terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O "JORNALISMO DE CAUSAS" OU SEJA A POLÍTICA QUE ESCONDE A FACE, José Pacheco Pereira



Lido no Abrupto

Ler a cobertura jornalística do PSD no Diário de Notícias é perceber muito bem como é que funciona o "jornalismo de causas", ou seja a ausência do jornalismo e a sua substituição pelo empenhamento político dos seus autores. O resultado é um reporting tendencioso que funciona em primeiro lugar a favor do governo, que tem interesse em fragilizar o PSD, e depois da oposição interna ligada a Passos Coelho, a que estão ligados os jornalistas do Diário de Notícias que escrevem sobre o PSD regularmente. No caso do Diário de Notícias isso é tão evidente que nem vale muito a pena ir mais longe, se não fosse a vantagem de registar e documentar o que se passa.

Por exemplo, todos os dias qualquer declaração crítica contra Manuela Ferreira Leite tem direito a manchete, artigo de fundo e muitas vezes, capa. O mesmo não se passa em sentido contrário: os leitores do Diário de Notícias não têm direito de saber que a pessoa A ou B, cujo relevo público é semelhante à C ou D, citadas pelas críticas, exprimiram uma opinião favorável. Isto funciona como regra, para criar uma "imagem mediática". Um qualquer jornalista a trabalhar com as agências de comunicação explicará isso muito bem.

Podem proclamar a sete ventos que eu tenho um parti pris. Claro que tenho e nunca o escondi, mas nem por isso deixa de ser verdade o que estou a dizer. Experimentem discutir a substância e não o interlocutor. Peguem no jornal, leiam o que lá vem e façam de conta que foi uma máquina que escreveu isto (nunca o farão porque o processo de intenções está no âmago deste tipo de "jornalismo"). Desafio seja quem for a analisar o conteúdo da cobertura do PSD do Diário de Notícias desde que caiu Menezes ( e a data é relevante porque Passos Coelho emerge como candidato nessa altura) e mostrem-me onde está o jornalismo.

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