quinta-feira, 1 de abril de 2010

Político que não tenha a consciência do que significa e exige a Língua Portuguesa, agindo em conformidade, não merece representar o País,



Artigo O mais e o menos, de José Carlos de Vasconcelos, revista Visão

(...) Para lá da espuma dos dias e das lutas partidárias ou eleitorais, há outras realidades, outras questões, mais importantes e decisivas, que tanto têm a ver com o nosso passado mais perene como com o nosso futuro mais fecundo. Refiro-me às atinentes à Língua Portuguesa, o nosso maior património, com destaque para a Comunidade dos países que a falam e/ou a têm como idioma oficial (a CPLP) e tudo que representa, em múltiplos domínios. Uma prova flagrante da falta de grandeza e de visão de sucessivos governantes está no descaso face a ela ou na sua menorização. O mesmo se podendo dizer de muitos media: não me recordo, por exemplo, de nenhuma entrevista televisiva ao Presidente ou ao primeiro-ministro em que fossem questionados sobre estas matérias...

Mas alguma coisa estará ou poderá vir a mudar. Ao assumir a presidência da CPLP, Portugal definiu como primeira prioridade a língua. Agora, o Brasil promoveu uma Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, que reuniu em Brasília dezenas e dezenas de políticos, diplomatas e, sobretudo, representantes da "sociedade civil" dos países de idioma comum. Que discutiram o tema, a forma de projectar no mundo o Português, além de o ensinar mais e melhor, inclusive onde é língua oficial, mas não materna, para boa parte da população.

Foi um debate diversificado, enriquecedor, estimulante, este que juntou tanta gente dos Oito (e não só) espalhados pelos quatro continentes, divididos por oceanos mas unidos pelo Português. A 31, já após o fecho desta edição, devem ter-se reunido, também em Brasília, os ministros dos Negócios Estrangeiros, sob a presidência de Luís Amado, aguardando-se que as suas conclusões e decisões correspondam à expectativa e se concretizem... O MNE, em particular através do Instituto Camões, teve papel muito activo na Conferência. Mas, apesar da sua importância, nem na cerimónia de abertura, que encheu o Auditório do Itamarty, esteve presente a RTP, cuja programação (da RTP I) mereceu críticas acesas de vários intervenientes no encontro.

É a hora da luta pela valorização, expansão e maior presença no mundo do Português, em particular como língua oficial na ONU. Político que não tenha a consciência do que significa e exige a Língua Portuguesa, agindo em conformidade, não é digno do melhor da nossa História e cultura, não merece representar o País e o povo, seja em que condição for.

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