terça-feira, 16 de junho de 2009

Um excerto de beleza




Sorri-lhe. Por vezes, nos piores dias, e foram muitos, pensava que acabariam por o prender e por mo matar. Mas, estás a ver, um homem como ele. Não, não o mundo, orgulhosamente, ainda o transportava. E como ele honrava o mundo! Era um dos seus habitantes mais capazes, um conhecedor, em suma, das suas profundezas. E como lhe ficava bem viver, a ele! De que história emergia ele agora? Que vertigem de circuitos, de redes, de noites, de sóis, de fomes, de mulheres, de póquer, de golpes de sorte teriam sido necessários para o trazer até ali, ao pé de mim, afinal?

Marguerite Duras, in O marinheiro de Gibraltar

Nenhum comentário: