terça-feira, 11 de agosto de 2009
'Bye', 'bye', Manuela (menos um voto no PSD), João Miguel Tavares
Até há coisa de dois anos eu estava convencido de que iria votar em José Sócrates nas eleições legislativas. Não o achava brilhante, mas parecia-me esforçado e com um desejo genuíno de reformar o País em áreas fundamentais. Mas com a acumulação dos vários "casos" tornou-se demasiado evidente que o escrutínio do poder e o exercício da liberdade de imprensa lhe causavam alergia. Sócrates - como ainda há pouco explicou num encontro com bloggers - é um adepto da "liberdade respeitosa", e eu não posso votar em quem cola adjectivos duvidosos à palavra liberdade ou que necessita de um dermatologista sempre que contacta com certos pilares fundamentais da democracia.
Depois, Manuela Ferreira Leite foi eleita. Era uma senhora de quem eu guardava boa impressão, e pensei: "OK, vou votar nela." Mas os primeiros meses à frente do PSD foram um filme de terror capaz de fazer empalidecer as melhores fitas de John Carpenter: primeiro, um silêncio interminável; depois, um conjunto de ideias banalíssimas saídas da Universidade de Verão; finalmente, uma colecção de gaffes que pareciam retiradas de um sketch dos Gato Fedorento. E eu pensei para com os meus botões: "Votar nesta Manuela? É que nem pensar."
Mas a pouco e pouco ela mudou. Começou a dizer coisas com acerto, escolheu um bom candidato para as europeias, venceu contra tudo e contra quase todos. E eu voltei aos meus botões: "Porreiro, pá. A senhora aprendeu. Fez asneiras no princípio mas toda a gente merece uma segunda oportunidade. Agora é que vai ser a bombar." Aí, convenci-me de que tinha tomado uma decisão definitiva: em Setembro iria votar no PSD.
Até que Manuela Ferreira Leite apresenta as suas listas de deputados para as legislativas, onde inclui uma senhora acusada de andar a distribuir casas em Lisboa por amigas e motoristas da câmara e um senhor apanhado pela PJ ao telefone a conversar animadamente sobre malas apinhadas de notas de euro. Ora, lamento muito: eu sou eleitor em Lisboa, e por mais respeito que tenha pelo princípio da inocência não vou correr o risco de ser um voto meu a sentar o rabiosque do senhor António Preto no Parlamento.
Pedro Passos Coelho ficar de fora das listas, ainda é como o outro - teve o que mereceu, depois de passar meses, com ar de sonso, a dar facadas nas costas da líder do PSD. O meu problema não é quem ficou de fora. O meu problema é mesmo quem entrou lá para dentro. A inconcebível inclusão de António Preto demonstra que Manuela Ferreira Leite gosta mais dos seus amigos do que de transparência na vida pública. Ora, esta "política de verdade" já eu conheço de cor, obrigado. O PSD acabou de ficar um voto mais longe da vitória. Bye, bye, Manuela.
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