Nos Açores, o histórico Presidente do Governo Regional, que terá estabelecido, nos primórdios da Autonomia, pontos de contacto com os movimentos separatistas, nem todos de direita nas ilhas atlânticas, foi, depois, considerado um traidor pelos mesmos movimentos que pretendiam a amputação da pátria comum. Os movimentos separatistas foram coevos dos movimentos contra-revolucionários que, no Continente, combateram aquilo que consideraram os excessos da Revolução. Desse ponto de vista, não houve coincidência ideológica mas geométrica com as grandes manifestações que envolveram o espectro político à direita dos socialistas , lideradas pelo fundador histórico do PS.
Mas o que interessa é que quer Mota Amaral, quer Carlos César, situaram na história esses movimentos e não fizeram – nem fazem os socialistas açorianos – da questão o tema actual da luta partidária pela alternância democrática. E foi assim que o PS chegou ao poder naquela região autónoma. O exemplo dos Açores deve-nos servir de norte. De contrário, nunca ultrapassaremos a fase revolucionária e nunca seremos capazes de construir uma alternativa, como é apanágio das democracia europeias. Do ponto de vista político, é esse o caminho. Nem me parece que o combate político possa partir de queixas pessoais, por mais compreensíveis que sejam. Não compreender isso é não ter a grandeza e visão política dos grandes líderes. Ou então, é porque não se tem outra mensagem que não seja a repetição de factos que, sendo históricos, não são, certamente, a base do combate político moderno.
Nas sociedades em que o estabelecimento da democracia implicou uma fase de transição – Portugal, Espanha, África do Sul, – a grandeza dos homens que sofreram os excessos dos regimes de que foram vítimas – Mário Soares, Álvaro Cunhal, Adolfo Soares e Juan Carlos, Nelson Mandela e De Clerk, - impediu a vindicta que amarra ao passado mas impede a construção do futuro. Desse ponto de vista, vivemos num impasse na Madeira. Precisamos de um líder com visão de futuro. Que traga todos à legitimidade de democrática e que ultrapasse de vez a “clandestinidade” para a qual todos mutuamente se empurram. Em nome do Futuro.
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