Jornal da Madeira
Eles estão a desafiar muita gente, porque afirmam que no mercado dos jornais, há concorrência desleal. Já atropelaram todas as regras da deontologia e da ética para colocar o JM no topo das críticas mais abjectas, como forma de justificar erros de estratégia e má conduta de gestão, e agora, pasme-se, através de uma nova sociedade (velha) apresentam-nos um novo produto, dedicado ao desporto. Um semanário com um custo de 30 cêntimos, que será distribuído gratuitamente com a edição normal do DN até ao fim do ano.
“Imprinews, Lda, é a nova gráfica constituída pela empresa Diário de Notícias e pelos empresários Sidónio Castro e Eduardo Abreu para substituir na impressão de jornais a Grafimadeira e a Maquetizar. A operação foi feita com a garantia da manutenção de todos os postos de trabalho das duas empresas substituídas”.
Aqui está uma notícia publicada na edição do domingo transacto do independente do outro lado da rua. Segundo a mesma “é já em 3 de Julho que aparece nas bancas outro novo produto editorial da EDN, um semanário dedicado ao desporto da Região”.
Estou feliz por dois motivos: o primeiro e irrecusável tem a ver com a manutenção dos postos de trabalho nas empresas de impressão atrás citadas, cujos proprietários me merecem especial consideração. O segundo foi socorrerem-se de um artigo que publiquei nestas colunas, em 28 de Maio, onde lembrava aos responsáveis do DN, que a melhor secção que tiveram em tempos passados, era precisamente a do DESPORTO. Por ela e através dela, diga-se o que se disser, ganharam muitos assinantes e leitores.
Apesar de terem citado uma frase chave desse meu artigo com o humor crítico que os caracteriza, a verdade é que ponderaram o recado e lançaram-se rapidamente na ‘confecção’ do tal produto que rendeu frutos, no passado. Não quero ser como outros ditos especialistas em “primeiras vezes” ou “primeiras mãos” e não cobro nada pela ideia, só que estou confuso com a advertência que fazem.
O novo semanário, dizem no anúncio, conta com a “experiência da editoria Desporto do DN, cujos jornalistas já manifestaram disponibilidade para o projecto”. Dos tempos em que a ‘coisa’ era bem feita, e concorrente dos jornais nacionais especializados, há alguns jornalistas que foram saneados e outros desviados para outras secções por inveja e birras internas, à imagem e semelhança do que se passa actualmente no PS-M. Sem ofensa para ninguém. Logo não pode ser a mesma coisa.
Por outro lado, e considerando o choradinho do DN e dos prejuízos que regista por causa do Jornal da Madeira, não vejo justificação para lançarem um novo semanário com preço de capa míseros 30 cêntimos, e uma tiragem de 10.000 exemplares e média de 24 páginas. Bem sei que dizem que é “dedicado ao desporto da Região”.
Esta deve ter sido da pressa em redigir uma nova iniciativa editorial, porque a ser verdade, estamos perante uma tremenda inflexão de objectivos jornalísticos, que privilegiam o desporto autonómico a preço de “saldo ou a pataco” como diziam da hotelaria madeirense, portanto, acrescento eu, abaixo do preço dos peixes verdes, vulgarmente conhecidos por “cagões”. Não sei se isto configura “concorrência desleal” como apontam aos outros, ou se introduz novos factores de publicidade e marketing em tempos de crise. Lembra-me aqueles casais desavindos que para reabilitar o casamento, resolvem arranjar mais um filho…depois vem o divórcio.
Mas venha o semanário e trate de espiolhar tudo do desporto regional, e deixe para os outros, o desporto continental e internacional, para ver se a gente se livra de tanta roupa suja sobre o “nosso” Cristiano Ronaldo, que ainda era bebé e já vaticinavam que seria o “mais badalado do mundo” e a melhor imagem de promoção desta terra por esse mundo além, cuja mais valia, neste intervalo de férias entre Manchester e Madrid tem sido para os especuladores moralistas, proceder ao engate de famosas mulheres, algumas mais ricas e poderosas do que ele. Bom proveito!
Neste episódio EDN (há quem não goste de misturas com o DN) vejo uma sucessão deles. É que, infelizmente, as carências de que padecia recentemente o DN e que levaram a ameaças de redução de salário, e até possíveis despedimentos de profissionais, podem concretizar-se. Nem sequer vou remoer a maçada que tiveram alguns, de citar leis que enxotavam o JM para os confins do mundo, como se todos os que aqui trabalham ou colaboram, sentissem vergonha daquilo que fazem, ou fossem incoerentes, como certa gente viciada no enxovalho, e seduzida pela sanfona da Marcha Fúnebre.
As ameaças, as denúncias, as críticas, os argumentos mais absurdos, encontraram, finalmente, uma saída para a crise, que não compromete ninguém, não viola regras, nem leis, e coloca os redentores a engolir toda a porcaria e velhacaria que produziram quando lhes faltou a humildade para reconhecer que erraram no caminho que escolheram. Oxalá tenham passado todos os delírios e façam um semanário de dimensão nacional em vez de um, exclusivamente regional, e analisem durante estes meses que nos separam do final do ano, se o êxito ou o insucesso, é de quem decide o trabalho sem culpas para a vizinhança. E já agora reivindiquem apoios ao Estado, que sempre aplaudiram, particularmente ao longo destes últimos quatro anos, e não peçam nada ao Governo Regional que está comprometido com este jornal.
Estamos conversados quanto a esta gente aparentemente boazinha, que depois usa das maiores trafulhices para impressionar a população. Parece-me que vai ser interessante acompanhar este novo semanário, porque seja qual for a encenação, nasce sob o signo da dúvida em saber como unir o que está desavindo, e quanto medirá e pesará o novo produto face à concorrência. Que outros reparem no enviesamento, e façam uma verdadeira e real ponderação sobre certos factos. Não contem comigo.
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