Em 1992, foi protocandidato pelo PSN à ALR. Contudo, a candidatura não se efectivou. A carta que então escrevi.
Exmº. Senhor
Presidente do PSN
Lisboa
Não posso adiar mais o rompimento com o partido e tornar definitiva a minha demissão do PSN.
Fique, porém, descansado, Senhor Professor, que dela não farei uso público antes das eleições para não dar o mínimo pretexto para o fundamento de uma derrota anunciada. E ainda que haja o mínimo ganho eleitoral, o que não prevejo, não quero estar associado a um triunfo que nada me diz e conseguido sabe-se lá à custa de que cedências: o PSN, à força de se anunciar partido de posição, ainda acaba em partido da situação.
Aceitei que o partido anunciasse com razões de ordem profissional o meu autoafastamento da candidatura porque formalmente exacto e porque não queria que a minha atitude parecesse ressabiada perante o quiproquo que constituíu o anúncio público das candidaturas.
No entanto, além dos motivos que acima aduzo, as razões são essencialmente políticas. Reconheço-me em pleno na solidariedade com os deserdados da sorte - o partido, porém, parece disposto a alianças tácitas e espúrias nem que seja com o diabo para chegar à mesa do poder que tanto diz desdenhar. E eu, Deus me livre de ser um deputado amordaçado em discordância com a minha consciência que havia de gritar se eu o não fizesse.
Sei que o Senhor, maquivelicamente - veja só o que são as coisas -, dirá: o que interessa é que isto não se saiba antes das eleições, de resto pouco importa.
Com esta política não me indentifico.
Cumprimentos,
Funchal, 4 de Setembro de 1992
Miguel Luís da Fonseca
Esta foi a carta da ruptura, antes da eleições regionais. Voltaria a escrevê-la hoje, na íntegra!
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