Um Desígnio Estratégico
Um depoimento do Doutor Fausto Quadros, professor catedrático da Faculdade de Direito
da Universidade de Lisboa, chama a
atenção para a razão da polémica que envolve a Espanha pela disputa das Ilhas
Selvagens e afirma que “que a Espanha já possui estudos sobre os recursos
incluídos naquela ZEE [Zona Económica Exclusiva]” das Selvagens. Ou seja, a polémica sobre a sustentação da
existência de uma ZEE em redor das Selvagens, que não procede em qualquer
circunstância, sejam elas consideradas um arquipélago ou como ilhas-rochedo,
segundo o ilustre catedrático, à face do Direito do Mar, mas terá, eventual ou efetivamente um motivo: os recursos marítimos da ZEE das
Selvagens de que a Espanha já possui informações concretas e precisas. Era,
pois, conveniente, que este assunto fosse levado a sério, não a questão da
soberania, que hoje já é uma questão aceite pela Espanha, mas a da existência de uma ZEE nas ilhas
Selvagens, e felizmente, sabemos que as entidades regionais que tutelam a
questão estão atentas. O que se tornava necessário é que, quando se fala de uma
discussão sobre as relações entre a República e a Região, embora partindo do
curto e do médio prazo que a situação impõe, esse debate fosse para além da
circunstância e traçasse um desígnio estratégico que, partindo de estudos já
existentes e a elaborar, incluísse a nossa posição geoestratégica e os recursos
da nossa ZEE, o que nos daria poder negocial junto das instâncias nacionais e
internacionais. Nesse objetivo, impõe-se
que, no debate, sejam incluídas todas as forças políticas com representação
parlamentar ao longo destes 37 anos de Autonomia,
com particular responsabilidades dos que têm tido responsabilidades executivas,
mas que fossem envolvidos todos os agentes e instituições que podem ter uma
palavra a dizer, incluindo a nossa Universidade. Se é certo que se pode
compreender que as forças políticas que exercem ou exerceram o governo na
República e ou na Região têm especiais responsabilidades na procura de pontos
de convergência na questão financeira
imediata, a verdade é que, na construção de um verdadeira desígnio estratégico,
todos devem ser envolvidos, através de um amplo debate público sobre o nosso
futuro. Ninguém deve entrar na discussão por medo, mas também ninguém pode
eximir-se à discussão por cálculo ou por omissão. Todos são igualmente
responsáveis. Miguel Luís da Fonseca,
presidente da Direção do Movimento Madeira-Autonomia
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