domingo, 12 de abril de 2009

Afinal, os partidos têm programa e convicções, ideologia e organização, ou não?

1. Não entendo que um partido tenha um programa, tenha uma ideologia, tenha um projecto, tenha militância e, depois, quando se trata de propor candidaturas eleitorais vá buscar pessoas que, às mais das vezes, nunca se identificaram ideologicamente, sempre habitaram a zona incolor das ideias, sempre viram a actividade política como uma questão menos nobre.
2. Há, contudo, cidadãos que nunca esconderam a sua ideologia, sempre lutaram por uma causa, sempre combateram por um ideal, sem, necessariamente, estarem inscritos em partidos.
3. Repudio totalmente a ideia peregrina de que basta ser um cidadão de reconhecido mérito para integrar uma candidatura de um partido. Esse cidadão, militante ou não, ou se identifica com o programa e a ideologia de um partido e o seu programa, ou então não deve, a não ser em casos muito excepcionais, ser candidatos por esse partido.
4. A ideia de que as soluções técnicas são neutras é totalmente errada e conduziu à actual crise. Conduzir o aeroporto na Ota ou Alcochete, construir a rede de alta velocidade (TGV) ou não, privatizar ou não a Segurança Social, nacionalizar a banca ou não, as energias, a Galp a EDP, são soluções técnicas, mas implicam opções políticas. Os neo-liberais procuraram convencer, e convenceram - não todos! - de que as suas soluções eram tecnicamente as únicas e não tinha alternativa. Viu-se.
5. Se um cidadão independente é mesmo uma mais-valia, então deve provar: aceitar uma zona cinzenta e dar a tal mais-valia.
6. Se é certo que um cidadão só por ser militante partidário não tem o direito automático a ser membro de uma candidatura, no PS-M começa a ser condição para ser membro de uma candidatura não ser militante. Qualquer dia, um militante, para ser membro de uma candidatura tem de se desfiliar.
7. O desprezo pelos militantes na elaboração de candidaturas está a contribuir também para o desprestígio dos partidos e para a sua implosão.
8. Os partidos devem abrir-se à sociedade, mas a cidadãos que têm participação cívica e política e não a cidadãos que aceitam qualquer partido, sem sequer conhecer o seu programa.
9. A inclusão em candidaturas partidárias de cidadãos que aceitam ser candidatos de qualquer lista partidária é contra o conceito essencial de Demcracia, que pressupõe pluralidade de ideias, de programas e de projectos.
10. Ou os partidos, nomeadamente o PS-M, têm uma nova abordagem da inclusão de cidadãos apartidários, o que não significa nem deve signifcar apoliticos, ou então, como já vimos assistindo há alguns bons anos, assistir-se-a à desvitalização das suas estruturas e orgãos políticos. Os militantes não podem servir apenas para o trabalho político e para compor cenários. Para isso, há agora as empresas de "casting".

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