quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ressurgir, ALBERTO JOÃO JARDIM





E que força de Solidariedade os Portugueses revelaram em relação à catástrofe de 20 de Fevereiro, na Madeira.
Os Portugueses do próprio arquipélago, os Portugueses em todo o território nacional, os Portugueses nas mais diversas Comunidades Emigrantes.


Celebrar a Ressurreição, seja qual a óptica diferente com que A encaram cristãos e não-cristãos, tal empurra-nos para todas as descobertas e entendimentos possíveis do que seja ressurgir.
Este é o meu estado de espírito possível, relembrando o que desabou sobre a Madeira durante o meu outono de vida, o qual me trazia, feliz e serenamente, no arrumar de longa carreira política, com a memória a seleccionar o que de mais relevante o cérebro programava guardar.
E se em matéria religiosa a Ressurreição levanta tantos porquês, mais até por razões de Fé do que por posições ateístas, nestas coisas do mundo onde estamos em mera passagem – para os crentes, em desígnio de Deus, para os ateus no cumprimento de uma mera ordem biológica, mas sempre Ordem que terá axiomaticamente uma Causa primeira – voltando à terra, a estas coisas do mundo, é legítima a vontade de ressurgir, é sinal de Fé e manifestação de Esperança.
Mas é preciso começar pela descoberta dentro de nós próprios, daquilo que racionaliza o ímpeto de ressurgir.
E procurar nos outros, em espírito de comunidade, a força entre todos transmitida das mais diversas maneiras e com os sinais mais diferentes. Saber ler o querer desta força colectiva e, depois, saber organizá-la, mantendo a autenticidade das motivações, respeitando os Valores que as impelem.
E que força de Solidariedade os Portugueses revelaram em relação à catástrofe de 20 de Fevereiro, na Madeira.
Os Portugueses do próprio arquipélago, os Portugueses em todo o território nacional, os Portugueses nas mais diversas Comunidades Emigrantes.
Obrigado!
Do fundo do coração, esta é a palavra simples para dizer tudo, em vez de quaisquer adornos vocabulares.
A maneira grande – é este o termo – como eticamente se esqueceram rivalidades, atritos, queixas, para a Nação, na sua diversidade inclusivamente política, reagir afirmativamente como um todo, mostrar o seu melhor colectivo. Afirmar a Coesão nacional sem se deixar motivar por questões menores com que alguns nos pretenderam pôr uns contra os outros através da exploração negativa das diferenças legítimas e decorrentes da própria Natureza e geografia. Ao ponto de agitarem fantasmas ridículos!...
Afinal, onde andava este Portugal?
Esta Nação fantástica que sabe reagir pela positiva e se unir construtivamente ante adversidades bem dolorosas.
Tanto tempo perdido, Portugal.
Tanto tempo que todos, cada um de nós andamos a perder, quando temos todas as capacidades intactas para saber agarrar o futuro.
Basta querer. E, querer, é vontade de trabalhar. É não hesitar. É não perder tempo em tergiversações exclusivamente teóricas, redutoras, desperdícios donde não se encontram as definições imprescindíveis, nem se decide, nem se conduz a acção necessária.
Há o egoísmo, bem sei, há as vaidades insuportáveis. Mas também há processos de os anular.
Saibamos ler os sinais que resultam da catástrofe que vitimou dezenas de portugueses da Madeira.
Os sinais que esta Nação foi capaz de dar.
Que não implicam cada um abdicar das suas convicções, das suas crenças, dos seus afectos, das suas escolhas.
Implicam um novo espírito, demonstrado possível, entre todos os Portugueses. Implicam mais Solidariedade e mais Trabalho.
Afinal, Portugal está vivo. Se quiser, pode ressurgir de tanto problema acumulado.
E, se tal conseguido com o esforço de todos, já na próxima Páscoa, sejam quais as convicções de cada um, ao menos poderá dizer: «...e Paz na terra aos Homens de Boa Vontade».

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