sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ecofundamentalismo


Quando, na Primavera de 1968, Milan Kundera e outros dissidentes checos circulavam por Paris, um intelectual do Maio de 68, perguntou-lhes: “Que quereis vós, afinal, vós, os Checos? Já estão fartos do Socialismo”. Pois, o intelectual de esquerda gozava da liberdade burguesa para obrigar os checos a deliciar-se com o socialismo real. Os ambientalistas e os «ambientalistas» perguntam-nos agora: “que quereis vós, oh ignaros, não compreendem aquilo que propomos”? O regime diz: quero uma obra ali e quem não compreende é contra a Madeira. Os ecologistas e os «ecologistas» dizem: nós não queremos uma obra ali, e quem não concordar conosco é a favor do regime”. Nada nem ninguém me demoverá de ter opinião com esse tipo de insinuações ou acusações, porque, a verdade, é que essa atitude é típica de um pensamento totalitário. Quem não está conosco é contra nós. E não tenho de estar nem com os ecologistas e os «ecologistas», da margem do regime, nem, é claro, com regime - tenho direito a ter gostos, bons gostos, maus gostos, estética, inestética e tenho o dever de me querer informar. Agora, nem o regime, nem os que são e os que se dizem contra o regime ou se distanciaram dele, nem sempre pelas melhores e elevadas razões, estão dispostos a informar. Ambos praticam a mesma política: é assim, e pronto, come e cala-te. Não, não vou por aí. E, de resto, não tenho ambições de liderar coisa nenhuma, portanto é trabalho perdido o debate baseado não em argumentos mas em acusações pessoais e na difamação, aliás, muito típica dos que, incompetentes na aparelho dos partidos, não querendo ou não tendo ideias, desmerecem o adversário para ocupar o aparelho.

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