segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Dicotomia covarde

O analista Paulo Barata, porta-voz informal e oficial, passe a aparante antítese, de uma candidatura ao próximo Congresso do PS (já decidiram quem é o candidato?, ouvi dizer que o núcleo duro está dividido quanto a isso), volta (e eu angustiado, pensando que me já me esquecera nas suas críticas) a citar-me (espero que a pesquisa continue): "quem critica João Carlos Gouveia não é bom socialista": é isso mesmo, mantenho, mutatis mutandis, a dicotomia: quem não critica João Carlos Gouveia, e apoia a candidatura que o camarada Paulo Barata está a lançar, quem não alinha nas análises de Paulo Barata, quem não subscrever as análises do camarada Maximiano Martins - que Paulo Barata apoia, refiro-me, neste caso às analises do actual deputado - não é bom socialista e vendeu-se, logo eu que nunca tive nenhuma avença com o partido, logo eu que entreguei ao partido, enquanto membro do Secretariado da Concelhia do Funchal o que auferi na Assembleia Municipal do Funchal.
Mas o que Paulo Barata não entende é que está a revelar a mentalidade que tem, e que é uma mentalidade sectária e facciosa: no PS, segundo essa mentalidade temos de estar sempre de um lado, de uma facção, não se pode livremente apoia este camarada como candidato, amanhã outro, como se fôssemos não militantes do partido mas de uma facção. Quem me diz a mim que ainda, num futuro distante, não virei a apoiar Paulo Barata a presidente de uma concelhia? Outros virão a citar as críticas que lhe tenho feito hoje. Trabalho perdido. Digo intensamente aquilo que sinto em cada momento, mas não fico prisioneiro das minhas críticas. No essencial, sigo Mário Soares e o seu percurso desde 1973, e quantas vezes, como cidadão socialista discordei dele? Portanto, como não tenho espírito faccioso, e não me sinto incomodado, senão lisonjeado, com disse hoje isto, disse ontem aquilo, até porque a essência do pensamento mantém-se: as dicotomias são totalitarias, um; e que o Farpas, sobretudo o camarada Paulo Barata escolheram um momento de eleições externas para se atirar à Direcção do PS, lá isso, escolheram e mal, dois.

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