sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Quando as bandeiras políticas se abatem em nome da solidariedade humana

Na política, continuam alguns a confundir, errada e lamentavelmente, as questões estritamente político-partidárias, com os aspectos humanos e privados, que não se podem misturar com o debate político onde não existem inimigos mas adversários, pessoas que pensam de forma diferente e que têm maneiras diferentes de expressar essas divergências. Nada mais do que isso. As pessoas sabem o que escrevi neste jornal sobre Sócrates, das divergências que tinha (e tenho) no plano político, das críticas às suas decisões enquanto chefe do governo central e das opções partidárias que nada têm a ver entre si. Continuo a pensar que Sócrates foi uma pessoa, das que passaram pelo poder em Lisboa, que deliberadamente mais prejudicou a Madeira, provavelmente estimulado pelas pressões bandalhas de quem sabemos todos. Contudo, realizadas que foram as eleições legislativas, escorraçado o PS do poder por vontade do povo, soberano no seu voto, e afastado Sócrates, o tempo é agora de esperar para ver até que ponto este novo governo de coligação será ou não capaz de devolver a esperança aos portugueses e remobilizar e motivar um país mergulhado na desilusão. Vem tudo isto a propósito da solidariedade pessoal que quero manifestar a José Sócrates, porque há situações e momentos dramáticos na vida de uma pessoa pelos quais ninguém quer passar. Sócrates, no espaço de um mês perdeu o pai e o irmão, ambos vítimas de doença. É demais para qualquer pessoa. Embora reconhecendo que há momentos em que, perante estas contrariedades, o melhor que podemos fazer é refugiar-nos no silêncio e na solidão, parece-me importante, para comigo e a minha consciência, que desse testemunho desta situação e publicamente apresentasse os pêsames a Sócrates. Na certeza de que continuaremos a estar em pólos diferentes, a pensar de forma diferente, no pleno uso da nossa liberdade de pensamento e de escolha. Mas, repito, há momentos em que isso é pouco importante, melhor dizendo, nem sequer é importante, ante a dor e o sofrimento que uma pessoa nestas circunstâncias passa.

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