quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Casa dos Sem-Abrigo nas 5 centúrias de obra social


 A Diocese do Funchal está a comemorar cinco séculos de vida. É a primeira diocese global e tem um papel singular no início da Idade Moderno. São cinco séculos de vida religiosa, cultural e obra social na Madeira também no ensino e na saúde. Atualmente, haverá largas dezenas de sem-abrigo nas ruas do Funchal que são uma chaga  social que devem ser alvo de um programa de emergência e integração social, devolvendo-lhes a cidadania ativa.  Como forma de comemorar os 500 anos da sua presença na Madeira, gostaria de ver a Igreja liderar um programa de emergência social destinado aos sem-abrigo que, além da Igreja, tivesse a cooperação das Misericórdias, da Segurança Social, do Estado e de todas as organizações sociais existentes para o efeito. Na Doutrina Social da Igreja,  o direito à propriedade privada está subordinado à sua função social. Não pode haver coesão numa sociedade em que há pessoas que vivem na rua por não terem um tecto.  A recuperação do belo edifício verde da calçada da Encarnação como centro de acolhimento e reabilitação social e cívica desses cidadãos que esta sociedade excludente atirou para as margens da cidadania seria um gesto à altura da obra social cristã. Não se trata, assim,  de um mero programa de abrigo e de acolhimento, mas de reintegração social. E para isso também existem fundos europeus: o FEAC 2014-2020  (Fundo Europeu de Auxílio às pessoas mais Carencidadas), que substitui  o atual Programa de Distribuição Alimentar, destina-se, exatamente, a apoiar organizações que prestam assistência às pessoas mais necessitadas, nomeadamente sem abrigo, e apoia medidas de acompanhamento e medidas de aprendizagem mútua.
 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O tempo da razão

Tenho seguido, atenta e razoavelmente, a campanha para a liderança do PSD-Madeira e lido as propostas. Algumas, não poucas, são boas por si mesmo, outras pela visão estratégica que revelam. Tenho também acompanhado as críticas inerentes ao processo e nada ultrapassou, até agora, as fronteiras da fratura irreversível no pós-eleições, a não ser para aqueles que acham que as disputas eleitorais não podem ser duras, uma cultura que vem do tempo do unanimismo salazarista. Em todo o processo,  o que mais se coloca é a questão da razão. Em política, há quem tenha razão antes do tempo e há quem tenha razão a tempo e ainda há os que têm razão depois de tempo, que é  o que se imputa a todos ou a alguns destes candidatos. Se estiverem – agora – a fazê-lo e a dizê-lo por convicção  e não por mera tática eleitoral, interna e externa, ainda vão a tempo. Até porque, no futuro imediato, seja qual for o vencedor e candidato a presidente do governo, muitas destas críticas e propostas vão ser cotejadas com a nova realidade que vamos viver a partir de 2015, com os condicionamentos regionais, nacionais e internacionais que se sabem. Da razão, também se pode dizer dos partidos mais oficialistas da Oposição. É certo que  a razão com que criticam o poder executivo regional se mantém intacta, porque nunca o exerceram. O busílis  é a aplicação proporcional e ética da sua conduta a partir dos  fóruns onde têm e são poder. A razão formal que lhes assiste ao destempo da razão destes candidatos do partido que sempre exerceu o executivo regional,  esvai-se, não total mas fortemente, quando se conhece a  forma de  exercício do poder  interno dos respetivos aparelhos partidários ou dos lugares onde são ou têm sido poder  externo, seja no poder local, seja no poder nacional, onde todos eles, os partidos oficialistas,  já foram poder.  Não há, assim, um maniqueísmo que salve ninguém se ele se limitar a usar a velha fórmula proselitista do “nós” e do “eles”.   O momento requer que todos, coletivamente, assumamos o que há de melhor em cada um e de todos nós. P.S. A vitória do CDS em Santana foi uma surpresa eleitoral para mim e para muitos, e, até agora, o exercício do poder pelo respetivo Presidente da autarquia, uma surpresa agradável.