CONCENTRAR VOTOS NA CDU E NO PAN EM SANTA CRUZ PARA DERROTAR O MOVIMENTO POPULISTA JPP E CONTRIBUIR PARA A DERROTA ESTRATÉGICA DEFINITIVA DO PSD EM SANTA CRUZ E NA REGIÃO
1.
O PND retirou o apoio político ao movimento JPP
alegando razões de coerência política. Concorde-se ou não com as razões
invocadas, este gesto do PND, partido onde militam pessoas que respeito e
admiro, mas com o qual não me identifico, é um gesto raro em política, onde
vale mais o poder a qualquer preço do que a coerência política.
2.
Não tenho a visão política do velho Soares, mas
há que reconhecer e aprender com a sua intuição política. Quando, em 1980,
Soares retirou o apoio político à recandidatura de Eanes, contra o seu próprio
partido, poucos no PS entenderam o alcance da sua atitude. Anos mais tarde,
1985, confirmou-se que em Belém, o
eanismo chocava o ovo do PRD exatamente no espaço onde o PS nidificava
politicamente, colocando em causa a própria sobrevivência do PS. É por isso que, em 1987, entre dar posse a um
governo liderado pelo PS, após a queda do I Governo de Cavaco, e convocar
eleições, Soares não hesita: convoca eleições, Cavaco ganha-as com maioria, mas
o PRD é definitivamente expulso da casa do PS. Também aí os socialistas só
tarde compreenderiam.
3.
O JPP e o seu líder são um PRD do PS em Santa
Cruz, onde se alojou o CDS, a quem Filipe Sousa, não esqueçamos, apoiou nas
Regionais. Se o PS quer, de facto, voltar a ocupar o lugar que lhe cabe, em
termos europeus, de alternativa ao PSD, não pode alimentar o ovo da serpente
que é o JPP. Alguém tem dúvidas de que, o JPP, uma vez na Câmara, voltará a
apoiar o CDS em futuras Regionais?
4.
Como é que é possível o PS apoiar uma força
política que é que contribuirá – decisivamente! - para a sua derrota estratégica no Concelho de
Santa Cruz e na Madeira? Em nome de uma “vitória” pírrica, que deixará exangue
o PS e o acantonará, definitivamente, como terceiro partido, os socialistas
poderão estar a hipotecar, por muitos anos, o seu futuro.
5.
A atitude do PND, ao retirar o apoio ao JPP, torna cada vez mais sem sentido político e
estratégico o apoio dos socialistas ao JPP em Santa Cruz, onde, a vitória seria
pírrica, efémera, mas iria contribuir para a vitória estratégica do CDS, cujo
grande objetivo é ser indispensável como parceiro de governo do PSD-M. A derrota do PSD ,que isto partido, no geral, dá até sinais, em Santa Cruz, de não o deixar
grandemente angustiado…, tendo em conta a situação do Município, pode não ser desejada pessoalmente pelos
candidatos mas pode ser de todo o
interesse político desse partido, que voltaria, daqui a 4 anos, a proclamar que
todos os males do Concelho seriam da responsabilidade da Oposição.
6.
Além disso, o PND não se limitou a retirar o
apoio ao JPP, apelando ao voto no PAN. De facto, não há só PPD e JPP em Santa
Cruz: além do PAN, os eleitores têm por onde escolher e votar. Há que criar as condições
para que o afastamento do PSD do poder, em Santa Cruz, possa ser, na devida altura, quem sabe se ainda antes do
final deste mandato que ora se vai iniciar, definitiva, e não uma mera vitória pírrica
das forças que se lhe opõem, vitória efémera de que o PSD pudesse sacar vantagens políticas a muito curto prazo. Para tal, urge que se tenha visão estratégica,
para que o poder, a curto prazo, NÃO vá
cair exatamente onde se não quer, no regaço da
Direita, nomeadamente do CDS e do PSD!
7.
Aos socialistas e aos democratas em geral o meu
apelo é este: em nome da autonomia do projeto socialista e de uma futura
vitória estratégica, concentrem os votos em forças políticas que não estejam
comprometidas com as políticas do atual governo da República, PSD e CDS, como é
o caso do PAN e nomeadamente da Coligação Democrática Unitária, CDU.