Todos sabem a importância dos símbolos na comunicação e na representação de conteúdos culturais, ideológicos, regionais e nacionais, religiosos, etc. A sua importância é tal de ordem que, como se sabe, deu origem a uma nova disciplina, a semiótica. (É também, senão sobretudo, por uma questão simbólica, a qual parte da harmonia que deve haver entre natureza, cultura, crenças religiosas e simbologia - o símbolo representa uma determinada realidade ausente, mesmo quando ela já não tem existência concreta - que se instalou a polémica sobre a terminologia do estado civil dos unidos pela mesma orientação de género, visto que, quanto aos direitos individuais, nada se questiona).
Determinados símbolos, por aquilo que representam na vida de uma comunidade, seja ela local, regional ou nacional, são objecto de verdadeira veneração, como se viu no Euro 2004, com a ostentação determinada e orgulhosa do pavilhão nacional na casa de cada português, do continente às ilhas. Há símbolos, porém, que pela sua génese, ou por falta de documentação histórica, podem conter uma tal ambiguidade sígnica que são objecto de controvérsia. Ainda hoje se discute a heráldica da Bandeira Nacional em alguns dos seus elementos, nomeadamente os castelos. No caso da Bandeira da Região a ambiguidade pode estar no aspecto cromático.
Sobre a questão, propus já que era necessário “lançar a discussão sobre a heráldica: a bandeira da Região deve manter-se, mas englobar os símbolos que são a marca indelével da nossa ancestralidade lusa” (DN, 25 de Janeiro de 1998).
Chegamos, então, ao ponto fulcral. O recém eleito líder do PS-Madeira foi entronizado na base de um programa que tem como um dos pontos fundamentais, senão mesmo essencial, aquilo que denuncia como a perspectiva secessionista que o PSD-Madeira tem da Autonomia. Ora bem, chegou a altura de ser consequente. Se a actual Autonomia, tal como se encontra na Carta Constitucional da Madeira, o Estatuto, é, obviamente, uma realidade graças ao empenho ou à imposição do PSD e se os símbolos dessa autonomia são a Bandeira e o Hino, lanço um repto à actual liderança do Partido Socialista, em coerência com o discurso: apresentar em sede de revisão do Estatuto um projecto de um novo Hino e de uma nova bandeira da Região. Haja coerência estratégica de uma vez por todas.
P. S. – considero adequada a letra do hino regional ao esforço épico dos Madeirenses na conquista da terra e do pão e tem passagens melódicas verdadeiramente em harmonia com o sentido da letra, acho.
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