Passados 40 anos depois do 25 de
Abril, o País vê-se confrontado com a mesma atitude de fatalidade e inevitabilidade quanto ao seu
destino.
Há 40 anos, com o alheamento
forçado do Povo Português, os políticos do antigo regime diziam que não havia
alternativa para a nossa presença em África: ou permanecíamos em África ou o País deixaria de existir. E o assunto era
indiscutível.
Com a mesma fatalidade, e também
com a recusa de dar ao Povo Português o
direito de discutir a questão objetiva da nossa pertença à moeda única e à
União Europeia, vastos setores políticos, mesmo que discordando do atual estado
de coisas da União Europeia, limitam-se a constatar o estado de desespero em
que se encontra o País e a Europa do Sul em geral, mas agem como se isso fosse
uma fatalidade e nada se pudesse fazer.
Estas eleições europeias podem
servir para protestos mas não serão o momento de se fazer o que é necessário:
conceder ao Povo Português o direito de decidir se quer continuar na União
Europeia tal como ela funciona, ou se Portugal continua a ser um País soberano
que não é obrigado a permanecer num espaço político onde alguns países ditam as
regras e os outros são obrigados a
submeter-se-lhe, não como países livres e independentes associados numa
União Política, mas como territórios com o estatuto político menor perante
estados suseranos com a Alemanha erigida em suserano dos suseranos.
Só uma maneira de sair desta situação
de impasse em que caiu a União Europeia: a realização de um referendo onde seja
colocada esta questão: deve Portugal
permanecer na União Europeia com as condicionantes à nossa liberdade de País e
de cidadãos livres, ou deve abandoná-la, se não forem alteradas as atuais regras de
funcionamento que impõem a desigualdade entre estes estados?
A realização de um referendo em Portugal
deveria ser o objetivo central daqueles que não concordam com a destruição do
espírito europeu de coesão social, que foi o motor dos pais fundadores da
Europa como projeto político, e devia
alastrar a todos os povos cujos países têm sido tratados como nações de segunda
ordem perante alguns países que arvoraram, indevidamente, em donos do projeto
europeu e o tornam refém. Este é projeto que vale a pena e tem encontro marcado
com a História.