segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O TEMPO É OUTRO


Há quatro anos atrás, o então líder  socialista, Dr. Jacinto Serrão, lançou um repto a todas as forças políticas para que se constituísse uma Plataforma Democrática na base da qual se pudesse construir uma alternativa ao então e atual  poder. Todos os partidos parlamentares tiveram encontros com o partido proponente, exceto um, o mesmo que agora vem propor o mesmo.
Só que o tempo já é outro. Neste “intermezzo”, houve uma intervenção estrangeira em Portugal, o País e a Região foram submetidos a uma violenta política de devastação social e os seus efeitos negativos perdurarão, por longos e penosos anos. Se há quatro anos atrás, antes da troika, esta proposta política fazia sentido, o Estado da Região foi de tal maneira afetado em consequência dos planos da resgate a que o País e a Madeira foram submetidos que qualquer solução  tem de ser construída atendendo a esta realidade: é necessário uma renegociação com a República, o  que exige uma sustentação forte que não pode, de modo algum, dispensar qualquer ator político ou social, por um lado, e o envolvimento da esmagadora maioria dos madeirenses, do Porto Santo e da Madeira, por outro.
Já não é possível um governo com metade da Região contra a outra metade, já não basta uma simples alternativa,  como seria possível e desejável há quatro anos atrás. Do que precisamos, nestas circunstâncias, é de uma solução governativa que dê resposta  às situação de emergência social e financeira de curto prazo, alicerçadas num projeto de médio e longo prazo, que recupere a autonomia material que foi suspensa em consequência da situação de crise em que vivemos.   Só uma solução que envolva e responsabilize todas as instituições políticas e sociais e os mais competentes de todos os setores poderá dar a resposta de que carecemos. Não é possível deixar de fora de qualquer modelo governativo aqueles que são necessários a uma  solução que tem de ser negociada em Lisboa e em Bruxelas, porque isso significa  deixar a política do curto prazo e  inviabilizar não só as medidas urgentes que a situação impõe, mas inviabilizar igualmente as medidas estratégicas que preparem o nosso  futuro coletivo.

Não vale a pena qualquer força política querer ficar com o capital político da solução, requerendo as assinaturas, o avale e  o compromisso dos outros agentes, sem os envolver. O que menos necessitamos é de tática, que se esgota na espuma nos dias. Para não nos dissolvermos no presente e continuarmos com direito ao futuro, o que se impõe é  uma estratégia que  salve o presente e prepare o futuro.  Para isso, é necessário sentido de Estado, o mesmo  é dizer, sentido do Interesse Regional.