terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Bernstein


Eduard Bernstein (Berlim, 6 de janeiro de 1850 — Berlim, 18 de dezembro de 1932) foi um político e teórico político alemão. Foi o primeiro grande revisionista da teoria marxista e um dos principais teóricos da social-democracia.

Na Alemanha, em 1875, é fundado o SPD (Sozialistische Partei Deutschland), um partido criado por defensores do socialismo, que, no entanto, foi progressivamente abandonando o objectivo da tomada do poder através de uma revolução e adoptando o objectivo de chegar ao poder através de eleições. Esse objectivo foi ficando cada vez mais próximo à medida que o SPD ia obtendo cada vez melhores resultados eleitorais.

Esta mudança estratégica do SPD teve dois grandes teóricos: Karl Kautsky e Eduard Bernstein.

Este último vai colocar em causa as teses marxistas − não totalmente, mas em alguns aspectos importantes:

ataca a doutrina do materialismo histórico ao considerar que há outros factores para além dos económicos que determinam os fenómenos sociais.
ataca as teses dialécticas por não conseguirem explicar todas as mudanças em organismos complexos, como as sociedades humanas.
ataca a teoria do valor dos bens, ao considerar que aquele vem da utilidade destes.
Coloca também em causa as "leis" da inevitabilidade da concentração capitalista e do empobrecimento crescente do proletariado (aliás, provou com estatísticas que a situação económica do proletariado e o seu poder de compra vinham a melhorar, bem como começavam a haver trabalhadores a tornarem-se proprietários − aumentando a classe média).
Portanto, ataca a idéia da inevitabilidade histórica do socialismo por motivos económicos: o socialismo chegaria mais tarde ou mais cedo, sim, mas por motivos morais, por ser o sistema político mais justo e solidário.

E ataca a idéia da existência de apenas duas classes sociais, uma opressora e uma oprimida, reivindicando a existência de várias classes interligadas e de um interesse nacional superior.

Em alternativa às teses marxistas que criticava, Bernstein defendia a melhoria gradual e constante das condições de vida dos trabalhadores (dar-lhes meios para ascender à classe média), tinha dúvidas quanto à necessidade de nacionalizações em massa de empresas e recusava a via da violência revolucionária para atingir o socialismo (como o socialismo era inevitável por motivos morais, não era necessário derramar sangue por ele − acabaria por chegar um dia).

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