindos do mar. Os documentos foram descobertos pelo historiador Jorge Rocha, que os vai publicar, em breve, em livro.
"O Plano Barron previa a protecção da entrada costeira de Lisboa com artilharia pesada instalada nas margens dos estuários do Tejo e do Sado que disparava a cerca de 30 quilómetros de distância para o mar", explicou Jorge Rocha em entrevista à Lusa. Incluía zonas iluminadas com projectores, uma barragem criada para impedir a entrada de navios inimigos nos estuários do Tejo e Sado, dispositivos de detecção e minas.
Em 1940, um outro plano, elaborado por militares portugueses, mas que previa a colaboração de forças britânicas, equacionava pela primeira vez a possibilidade de poder vir a ser necessário retirar os órgãos de soberania para as ilhas ou colónias. A retirada para os Açores seria o cenário de fundo para a elaboração de mais um plano de defesa luso-britânico, desta vez em 1942.
"Em 1940, ao contrário do que seria de esperar, numa altura em que o leque de ameaças se tinha diversificado, Salazar irá solicitar à Majoria General do Exército que proceda à elaboração de um plano de guerra que considere a defesa terrestre do país na hipótese de uma guerra contra a Espanha", constatou o historiador português na documentação consultada.
Ao mesmo tempo que Salazar ordenava secretamente que se traçassem esses planos, do lado espanhol o ditador Francisco Franco elaborava planos de invasão de Portugal, como expõe o historiador e escritor Manuel Rós Agudo.
"Agora, com o aparecimento do plano de Franco, fica a dúvida se Salazar estaria ou não na posse de informação privilegiada sobre a sua existência. Rós Agudo escreveu que, apesar do estabelecido no Pacto de Amizade e Não Agressão hispano-luso, assinado no dia 17 de Março de 1939, "não se tinha em conta o papel desempenhado pelo Portugal de Salazar durante a Guerra Civil, ajudando quanto pôde a causa de Franco".
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