1. Ao
apresentar a minha candidatura à Camara Municipal de Santa Cruz, junto aos
Paços do Conselho deste município, dirigi-me a todos o munícipes de Santa Cruz
e das suas freguesias, Gaula, Santo António da Serra, Camacha, Caniço e Santa
Cruz, freguesia sede do Concelho, é
certo, mas apelei a que uma Aliança
Eleitoral encontrasse viabilidade política mediante a minha
condição de candidato independente pelo Bloco de Esquerda. Quais as razões cívico-políticas
que me levam a apelar a essa Aliança Eleitoral através desta candidatura? Terei
legitimidade política para fazer esse apelo?
2. Os
eleitores sabem qual é a minha ideologia
política de sempre, que se situa no campo socialista ou da democracia
social, que abrange uma ampla faixa social que vai da Esquerda ao
Centro-Esquerda, onde se situam o Bloco e o Partido Socialista.
3. Por
outro lado, todos sabem que sempre me envolvi em atividades cívicas, por uma
cidadania ativa, desde a cultura, a escrita, a defesa de autonomia política,
democrática e patriótica, as questões sociais.
4. Sabemos
que existe hoje no país uma pacto solidário estre os eleitores e a maioria que
viabilizou o atual Governo, cuja momento genético é aquele instante em que
Catarina Martins desafiou o líder do PS e atual Primeiro-Ministro, no debate
que teve com ele paras as eleições legislativas de 2015, para que aceitasse
dialogar, mediante determinadas condições sociais, como o fim do corte de
pensões e dos salários, para a viabilização
de um governo saído de uma nova maioria, a maioria de Esquerda para barrar a
Direita e o seu governo.
5. Sei
também que, no meu concelho, existe hoje
uma Aliança Eleitoral e natural
maioritária constituída pelos eleitores dessa faixa social que vai da
Esquerda ao Centro-Esquerda e sei também que essa faixa queria ver traduzida
numa solução política essa Aliança Eleitoral em Santa Cruz.
6. Por
essa razão, e como é meu apanágio agir
para além da questão formal até que ela possa surgir, não deixei de me empenhar,
civicamente, junto de vários dirigentes da área do Bloco e do
PS-Madeira para corresponder a esse
entendimento natural que resulta dessa Aliança Eleitoral na bases eleitorais destas
duas forças políticas.
7. Obviamente
que, se houve ou não contactos formais entre os dois partidos a mim não me
compete. O que posso dizer é que houve de início, abertura de espírito de todos
até a uma determinada altura. Porém, há um momento a partir do qual tudo muda
abruptamente. O PS-Madeira desencadeia
um grave conflito com o Primeiro-Ministro e Secretário-Geral do seu partido,
alia-se à Direita no Parlamento Regional nessa luta e isola-se à Esquerda.
Ficam, assim, goradas quaisquer tentativas de construir um projeto autárquico
em comum para corresponder aos eleitores.
8. Perante
estas circunstâncias, que atitude poderia eu ter quando o Coordenador Regional
do Bloco de Esquerda, mostrando um total espírito de abertura, justamente
porque sabe os anseios dos eleitores em
Santa Cruz, me lançou o desafio para encabeçar, como cidadão independente, a candidatura à Câmara Municipal de Santa
Cruz? Obviamente, aceitei o
desafio com o mesmo espírito com que me empenhei em construir uma solução
política que fosse ao encontro dessa Aliança Eleitoral que existe e que vai
encontrar nesta candidatura do Bloco a sua Casa Comum.
9. Em
Santa Cruz, o Bloco de Esquerda faz a diferença ao ter
compreendido que um candidato independente pode concretizar politicamente essa
Aliança Eleitoral no município de Santa Cruz. Sinto-me, pois, o candidato
natural e legítimo desses eleitores, a quem venho, desde já, apresentando as
propostas que constam do nosso projeto, cujas grandes linhas estratégicas estão
plasmadas no excelente «Manifesto Autárquico do Bloco de Esquerda».
Miguel Fonseca
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