domingo, 1 de fevereiro de 2009

Da madre aos heréus - O vocabulário das levadas


Lido no Diário de Notícias

Da Madre aos heréus
Data: 01-02-2009

as levadas madeirenses não são mais que canais ou aquedutos criados pelos primeiros habitantes da ilha, nascidas da necessidade de aproveitamento da água para a agricultura. Ao fim e ao cabo resultam num sistema de irrigação que são autênticas obras de arte que permitem os terrenos permanecerem aptos ao longo de todo o ano. A necessidade de captar o curso natural dos canais em altitudes elevadas, a fim de levar o precioso líquido para onde necessário, forçou o engenho que hoje em dia é reconhecido em todo o mundo. Um trabalho desenvolvido entre os séculos XV e XIX.

Estreitos e extensos canais - alguns com dezenas de quilómetros - abertos no solo, as levadas geralmente nem chegam a atingir um metro de largura, com uma profundidade entre 50 e 70 centímetros.

Há termos próprios que estão intimamente ligados à realidade das levadas. Exemplos:
Madre da Levada - significa o local da origem da levada ou pontos de confluência com outros aquedutos;
Mainel da Levada - a parede da levada;
Esplanada - o terreno que acompanha a levada e que serve de caminho;
Lanço - o mesmo que ramal, ou seja, quando um caudal se reparte em dois ou mais, cada um desses tem essas designações (lanço ou ramal), podendo ainda se subdividir;
Caixa divisória - local onde se faz a divisão de um caudal em vários lanços; Giro - o tempo decorrido entre a rega de um terreno e a rega subsequente, podendo haver um 'giro pequeno' - espaço de dias menor - e 'giro grande'; no início, giro era o termo para designar também o percurso da levada.

Heréus - proprietários das águas de regadiço;
Furados - pequenos túneis destinados à passagem das levadas;
Levadeiro - pessoa responsável por abrir e fechar as comportas e pela manutenção das levadas;
Pena d'água - o valor pago por uma hora de água;
Adufa - pequena comporta de vedação do caudal da levada.

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