terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

AS CRÍTICAS DE ROBERTO ALMADA

ROBERTO ALMADA, DO BLOCO DE ESQUERDA (A PROPÓSITO, PODE CHAMAR-ME APENAS MIGUEL FONSECA, SEM O "SENHOR". A MENOS QUE SEJA, NO CASO, COM INTENÇÃO IRÓNICA, E ENTÃO CONTINUE) TALVEZ ESPERASSE QUE UM LAPSO LAMENTÁVEL NA CRÍTICA AO BLOCO DE ESQUERDA FOSSE O BASTANTE PARA SUSPENDER AS CRÍTICAS AO SEU PARTIDO.
E então diz "volta a atirar-se ao Bloco e ao PCP". Engana-se, Roberto Almada. Se o Bloco de Esquerda-Madeira entende que o caminho a seguir é o correcto, pois que continue. Agora o que o Bloco não pode, e certamente não espera, é da minha parte "complexos de esquerda ou de direita". Não reconheço nem ao Bloco nem ao PCP a pretensa superioridade moral com que muitas vezes tratam o PS. Nem me peça para me darem os diários da Assembleia. Coloco-me apenas na qualidade de cidadão observador, não de dirigente com responsabilidades ou carreira política. E o que vejo é que a oposição faz, muitas vezes, da Assembleia Regional um órgão não de fiscalização do Governo Regional mas não só de fiscalização ao actual Governo da República mas de crítica ao PS-Madeira, que não é nem nunca foi Governo na Região. Não vejo essa acutilância em relação a governos nacionais de direita, até porque aí não têm o apoio empenhado do PSD, que nessas matérias não brinca em serviço. Dir-me-á, e bem, que o Bloco/UDP-Madeira, fez um trabalho político de utilidade política e social nestes trinta anos. Diz bem. O que, porém, critico é a estratégia seguida nas última eleições – como aliás, não estive de acordo com a do próprio PS – a qual estratégia deu os resultados que deu para todos: a esquerda do PS não cresceu, a Direita tradicional, idem, o PCP mudou de posição por decréscimo do CDS e o PS foi o mais penalizado por culpa de várias circunstâncias. Não retiro ao Bloco nem a ninguém o direito de criticar as políticas do Governo da República. Mas quando diz “volta a atirar-se ao Bloco e ao PCP” parte do principio que só a esquerda do PS tem o direito de se atirar ao PS.
Há duas coisas que tenho defendido no interior do PS:
1) Abertura ao diálogo com a oposição, toda ela, no que aos direitos de oposição diz respeito, sem os quais o PS, que é essencial à revisão da CRP, não deve votar qualquer revisão constitucional. Aliás, não entendo a Oposição, PS incluído: como é que permitem ao PSD chegar a Lisboa com uma proposta de revisão constitucional sem exigir as devidas contrapartidas no Estatuto e no Regimento da ALR. Compare-se as vezes que o Primeiro-Ministro tem de ir à AR e com o poder de fiscalização da ALR Presidente do Governo.
2) A segunda ideia que tenho defendido no interior do PS, sobretudo quando integrei os órgãos do partido é que o PS deve responder à letra quando se trata de responder à oposição. Aliás, devo dizer que o comportamento da Oposição, quase toda ela, em relação ao PS, que julgavam já morto nas eleições antecipadas – não está e agrade ou não ao Bloco e ao PCP, o PS é a espinha dorsal de um projecto alternativo – que naturalmente parece pouco interessar a certos sectores herdeiros de uma cultura política de que dos socialistas para a direita tanto faz – foi, em relação ao PS, um comportamento de autênticos abutres sobre o que consideravam o já cadáver do PS.
3) Portanto, e em conclusão, defendo, por um lado, diálogo sem arrogância com toda a oposição; mas, por outro, firmeza na denúncia das alianças de facto com o poder regional de certos sectores da oposição contra o PS. Porque, na verdade, é isso que se vê muitas vezes na ALR, uma bipolarização não entre direita e esquerda, não entre Governo e Oposição. Mas de Todos/contra o PS.

Portanto, meu Caro Senhor Roberto – sem sombra de ironia – habitue-se: no meu blog não há entidades sacrossantas: nem o Bloco, nem o PCP, nem o CDS, nem sequer o PS – e muito menos, como e óbvio, o PPD.
A propósito, quando critica o PS no seu Blog, ou quando o Bloco de Esquerda se atira ao PS sente que está a cometer alguma heresia ou a ser menos de Esquerda? Claro que não! Também eu!

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