O símbolo é um signo que resulta de uma pura convenção arbitrária. Na origem, através do prefixo grego "sim(n)", que quer dizer reunião, e que aparece em palavras como síntese (reunião de duas teses, duas ideias), sincronia (reunião (de acontecimentos) num determinado tempo (cronos), sintonia (renião, concordância de tons), sinfonia (reunião de sons) a palavra "símbolo" significava a reunião, isto é, a nova união de duas partes de um mesmo objecto que haviam sido separadas, sendo cada uma delas guardadas por duas pessoas que tinham feito entre si um contrato de hospitalidade. Essas duas partes, que podiam ser herdadas pelos filhos, representavam, cada uma delas, a parte que faltava, que estava ausente, e eram um compromisso convencional do acordo de hospitalidade celebrado por duas pessoas antes, e daí o carácter convencional mas significativo de algo. Por isso, os símbolos que conhecemos representam, mais do que aquilo que vemos, aquilo que não vemos: a Cruz, para os Cristãos, todo a mensagem de Cristo, a bandeira nacional ou hino, a pátria, a aliança, o casamento.
Ora, este carácter simbólico e convencional que o casamento representa para a sociedade deve derivar, como qualquer símbolo, das metades naturais, objectivamente, aquilo que torna possível e é essencial à continuação da vida: o macho e a fêmea.
Na verdade, a base primeira de uma cultura, de uma religião, de uma ordem social, de uma ordem jurídica, de uma ordem politica, de uma estética e de uma ordem simbólica - onde ficam as palavras - a palavra casamento - é a ordem natural, ou seja, muito concretamente, os dois elementos (gâmetas) que tornam possível a fecundação, base da propagação e subsistência da espécie. Qualquer simbologia, estética, política, direito, sociedade, religião, cultura, que contrarie a génese última e primeira da natureza seria, portanto, anti-natural. Ou seja, enquanto visto como símbolo de dois elementos - o masculino e o feminino - o signo casamento não pode ser atribuído, para já (...), a uma união de pessoas do mesmo sexo, visto que ambas detêm a mesma parte do símbolo (ver etimologia) mas não lhes foi dada a outra.
Poder-se-á dizer que é uma convenção. Sim, é uma mera convenção, mas uma convenção que se baseou nos elementos primordiais da fecundação. Ah, mas então, o casamento é para procriar, e os casais estéreis, e os casos já fora de idade?, Ah, pois, mas não é o símbolo a representação do que está ausente, do que há, do que já houve? Mas nunca um símbolo pode representar o que nunca existiu, e uma união entre dois indivíduos do mesmo sexo nunca foi detentora das duas metades do símbolo. Mais em mais: não, o casamento não é necessariamente para procriar, o acto sexual não tem de ser reprodutivo, etc. etc. mas o carácter simbólico não é posto em causa no casamento tal como é simbolicamente convencionado.
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