Quais Tavares (Miguel), quais Marcelos, quais Vitorinos; quais Luís Delgados, quais Ricardos Costas, quais Nicolau Santos, quais António José Teixeiras - a República é devidamente esmiuçada, esventradas e espartilhada nesse programa de nível nacional, quiça europeu e à escola global, não direi interplanetário, também não exageremos, que, depois, até podia parecer ironia, por esses doutos e esclarecidos "opinion makers" (a coisa vai em estrangeiro que fia mais fino) que dão pelo nome de Ricardo, Nicolau, Jorge, Roque Lino - aí sim, o Portugal em crise é deitado devidamente no divã e sujeito a uma psicanálise exaustiva e infrene até que toda a verdade do seu ser seja devidamente escalpelizada. Pena é que o País, a Europa e o Mundo não conheçam a lusa verve opinativa de tais seres: Lusitânia com eles, fora - da Madeira, claro! - rumo à fama e à merecida glória da capital do Império!
Isto merece uma adaptação da estância d'Os Lusíadas dedicada à Ilha que tanto enlevaria Vénus se dela houvera conhecimento
("Passamos a grande Ilha da Madeira,
Que do muito arvoredo assim se chama;
Das que nós povoamos a primeira,
Mais célebre por nome do que por fama.
Mas nem por ser do mundo a derradeira,
Se lhe avantajam quantas vénus ama;
Antes, sendo esta sua, se esquecera,
De Cypro, Guido, Paphos e Cythera."
"Os Lusiadas", Canto V)
Adaptação em homenagem aos mais do que entendidos em coisas da Lusitânia:
"Passamos a grande Ilha da Opinadeira,
Que da muita verborreia dossieira assim se chama;
Do muito que ali se ouve não há bilhardeira,
Mais veloz na maledicência nem na fama.
Mas nem por ser um programa da RTP-Madeira,
Se lhe interessa quanto aqui se trama;
Antes, sendo rubrica regional de cá se esquecera,
e com coisas da estranha Lisboa se entretera"
"Os Lusiadas", Canto V
Proponho então a exportação deste programa, a bem do crescimento do PIB regional. Para opinar sobre a Madeira, venham outros que saibam do que aqui se passa, que estes não passam!.
(P.S. - nota, eu não vi o programa, juro!)
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