José Manuel Coelho, candidato presidencial: o Bloco de Esquerda "vai desaparecer na Madeira".
1. Imaginemos que Cavaco dizia que os partidos de Esquerda, PS, BE e PCP, em consequência da sua eleição iriam desaparecer? Fascismo”!, diria a Esquerda e com razão. Ou que Alegre dizia que o PSD e o CDS, também como consequência da sua eleição, iriam desaparecer? Ditadura comuno-socialista!, diria a Direita, e com razão! Pois bem, um candidato presidencial afirmou, alto e bom som, que um Partido, no caso o BE-Madeira, iria desaparecer.
2. Todos sabemos a peculiaridade da candidatura de José Manuel Coelho. Há ali uma nebulosa que abrange um arco que vai do anarco-populismo gauchista, que rejeita qualquer tipo de poder organizado, até ao populismo mais radical de direita de natureza antidemocrática. Nenhum eleitor de JMC, com todo o respeito, lhe dá o voto para ser PR, antes pelo contrário, com a certeza de que não o será.
3. Num momento de grande desalento social e de graves dificuldades, o desespero de uma classe média e baixa atingidas, em cheio, pela crise é um viveiro potencial para desenvolver-se uma candidatura destas.
4. Tudo isto é verdade a nível nacional. Só que, se a nível nacional, por mais críticas que se faça, é pacífico que temos uma democracia segundo os cânones europeus, a nível regional todos os partidos de Oposição estão de acordo que não se atingiu os mínimos aceitáveis no quadro europeu. Ou seja, na prática, neste caso, esta candidatura está, objectivamente, ao serviço do regime na Região. (Ver parte final do ponto 6).
5. Ora, ao usar indiferentemente os termos “regime” a nível nacional e regional – que já ontem era usado, com intuitos claros pelo líder do PSD-M, com significado nacional – e ao tratar, por igual, Cavaco, Manuel Alegre, Sócrates e os corifeus do regime na Madeira, a candidatura populista de José Manuel Coelho está a branquear o que se passa na Madeira. Afinal, os epítetos lançados contra o regime na Região não são, dirão os observadores e o regime, por causa da sua natureza, sua, dele, regime regional, mas por causa da natureza da candidatura de JMC.
6. A questão que aqui se coloca é se, afinal, contra tudo o que têm dito publicamente, os corifeus do movimento desta candidatura querem uma alternativa a este regime na região ou se querem apenas ocupar o lugar dos outros partidos da Oposição mantendo o regime? Ou seja, se serão um obstáculo a uma alternativa ao regime, por via de uma arrogância que já se adivinha, o que, na prática, seria, objectivamente, servirem o regime. (Ver final do ponto 4).
7. Por outro lado, toda a gente sabe que esta candidatura de JMC tem sido apoiada formalmente por muitos elementos da candidatura derrotada no último Congresso do Partido – elementos que, formalmente, apoiam a candidatura oficial do Partido - e que (ver peça no Diário) se preparam para promover a agitação se o resultado da candidatura oficial não obtivesse os resultados expectáveis para o Partido. Ou seja, estes elementos apoiam, à socapa, e sem frontalidade, JMC e vão pedir os que formal e realmente apoiam o candidato do partido? Por que não têm a frontalidade de dar a cara por JMC? Por outro lado, é bom lembrar que estes elementos acusaram o líder do Partido de querer banir outros partidos do parlamento. Agora, nada dizem.
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